JORNALISMO EMPRESARIAL: É preciso boas histórias alinhadas à estratégia organizacional

Ouvir e contar histórias, com atenção para que o discurso seja estratégico, são características de um mercado em expansão

A comunicação empresarial é uma realidade no mercado de trabalho para quem envereda pela área da Comunicação, seja no Ceará ou na Paraíba, por exemplo, onde a jornalista Larissa Freire nasceu e concluiu sua graduação. Apaixonada pela profissão, a analista de comunicação da Unimed Fortaleza, suspira ao dizer que começou a trabalhar com Comunicação Organizacional por acaso, mas hoje se sente realizada com a área, pois mantém o DNA de jornalista, quando conta histórias, sem deixar de exercer a visão estratégica do negócio.

Segura do potencial da comunicação em empresas, Larissa diz que tem visto organizações investirem na área, com ações para além do “jornalzinho”. Nesta entrevista, vamos conhecer um mundo a ser descoberto por estudantes e mais chances para os profissionais: a comunicação empresarial.

Quinto Andar: O que diferencia o fazer jornalístico do veículo de comunicação e de uma empresa?
Larissa Freire: Acredito que o jornalista revela fatos, encontra notícias e as traz à luz para o leitor, seja um cidadão ou um funcionário que acessa o boletim diário com notícias da organização. Nesse contexto, o jornalista não perde o caráter informativo da profissão. No entanto, há peculiaridades próprias do ambiente em que o profissional está inserido. Quando o jornalista está dentro da organização ele é também a voz da empresa. Os interesses dele precisam estar alinhados com a estratégia da empresa.

QA: Qual o perfil do jornalista que trabalha em empresas?
LF : O jornalista, seja nos meios de comunicação ou na organização, precisa ter a curiosidade no seu DNA. É um profissional que deve perguntar sempre, tendo o olhar apurado para identificar pautas. Na comunicação empresarial, o jornalista deve, sobretudo, ter paixão por contar as histórias das pessoas, conversar com elas e ter atenção para que o discurso seja estratégico.

QA: Quais as dificuldades que o profissional pode encontrar no jornalismo empresarial?
LF : A comunicação organizacional tem avançado nos últimos anos, mas ainda há empresas que a julgam como custo e não investimento, muito pelo fato de que alguns profissionais não conseguem mensurar os resultados que a área pode trazer. O desafio diário dos profissionais é provar que há contribuição direta da comunicação, na motivação dos colaboradores e no alcance da estratégia corporativa.

QA: Você já trabalhou em indústria. Que principais diferenças você sentiu, ao trabalhar em uma cooperativa de planos de saúde?
LF: A grande diferença é o público para o qual é feita a comunicação. Na realidade da indústria, a maioria dos trabalhadores está no “chão de fábrica”, e o público fabril é carente de informações. Era comum ver muitos deles aglomerados em volta do jornal mural recém-divulgado. Na operadora de saúde, o público trabalha, em geral, em escala de plantão, lidando com a vida dos pacientes, e deixando a notícia corporativa em segundo plano. É, portanto, um público desafiador.

QA: O que você acha que estudantes de comunicação precisam desenvolver para trabalhar em empresas?
LF: É necessário entender a dinâmica do negócio e mergulhar na cultura da empresa. Diferente do profissional que assina o próprio texto no jornal impresso, nas empresas temos que adequar a linguagem àquela coerente ao contexto empresarial. O aluno que conhece as possibilidades de atuação de sua área de trabalho, enquanto está nos bancos da faculdade, consegue se preparar melhor para o mercado de trabalho. Em 2009, quando recebi meu diploma de jornalista, parecia que o único caminho possível para atuação profissional eram as redações de jornal ou TV. Acredito, porém, que este é um nicho em expansão.

Isabella Vasconcelos
7º Semestre

Brena Gomes
7º Semestre