JORNALISMO: Reportagem é o fio condutor de seminário da Abraji em Recife
Jornalistas mostraram seus trabalhos e indicaram práticas para a realização de matérias
A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), em Recife, recebeu o 4º Seminário Regional de Jornalismo Investigado, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo ( Abraji). Durante as palestras foram abordados temas como jornalismo de dados, grandes reportagens, jornalismo policial e reportagens multimídias. Com auditório lotado de estudantes e profissionais da área, o sábado, 18, foi pouco para tantos assuntos relevantes.
Na abertura, o seminário abordou o tema de “Reportagens Multimídias” com os pernambucanos Ed Wanderley, do Diário de Pernambuco, e Ciara Carvalho, do Jornal do Commercio. Além do potiguar Esdras Marchezan, que trabalha atualmente no projeto independente “Repórter de Rua”.
Durante o painel foram discutidos a importância de associar o jornal impresso e web. “Sou cria do impresso, mas tive que me adaptar a esses novos tempos. Tenho certeza de que a reportagem que fiz ficou bem melhor por todos os recursos que a internet nos proporciona”, declarou a jornalista Ciara Carvalho, ao se referir a matéria “Pelo Menos Um”, veiculada no portal online NE10 do Jornal do Commercio, em julho de 2013.
Jornalista não pode ser pedante
Um dos participantes da mesa, Esdras Marchezan exaltou o trabalho realizado pelo jornal cearense O Povo. “O Nordeste vem crescendo muito no âmbito de grandes reportagens na área multimídia e certamente o jornal O Povo é um desses veículos da região que mais investe nisso”, afirmou o jornalista.
Criador do “Repórter de Rua”, Esdras ainda comentou sobre a humildade na profissão. “O jornalista não pode ser um cara pedante. Não cabe, não tem espaço para isso. O repórter vai buscar o direito de contar aquela história e não se apropriar dela com arrogância”, detalhou.
Para tentar se diferenciar nesse âmbito, Esdras lembrou que um erro comum nessas matérias na internet é tentar colocar a cultura do impresso na tela. “A reportagem na internet não pode ser apenas uma cópia do impresso como costumamos ver por aí. Tem que ser algo diferente e tentar aproveitar todas as possibilidades que a liberdade da web te dá”, ressaltou.
Dicas para grandes reportagens
Na revista Piauí desde o seu lançamento, a jornalista Daniela Pinheiro contou alguns detalhes para se fazer uma grande reportagem. Falante e de muito bom humor, a repórter que trabalha fazendo muitos perfis, especialmente políticos, enumerou alguns elementos essenciais para construir uma boa matéria.
Ter o fio condutor: É importante você saber o que quer para a matéria. Claro que ela pode surpreender no meio da apuração, porém é necessário saber o que vai conduzi-la.
Mentes e coração aberto: “Fui entrevistar o Silas Malafaia e sabia que seria complicado, mas fui com o coração aberto. Por mais que não concorde com nada que ele prega, a entrevista rendeu porque fui sem preconceitos estabelecidos”, comentou.
Não entrar na onda do perfilado, ir contra o senso comum e olhar o que parece óbvio foram outros pontos que Daniela abordou durante sua conversa com a plateia.
A jornalista pernambucana Fabiana de Moraes também deu dicas para matérias especiais. Atualmente no Jornal do Commercio, ela opta por abordar assuntos polêmicos e com pessoas normalmente excluídas pela sociedade. E mais: fazer um jornalismo moralmente defensável; estabelecer uma relação menos assimétrica com os personagens; adotar técnicas de outros campos do saber; desmistificar o pressuposto; e ficar alerta ainda paa o fato de que reportagem não é aventura.
Confira o vídeo com a jornalista.
Jackson Pereira e Lyvia Rocha
Os dois estudantes do 7º semestre participaram do Seminário em Recife