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Os segredos de uma cobertura investigativa

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Jornalista Roberto Cabrini aborda o tema em conferência

Dar voz aos esquecidos e mudar a realidade. Para o jornalista e apresentador do programa Conexão Repórter (SBT), Roberto Cabrini, são essas as principais essências do jornalismo, as quais defendeu na palestra “A casa dos esquecidos: insanidade, abandono e violência”, na 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo.

“Os repórteres devem apurar de forma quase obsessiva. E, em hipótese alguma, devem virar refém das fontes e das trocas de favores", aconselhou Cabrini aos presentes. (Foto: Liane Braga)

“Os repórteres devem apurar de forma quase obsessiva. E, em hipótese alguma, devem virar refém das fontes e das trocas de favores”, aconselhou Cabrini aos presentes. (Foto: Liane Braga)

Cabrini, que foi o repórter mais novo a ser contratado pela Rede Globo, aos 17 anos, começou a palestra criticando o atual jornalismo. Para ele, as redações estão cada vez mais superficiais. “Todo jornalismo é investigativo, independente se o assunto é polêmico ou não. Mas venho percebendo que muitos repórteres fazem o seu trabalho no automático, sem muita apuração. Costumo dizer que é melhor levar um furo, do que publicar uma matéria mal apurada. Isso é prejudicial para a profissão e para a sociedade”, disse.

Os repórteres precisam, segundo ele, contemplar todos os ângulos da notícia e não apenas dois, como frequentemente é feito. “É preciso que o repórter drible a sua convicção, não deixe que os seus valores interfiram no seu trabalho. Ele não pode querer editar o conteúdo de acordo com o que é conveniente a ele. É preciso mostrar a realidade”, afirmou.

O apresentador também falou da importância das provas no jornalismo investigativo. “Os repórteres devem apurar de forma quase obsessiva. E, em hipótese alguma, devem virar refém das fontes e das trocas de favores. Muitos jornalistas produzem muitas matérias boas, mas acabam fechando os olhos para muitas coisas”, criticou.

Cabrini falou das suas matérias e ressaltou a importância de dar voz aos esquecidos, como pessoas que vivem em sinais, doentes mentais, moradores de ruas. “Vemos essas pessoas todos os dias, mas não as enxergamos. Por trás delas, há muito que mostrar”, disse.

O jornalista foi o repórter mais jovem contratado pela Rede Globo, aos 17 anos. (Foto: Liane Braga)

O jornalista foi o repórter mais jovem contratado pela Rede Globo, aos 17 anos. (Foto: Liane Braga)

A segurança dos jornalistas em situação de risco foi outro tema abordado pelo apresentador. “Os ameaçados nunca mandam flores. É preciso ter cuidado. Mas, se eles se sentem ameaçado, é sinal que o repórter está no caminho certo e não deve desistir. O repórter pode mudar essa realidade e ajudar a construir uma sociedade melhor. É dever de vocês”, disse o jornalista aos presentes.

Segredos de Cabrini

Ao sair para fazer as suas matérias investigativas internacionais, o jornalista não dispensa levar na mala a camisa da Seleção Brasileira. “Essa camisa já fez muita gente agressiva abrir um sorriso”.

Antes de qualquer reportagem, a equipe estuda todo o local da cobertura e pede instruções da assessoria jurídica. “Sair respaldado pode fazer toda a diferença”, disse o jornalista que já fez mais de três mil reportagens.

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