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PRIMEIRA PAUTA: Um novo mundo

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Crônicas, Uni7 Informa

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Hoje tirei o dia livre para fazer uma atividade de observar o comportamento de uma pessoa que estava vendo a vida do lado de fora da quarentena.

Segunda-feira, um dia após o decreto de isolamento rígido acabar, um rapaz saiu de casa com um propósito: conhecer o “novo mundo” e ver o que tinha sobrado do antigo. Acordou cedo, arrumou-se, fez o café com pressa. Animado e assustado como uma criança em seu primeiro dia de aula, numa escola nova.

O primeiro passo fora de casa foi marcado pela luz do sol, que invadia seus olhos. Ele estava apressado, afinal, já havia perdido tempo demais. Correu até a parada do ônibus, não estava atrasado, mas era seu antigo ritual. Ao subir, vê o vazio e escolhe com precisão a cadeira que vai sentar; a mais alta e próxima à janela. Tinha esquecido de como era felicitante olhar o mundo por uma janela de ônibus. Neste dia, a viagem importava mais do que o ponto onde queria chegar. Sem destino nenhum, apenas o vento no rosto – a sensação de falsa liberdade.

Por um momento, lembrou do sentimento ruim que o acompanhou durante o longo confinamento. Naquele instante, procurou seu celular e ligou para sua atual paixão. Eles se conheceram durante o período de quarentena. O rapaz procurava em redes sociais alguém para que pudesse conversar durante o apocalipse, a fim de se distrair. Conheceu alguém que, assim como ele, buscava alguma distração.

Ajudava pensar que não era o único passando por tudo aquilo. Porém, a distração se tornou amizade, que logo se revelou como um romance. Entre vontades e planos, os dois decidiram se encontrar “quando tudo isso acabar”. Logo, o destino da viagem ganhou um novo sentido.

Marcaram de se encontrar no Dragão do Mar, mesmo fechado. Eles só queriam se ver. Ele chegou primeiro e em um giro de 360° conseguiu perceber que não havia um “novo mundo” e sim uma nova forma de viver. Ao girar mais uma vez teve a certeza de tudo isso e, quando parou, percebeu que tinha alguém lhe observando. Fixou o olhar de volta e só então percebeu que se tratava de um rosto familiar mascarado. De agora em diante vai ser assim. Sem abraços ou beijos, a emoção espontânea foi se esvaindo aos poucos, até ele perceber que também teria que descobrir um novo jeito de amar.

Texto: Victor Dutra (3º semestre – Jornalismo/UNI7)

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