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OUTUBRO ROSA: A vitória e o diagnóstico precoce do câncer de mama

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Com o tratamento inicial, a doença têm chances de cura em até 95% dos casos. É com esta meta que a campanha deste ano enfatiza a importância da prevenção do segundo tipo de câncer que mais afeta mulheres

Maria de Melo, 57, professora de inglês, foi diagnosticada com câncer de mama em 2010. Embora nunca tenha tido casos de câncer de mama na família, a professora sempre teve uma rotina muito agitada com um extenso ritmo de aulas e afazeres em cuidar da casa e acabava não sobrando tempo para cuidar dela mesma, rotina esta que é uma das causas mais ligadas ao surgimento da doença.

O primeiro sintoma que Maria sentiu foi uma retração no mamilo esquerdo, surgindo a suspeita e passando a procurar ajuda médica seis meses depois. O diagnóstico foi ainda na fase inicial e o tratamento consistiu em oito meses de quimioterapia e dois meses de radioterapia, finalizando com o tratamento de hormonioterapia, tratamento contra os tipos de câncer que têm relação com hormônios, que o ajudam a crescer e se disseminar.

Durante o período do tratamento, Maria afirma que sua fé e o apoio da sua família e amigos foram imprescindíveis para os resultados positivos. Anos depois do tratamento, ela diminuiu o ritmo de trabalho e passou a cuidar da saúde regularmente. “O câncer te faz ver a vida a curto e médio prazo. Por isso, vivamos com intensidade. A vida é um sopro”, é a mensagem que a professora passa.

O que mais me ajudou no tratamento foi a minha fé, minha família, meus amigos e os bons médicos

Em outubro é comum ver na mídia algumas campanhas do Outubro Rosa com instruções sobre o autoexame. É importante mencionar, no entanto, que esta prevenção não é mais recomendada pelo Ministério da Saúde desde 2015.

O médico Rafael Viana, 27, residente em Oncologia no Hospital Geral Waldemar de Alcântara, afirma que estudos mostraram que tal prática não é efetiva para a detecção precoce, e que pode trazer possíveis danos às mulheres, principalmente psicológicos. “Nem toda massa na mama é câncer, havendo outras causas benignas, como cistos. Com o autoexame, boa parte das mulheres detectava algum “caroço” e ficavam muito preocupadas, quando na verdade era por uma causa benigna”, explica Rafael.

O médico Rafael Viana é residente em Oncologia no Hospital Geral Waldemar de Alcântara

O Ministério da Saúde defende apenas a “Estratégia de Conscientização”, que encoraja a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para a procura de um serviço de saúde o mais cedo possível. “A melhor maneira de prevenir é realizando exames de imagem, como mamografia e ultrassom, a partir dos 50 anos ou 35 anos para mulheres com histórico familiar de câncer de mama. Além da adoção de hábitos como alimentação balanceada e realização de exercícios físicos”, finaliza o médico.

Além disso, uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Mastologia em 2016 comprovou que as mulheres de classe social baixa são as que descobrem a doença já avançada. A desigualdade no acesso aos exames mais específicos, como a biópsia, resulta na seguinte realidade: enquanto nos serviços privados 90% dos casos são detectados em estágios iniciais, quando as chances de cura chegam a 95%, no sistema público 60% das pacientes recebem o diagnóstico com a doença já avançada. Para elas, a chance de cura não chega a 30%.

Ilustração: Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama)

Estes são dados que só constatam a importância da campanha do Outubro Rosa em enfatizar a prevenção do câncer de mama com informações e conhecimentos que nem sempre estão ao alcance de todos. Da mesma forma que vale ressaltar as falhas do sistema público de saúde neste segmento da população.

Texto: Nadine Maria (3° Semestre – Jornalismo/UNI7)

Fotos: Arquivo Pessoal

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