PAUTA E NOTÍCIA: Erilene Firmino, do DN, diz que jornalista é o fiscal do mundo
Do impresso ao jornalismo digital, a repórter fala sobre a experiência como cronista e responsabilidade na profissão
Da pauta à notícia é um mundo. A frase da jornalista Erilene Firmino, ao dar início a uma palestra-aula com os alunos das disciplinas de
Projeto Integrado de Jornalismo Impresso e Telejornalismo, da Faculdade 7 de Setembro (FA7), já mostrava a intensidade do que ia ser exposto. Nesta quarta-feira à noite, dia 23, durante quase duas horas, ela demonstrou como os seus 21 anos de experiência no jornal Diário do Nordeste a fazem respirar informação em busca da notícia, tendo como base a responsabilidade que deve nortear a profissão.
O seu caminhar como repórter, redatora e chefe de reportagem, que exerce há seis anos, sempre foi trilhado na editoria de Cidades.
Atualmente, ela também é responsável pela produção da área geral do DN, pautando o impresso e o online. Essa experiência no jornalismo digital a leva a uma constatação: “Jornalismo da internet é jornalismo. O internauta não necessariamente tem responsabilidade social e posta qualquer coisa. Mas, o jornalista deve ter responsabilidade pelo que está apurando e cuidar da sua credibilidade”. Erilene vai mais além e diz que o “jornalista é o fiscal do mundo”.
O currículo dela é extenso. Entre os destaques, reportagens especiais sobre ônibus clandestinos entre Fortaleza e São Paulo, que funcionam como os novos paus de arara; implantação da reforma psiquiátrica no Ceará e mudanças na construção da nova identidade dos moradores de Jericoacoara e Canoa Quebrada, após 30 anos de turismo no Ceará. Prêmios locais e nacionais também estão lá.
Mas, há um destaque aparentemente inusitado e que na verdade é bastante provável na profissão. Há 21 anos, dez dias após ser contratada para trabalhar no DN, foi enviada para fazer a cobertura jornalística de uma visita da Pastoral Carcerária ao então maior presídio do Ceará, o Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS). Quem liderava a visita era o Cardeal Arcebispo de Fortaleza à época, Dom Aloísio Lorscheider. Os presos aproveitaram a ocasião para se rebelar. Durante a troca de tiros entre a polícia e os amotinados, alguns visitantes tentaram fugir. Erilene foi um deles. No trajeto, lembrou-se das palavras do ex-professor da UFC, Agostinho Gósson: “A pauta só termina quando acaba”. Ela fez o caminho de volta e virou refém. Acabou sendo a primeira liberada na negociação entre polícia e presos.
Somente 20 anos depois, em matéria para marcar as duas décadas dessa rebelião, é que Erilene conseguiu escrever sobre esse fato em primeira pessoa. “Como jornalista não é a notícia, tinha dificuldade em me colocar dentro dela”, disse. Essa mudança da terceira para a primeira pessoa somente foi possível porque, nos últimos anos, ela havia se tornado cronista, criado o blog “Diário da Eri” e passado a escrever na revista semanal Siará, que na época era encartado aos domingos no Diário do Nordeste.
Se da pauta à notícia é um mundo, Erilene é uma dessas jornalistas que fazem da notícia o seu cenário principal, seja qual for o ambiente. E dá um conselho aos pretendentes a jornalista: “ler muito, escrever bem, procurar onde está a notícia, apurar todos os lados e ser ético”.
por Renato Soares
Post legal, bom o assunto. Gente, algu
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