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MULHERES NA MÚSICA: Crescimento da presença feminina na cena de DJs de Fortaleza

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Coletivos formados por mulheres reforçam a necessidade da valorização feminina no segmento

Imagem: Coletivo Deixe com Elas. (Fonte: Arquivo pessoal Vládia Soares)

O crescimento da presença de DJs nos line-ups das festas e shows em Fortaleza já é uma realidade. Porém, o que ainda se observa é um número superior de DJs homens contratados para esses eventos, o que pode gerar no público a falsa impressão de que a presença feminina no segmento seja inferior à masculina. Essa visão, no entanto, não condiz com a realidade, tendo em vista que se observa cada vez mais mulheres se destacando nesse cenário, como é o caso do coletivo Deixe com Elas, composto apenas por mulheres, e que tem como objetivo reforçar a presença feminina na cena reggae da capital.

O projeto, que completa, em 2022, quatro anos, foi idealizado pela DJ cearense Vládia Soares, juntamente com outras duas profissionais: Lady Luh e Indira Marley, e nasceu do desejo de que o trabalho feminino ocupasse mais espaço na cena musical do Estado. O objetivo seria proporcionar oportunidades para que outras artistas também se apresentassem e tivessem a chance não só de se tornarem mais conhecidas, mas também de ter contato com os equipamentos profissionais, que, muitas vezes, por conta do seu valor, acabavam se tornando inviáveis para iniciantes. Assim, o coletivo começou a tocar uma vez por mês no “Deixe Comigo Bar”, e hoje já é convidado para se apresentar em muitas festas locais.

O número exato de DJs homens e mulheres no Ceará não está bem definido, porém, o que chama a atenção é a falta de visibilidade e de mais oportunidades de trabalho, para que cada vez mais mulheres possam ocupar esses espaços. Segundo a DJ Vládia, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres na cena musical fortalezense está ligada ao pagamento de cachês. Em geral, as mulheres são remuneradas com valores inferiores àqueles oferecido aos DJs homens, no exercício da mesma função. Além disso, a questão dos horários de trabalho também é enfatizada pelas profissionais, sendo comum que as mulheres sejam contratadas para tocar em momentos menos favorecidos das festas, e, ao tentar lutar contra isso, a sua contratação acaba sendo preterida.

Todo esse trabalho, apesar de longo e complexo, tem contribuído tanto para a diversificação musical e cultural, que se encontra de forma crescente na capital, quanto para a comprovação de que ainda existem muitos lugares a serem ocupados, ressalta Vládia. Sobre a importância da continuidade do seu trabalho, ela diz que a função do DJ é levar alegria para o seu público, e reconhece a necessidade de continuar com o foco inicial do projeto, pois o que elas desejam é ocupar, cada vez mais, esses lugares, que também devem ser femininos, e cita que a luta continua, deixando claro: “O Deixe Com Elas é resistência”. Assim, vem se mostrando muito importante e eficiente, colhendo frutos e superando barreiras.

A primeira mulher DJ

A figura que, atualmente, é responsável por animar a maior parte dos eventos, sejam eles aniversários, shows, casamentos e festas no geral, teve a criação do seu ofício ainda nos anos de 1940, pelo radialista Jimmy Savile, que ficou conhecido como o primeiro DJ de festa da história, tocando discos de jazz em um famoso clube. Desde então, a profissão passou por algumas mudanças e adaptações, até que, em 1953, Régine Zylberberg (1929 – 2022) teve a ideia de usar dois toca-discos de música contínua na boate em que trabalhava, a “Whisky A Go Go”, criando, dessa forma, a primeira festa estilo discoteca do mundo.

A partir disso, passaram a chamar-se assim todos os eventos que possuíam um DJ no lugar de uma banda tocando ao vivo, que, no caso da “Whisky A Go Go”, era a própria Zylberberg, ficando conhecida, por isso, como a primeira mulher DJ da história. Além da música, ela decidiu, ainda, criar uma ambientação maior para o “nightclub”, pintando as lâmpadas com diversas cores e discotecando chá-chá-chá, ritmo do qual era fã, durante todas as noites.

Colhendo os frutos do seu sucesso no ramo da música, Régine, que também era cantora, abriu sua primeira casa noturna em 1957, o “Chez Régine”, e criou um grande império de discotecas e clubes de luxo, chegando a ter 23 boates espalhadas pelas principais capitais do mundo, como  Nova Iorque e Mônaco. No Brasil, inaugurou a badalada “Regine’s”, que funcionou entre as décadas de 1970 e 1980, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador, e logo se tornou o local favorito de celebridades e de pessoas influentes da época.

A entrevista completa com a DJ Vládia Soares,você ouve no endereço:

Imagem: Divulgação de evento do coletivo Deixe com Elas. (Reprodução/Instagram)

Texto: Clarice Carvalho (Jornalismo / UNI7)

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