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LITERATURA: E agora Drummond, 30 anos depois?

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Com a morte do poeta em 1987, a teoria de que sua obra pudesse desaparecer com o tempo vem sendo combatida por escritores de diferentes gerações

Carlos Drummond de Andrade. O poeta questionador que no meio do caminho não deixou de poetizar a pedra e as coisas da vida. De Itabira levou a sua poesia aonde quis. Ele foi amigo do José e, preocupado com a situação do brasileiro, deixou uma obra que enaltece a literatura Nacional no mundo. Nesta quinta-feira, 17 de agosto, completam 30 anos de sua partida.

O legado poético de Drummond é comprometido. No Brasil, e mais precisamente em Fortaleza, é possível encontrar escritores ou poetas, que seguem a linha questionadora, não perdendo a função social do poeta, a função de, por meio da poesia, desdizer as frestas do mundo. A diversidade de temas poéticos influenciou, e influencia, muitas gerações.

Nascido em Itabira, Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade é considerado o maior poeta brasileiro do século XX (Foto: Arquivo/ Ag. Istoé)

É o caso do escritor e poeta cearense Renato Pessoa. Ele recorda que conheceu a poesia de Drummond na adolescência: “Ele surge em minha vida ainda na fase escolar. Identifiquei-me, de imediato, com sua poesia. A densidade lírica, o questionamento constante, de nós mesmos e do social, determinaram, de certo modo, minha visão de mundo na fase jovial”.

Para Pessoa, a obra de Drummond contribuiu, de modo efetivo, para a maturidade da poesia moderna. Seu compromisso com a poesia, e esta sempre em processo de maturação, faz sua obra ser fundamental para qualquer público literário.

Em relação à perspectiva literária do poeta para os próximos anos, Pessoa destaca que Drummond “já é uma voz clássica e presente em nossas letras.” E completa: “ele não será esquecido, pelo intenso valor literário de sua obra. E sempre que precisar estudar ou mesmo ler autores da poesia moderna, necessariamente, haverá a necessidade visitar Drummond. E, por ser já um autor clássico, os poetas da nova geração irão visitá-lo intensamente”.

Para o escritor Renato Pessoa, a obra de Drummond contribuiu, de modo efetivo, para a maturidade da poesia moderna (Foto: Arquivo pessoal)

Seguindo a mesma linha de opinião, o também escritor cearense Alan Mendonça ressalta que a obra de Drummond não será esquecida porque o cotidiano não pode desaparecer o tempo e ele está eternamente preso ao dia que nasce e à noite que finda. Para Mendonça, é um poeta e um cronista muito do Brasil, mas não do Brasil-folclore, e sim do Brasil da alma do brasileiro. Leia o especial 30 anos sem Drummond – o poeta em constante construção, do jornal O Tempo, de Minas Gerais.

O cearense, que recentemente lançou seu quinto livro de poesias intitulado O Silêncio Possível, conta que tem uma identificação efetiva com Drummond. “Itabira arranhava nele como minha cidade, Russas, também arranha em mim. Nesse arranhamento tinha um tanto de amor, pois amor o arranha também. Escrevendo isso, escrevo de mim mesmo”.

Ele ainda lembra que são nítidas passagens “Drummonianas” nos seus livros (Varandas, 2004) e o terceiro livro (A desmedula da seta, 2011), passando pelo segundo livro (Angústias, álcool e cheiro de cigarro, 2006).

Em relação à Literatura, Mendonça reforça que Drummond tem a capacidade de livrar, por sua força de chancela, os demais escritores seguintes ao verso livre, ao metro livre. Isso, para o escritor cearense, é muito importante para abertura de caminhos para a poesia brasileira, além, logicamente, da força da substância poética de Drummond que influencia uma sequência de escritores até os nossos dias com janelas abertas para o futuro.

Texto: Rafael de Lima (Jornalismo – 6º semestre)

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