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OUTUBRO ROSA: A importância da prevenção e tratamento precoce

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É através de estratégias médicas como o diagnóstico precoce e o rastreamento da doença que o Instituto Nacional de Câncer – INCA – demonstra que 98% dos casos de câncer de mama podem ser curados. 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais incidente na população feminina mundial e brasileira. O instituto estima que entre os anos de 2020 a 2022 sejam diagnosticadas no país até 66.280 mil novos casos da doença, com um risco estimado de 61 casos a cada 100 mil habitantes. Entre os fatores de risco para o diagnóstico desse câncer estão a idade acima de 50 anos, fatores genéticos (mutações dos genes BRCA1 e BRC2), menopausa tardia, obesidade, sedentarismo e exposições frequentes a radiações ionizantes. Atualmente, o controle da doença é uma prioridade da agenda de saúde do país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil.

Com a grande incidência no país e com uma taxa de mortalidade ainda alta (foram registrados 18.068 mil mortes provenientes do câncer de mama em 2019), a prevenção e o tratamento precoce desse tipo de câncer são cada vez mais incentivados e debatidos para que mulheres ao redor do Brasil tenham a oportunidade de descobrir a doença cedo, com acesso aos cuidados necessários de forma mais rápida e eficaz.

A Dra. Paula Valente, mastologista e ginecologista explicou ao NPJOR que a prevenção pode começar a ser feita através dos hábitos das mulheres. A médica informou que “alguns métodos preventivos que a mulher pode adotar para evitar o surgimento do câncer de mama são a adoção de estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada rica em vegetais e frutas, evitar alimentos ultraprocessados e defumados, praticar atividade física, evitar a obesidade e evitar a ingestão de bebidas alcoólicas. Essas medidas podem reduzir em até 30% a chance de ter câncer de mama.”

Dra. Paulla Valente atuando em um de seus procedimentos cirúrgicos

O acompanhamento médico assíduo para as mulheres que possuem a doença recorrente em familiares e as que já possuem mais de 40 anos também é fundamental para que haja um monitoramento cuidadoso e preventivo em relação à saúde feminina. Os checkups são importantes, pois caso haja alguma alteração nos exames de rotina, a paciente já é encaminhada para o mastologista, médico especialista em saúde das mamas. “Uma vez diagnosticada com câncer de mama, a mulher realizará vários exames com o intuito de estadiar o tumor, ou seja,  avaliar o grau de disseminação, para melhor planejamento terapêutico. Vários fatores são levados em conta a fim de sabermos qual será a primeira linha de tratamento, podendo ser quimioterapia, cirurgia ou ainda hormonioterapia.” explica a Dra. Paulla.

Foi através desse acompanhamento e do diagnóstico precoce que a empresária Bárbara Monterrey, 39, conseguiu a cura do câncer de mama. Após participar de uma campanha de conscientização do Outubro Rosa, a empresária sentiu a presença de um nódulo no exame de auto toque. Em acompanhamento com a ginecologista, a paciente logo foi encaminhada para exames de imagem que comprovaram o diagnóstico da doença. “Sempre mantive meus exames em dia, principalmente após janeiro de 2020, quando removi meu útero por conta de um mioma. Em novembro de 2020 fui diagnosticada com câncer de mama muito agressivo” relata Bárbara. 

Barbara Monterrey em uma campanha de celebração por 1 ano de sua cura contra o câncer de mama

A empresária também explica que o processo de tratamento é árduo e que o fato de ter descoberto a doença precocemente foi um fator muito importante para que ela não desistisse de se dedicar nessa jornada de cura. “Foram muitos desafios desde o estadiamento, que é a fase dos exames pra saber o tipo de tumor e onde ele está localizado, até o tratamento oncológico, que no meu caso foi iniciado com quimioterapia, cirurgia para retirada das mamas, radioterapia e cirurgia para retirada dos ovários (preventiva) devido uma alteração genética brca2.” Explicou ao NPJOR. 

Durante todo o processo de diagnóstico e tratamento é importante que as mulheres possam ter uma rede de apoio onde encontrem informações sobre o câncer, auxílio através de atendimento psicológico e todo o suporte de saúde necessário para que a jornada até a cura seja o mais leve e confortável possível. 

Fundada em agosto de 2020, a Associação Lua Rosa surgiu através de três mulheres que venceram o câncer de mama e que hoje fornecem suporte para outras pacientes que enfrentam a doença. O grupo acompanha 150 pessoas com diferentes projetos, dentre eles o Movimenta Lua, que atua na área esportiva para o pós-tratamento. 

As 3 fundadores da Associação Lua Rosa

A contadora e coordenadora social Tarcianne Patrício, uma das fundadoras da Associação, falou ao NPJOR o que o instituto promove. “A instituição Lua Rosa  acolhe pacientes com compartilhamento de informações e troca de experiências, dando também orientação quanto ao tratamento de acordo com a trajetória  de quem enfrentou o câncer de mama. Acontecem muitas indicações de profissionais e clínicas. Atuamos também no pós câncer com o projetos de esporte e empregabilidade. ” explica a co-fundadora do projeto. Para manter a associação em funcionamento, doações podem ser feitas e também patrocínios para os eventos e ações promovidos. Todas as informações são encontradas na página de Instagram @associacaoluarosa.

Projeto “Um pedacinho de amor não dói”

O projeto “Um pedacinho de amor não dói” foi criado e idealizado pela estudante de Jornalismo da UNI7, Marília Karen. O objetivo consiste em receber mechas de cabelos e confeccionar a partir daí, perucas para pessoas vitimadas pelo câncer, tornando essas perucas o mais próximo possível dos cabelos perdidos pelos pacientes em função das quimioterapias e doenças como alopecia.

Projeto beneficia mulheres acometidas pelo câncer com doações de perucas

Incentivada pela mãe, desde criança, a doar e ajudar as pessoas carentes, Marília, se interessou pela causa do câncer ainda muito menina. Desde a adolescência, a estudante de jornalismo começou a visitar instituições carentes que abrigam pessoas portadoras de câncer. 

Em uma visita a uma instituição carente, Marília diz que foi surpreendida ao observar uma brincadeira entre as crianças: “Em uma das vezes, eu vi crianças brincando que tinham cabelo, mas na verdade não eram cabelos, eram lenços. Foi muito impactante para mim, porque não era uma realidade comum de se ver. A partir dali eu tive a intenção de doar meus cabelos”.

Após a primeira doação voluntária, Marília iniciou o projeto com os cabelos que conseguia, graças a colegas e pessoas próximas. Com o tempo, começou a receber mechas e em abril de 2014 surgiu o projeto “Um pedacinho de amor não dói.”
Entre tantas buscas para ajudar o projeto na sua evolução,  Marília conheceu a profissional de estética  Adriza Andrade, que se tornou peruqueira oficial do projeto e voluntária da ação social.

O projeto também tem parceria com o Hemoce, onde está situado um Banco de Perucas. Através das necessidades de cada paciente, as assistentes sociais do Hemoce distribuem as perucas para as pessoas que perderam os cabelos no tratamento quimioterápico, ou através de outras doenças que causem a perda total ou parcial dos cabelos.
Marília diz que nesse projeto o resultado é muito gratificante: “A gente consegue resgatar sorrisos e esperança através dos fios. Porque não é simplesmente uma peruca, é uma alegria, uma identidade que está sendo renovada ali.”, e complementa,
“Não tem preço, você ver um sorriso por conta de um pedacinho seu, um
pedacinho de amor que você dá a outras pessoas”. 

O projeto “Um pedacinho de amor não dói” já distribuiu mais de 500 perucas em sete anos de existência.

Segundo psicólogos e médicos relatam, estar bem faz com que as células reajam positivamente ao tratamento do câncer.

Marília Karen criou o projeto Um Pedacinho de Amor Não Dói há cerca de sete anos, no qual qualquer pessoa com necessidade do uso do item, incluindo a falta de condição financeira, pode solicitar a peruca. Algumas peças são entregues a entidades que cuidam de pessoas com câncer. Uma voluntária do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), da Rede Sesa, também recebe doações.
Podcast detalha o papel dos familiares e projetos sociais no acolhimento de pessoas em tratamento contra o câncer de mama.

Texto: Fernanda Borges (8° semestre/ Jornalismo)

Áudio: Bernardo Barros (6° semestre/ Jornalismo) e Marília Karen (2° semestre / Jornalismo)

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