Notícias

RACISMO: Um retrospecto das opressões raciais no Brasil

Categoria:

Uni7 Informa

0

No segundo dia de debates de Direitos Humanos na UNI7, o professor Hilário Ferreira analisou o preconceito sob uma perspectiva histórica

O mito da “democracia racial”, ideia na qual se acredita que o racismo foi superado no Brasil, ainda está distante da realidade. É o que o professor e pesquisador da história e cultura negra cearense, Hilário Ferreira, demonstrou no segundo dia de debates do evento “Direitos Humanos e Opressões”. O encontro aconteceu na tarde de segunda- feira, 22, com a presença de alunos e demais convidados no auditório do 2º andar do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7).

Hilário Ferreira abordou o racismo no Brasil sob um olhar histórico (Foto: João Alfredo)

Hilário abordou a problemática do racismo no Brasil a partir de uma abordagem histórica. Ele pondera que o surgimento dos conflitos de raça tem início com a colonização, época em que surgiram as primeiras ideias de desumanização de etnias diferentes dos colonizadores europeus. A imposição religiosa adotada pela Igreja Católica, segundo o pesquisador, complementou o apagamento da identidade cultural e religiosa dos grupos escravizados.

Durante o desenvolvimento científico advindo do Iluminismo, surge em paralelo teses em que estabelecem a raça branca como sendo superior. Para o pesquisador, o racismo “não se justifica mais a partir da religião, mas a partir de teorias racialistas”. Como exemplo, cita autores como Charles Kingsley e Arthur de Gobinau, este último autor do livro Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, principal publicação racialista.

Aos dias atuais, Hilário esclarece que “as questões sociais não se aplicam apenas na classe. São de raça e classe”. Esse ponto entra em contraste com o consenso de que o Brasil estaria numa democracia racial, ideia propagada nos anos 30 durante o governo Vargas. “O racismo no Brasil se arma de uma forma em que ele não seja denunciado como tal”, afirmou o professor.

O professor deu destaque ao caso do catador Rafael Braga, condenado a 11 anos de prisão após as manifestações de julho (Foto: Jonathan Silva)

O debate prosseguiu com perguntas de alunos. Ao ser questionado sobre casos conhecidos de apropriação cultural, Hilário denunciou a diluição de valores da cultura africana: “A cultura europeia e capitalista se apropria da cultura do outro, esvazia seu sentido e vende. Isso para nós tem uma importância; então não é proibido usar, mas é usar e saber respeitar”.

O próximo encontro do “Direitos Humanos e Opressões” será na próxima segunda, 29, e contará com a presença do jornalista e ator Ari Areia e da militante trans Helena Vieira.

 

 

Texto: Jonathan Silva (Jornalismo – 3º Semestre)

Foto: Jonathan Silva e João Alfredo

Tags: , , , , , , ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dez + dois =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.