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Outubro Rosa: Prevenção e conscientização são os objetivos da campanha

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Com corte nas verbas para o tratamento do câncer, outubro rosa tem pouco a comemorar no Brasil 

Imagem: Laço rosa, símbolo do Outubro Rosa. (Arte de Bernardo Barros)

O corte de despesas promovido pelo governo federal para acomodar os R$ 19,4 bilhões reservados ao orçamento secreto, usado para acordos políticos, atingiu os recursos destinados a investimentos para prevenção e controle do câncer, historicamente a segunda doença que mais mata no País. A verba foi reduzida em 45%, passando de R$ 175 milhões para R$ 97 milhões, em 2023.

Francimara Larisse, 23, em sua conta no Tik Tok, lamentou o corte nas verbas. Segundo seu relato, ela teve câncer há 5 anos e se curou através do Sistema Único de Saúde (SUS). Todo o seu tratamento foi custeado pelo SUS. Francimara afirma no vídeo que tem “medo da doença voltar” e não poder ser mais atendida pelo “sistema de saúde decente” para lhe atender, ou a qualquer outra pessoa que venha a precisar dessa assistência.

No mês dedicado à conscientização e à prevenção do câncer de mama, a campanha do “Outubro Rosa” no Brasil, tem muito a lamentar.

O “Outubro Rosa” é um movimento internacional que tem como objetivo conscientizar a sociedade com relação à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha também traz um alerta quanto à necessidade de ir, com frequência, ao médico e de fazer o exame de mamografia. Além disso, há o incentivo para o autoexame das mamas, uma importante forma de detectar a doença.

 Ainda temido por grande parte das mulheres, o autoexame é um meio de autoconhecimento, que pode auxiliar na descoberta do câncer de mama. O exame é feito pela própria mulher que toca a mama para ver se consegue sentir tumores palpáveis. Além disso, outras características a serem notadas são: ferimento (ou dor nos mamilos), secreções, caroços e deformação ou alteração no formato das mamas. O autoexame  tem por objetivo encontrar cânceres em estágio inicial.

 Para além dessa prevenção, existem outros fatores que podem contribuir para evitar a doença. Fatores como o excesso de peso, falta de atividade física, consumo de bebidas alcoólicas e a terapia de reposição hormonal, devem ser observados por todas as mulheres. Outros fatores ligados ao ciclo reprodutivo da mulher e hereditários também devem ser vigiados. Mulheres com casos de câncer de mama na família, devem se observar com maior frequência e realizar exames regularmente. Especialista na área alertam sobre o aumento da  incidência da doença em mulheres com idades a partir de 50 anos.

Imagem: Representação espacial das taxas de mortalidade por neoplasia maligna da mama, por 100 mil mulheres, ajustadas por idade pela população mundial, para o ano de 2020, segundo Unidade da Federação. Fonte: INCA, 2022.

No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 66.280 mil novos casos de câncer de mama devem ser diagnosticados até o final de 2022. Para o Ceará a estimativa é de 2.510 novos casos para este ano.

A mastologista Rilciane Reis, que atende no Instituto do Câncer do Ceará e na Santa Casa da Misericórdia, explica sobre as possíveis alterações nas mamas que são sinais de alerta e necessitam de investigação. “Por exemplo, a presença de nódulos (Caroços) nas mamas, vermelhidão e alterações na pele, abaulamentos, retrações, coceira, feridas que não cicatrizam, saída de líquido pelo mamilo (bico do seio) de cor transparente ou vermelha (aspecto sanguinolento), mudança no formato ou tamanho das mamas, inversão ou alteração no mamilo”, disse.

Com relação à mamografia, a Dra. Rilciane aponta que a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que mulheres em geral devam realizar o exame a partir dos 40 anos. Entretanto, pacientes de alto risco, incluindo mulheres com histórico familiar positivo para câncer de mama, ou com mutação já conhecida, ou ainda que têm história prévia de radioterapia torácica antes dos 30 anos, devem começar a realizar o exame mais cedo.   

Além desse exame, também existem outros. A mastologista Rilciane Reis  cita  a ultrassonografia que é indicada, inclusive, durante os períodos gestacional e lactacional. “A Ressonância e a tomossintese também podem ser utilizados para avaliação das mamas”.

Quanto a importância da realização de exames para o diagnóstico precoce, Rilciane Reis apontou para dados da American Cancer Society evidenciando que uma  em cada oito mulheres será diagnosticada com o câncer de mama ao longo da vida. A mastologista fala que o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura.  “Lesões que não podem ser percebidas ao toque, durante o exame físico, podem ser visualizadas em exames de imagens. Lesões menores que 1 cm, por exemplo, geralmente são impalpáveis, mas podem ser identificadas nestes exames”, afirmou. Além da cirurgia, o tratamento pode incluir radioterapia e terapia sistêmica,  quimioterapia e a terapia endócrina.    

Sobre como uma mulher pode fazer para diminuir o risco de câncer de mama, a médica falou sobre a prática de atividades físicas, alimentação saudável e manutenção do peso adequado, bem como redução da ingestão de bebidas alcoólicas. Vale frisar ainda que outro fator considerado protetor é a amamentação, assim, quando possível,essa atividade deve ser estimulada. No caso de uma mulher identificar algum tipo de alteração, a pessoa deve procurar um mastologista, profissional com formação direcionada para a investigação e tratamento de doenças mamárias. 

Rilciane Reis deixa claro que homens também podem ter câncer de mama. A doutora revela que  “apesar de raro, homens podem ser diagnosticados com câncer de mama. Casos de câncer de mama em homens correspondem a menos de 1% do total de diagnósticos dessa doença”. A mastologista diz que o profissional que atende mulheres também pode ajudar os homens. Além do câncer, há outras alterações mamárias que podem acometer o público masculino, por exemplo a ginecomastia.  

Ao ser questionada sobre como se processa o câncer de mama no homem, a médica informa que o surgimento de um câncer tem origem multifatorial, fatores ambientais, hábitos de vida e fatores genéticos podem estar envolvidos. No caso de homens, a doença costuma se manifestar com um nódulo endurecido, podendo haver também saída de secreção sanguinolenta pelo mamilo, retração da pele ou ulceração mamilar, e linfonodos aumentados de tamanho na região axilar. 

História

O movimento popular do Outubro Rosa iniciou na década de 1990, nos Estados Unidos. Alguns estados americanos, na época, faziam campanhas próprias a respeito do assunto. Após o Congresso Americano aprovar a campanha,  outubro foi reconhecido como o mês da prevenção contra o câncer de mama..

O laço rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e sua aparição inicial foi na primeira Corrida pela Cura, que ocorreu em 1990, na cidade de Nova York. Naquela época, os participantes receberam o laço rosa para usar durante a corrida. Depois disso, o laço passou a ser distribuido em locais públicos, desfiles de moda e também em outros eventos. 

No caso do Brasil, de acordo com o site “Outubro Rosa”, a chegada da campanha foi com a iluminação em cor de rosa do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, em  2 de outubro de 2002,  quando foi comemorado os 70 anos do Encerramento da Revolução Constitucionalista de 1932

A iniciativa foi de um grupo de mulheres adeptas com a causa do câncer de mama. Para fazer a iluminação rosa do monumento, elas contaram com o apoio de uma empresa europeia de cosméticos. 

Em  2008 o movimento ficou mais forte em outras cidades brasileiras e surgiram várias campanhas  iluminando os principais monumentos do país com a cor  rosa a noite.

Texto: Ana Karoline e Bernardo Barros (Jornalismo / UNI7)

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