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Integrante do Coletivo Nigéria debate mídias independentes com estudantes de jornalismo

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Pedro Rocha conta sua experiência na cobertura das manifestações e na produção de reportagens investigativas

Os alunos da disciplina de Telejornalismo da Fa7 receberam, no sábado (22), o integrante do Coletivo Nigéria, jornalista Pedro Rocha. Ele explicou como se dá o trabalho das mídias independentes na produção e na cobertura dos acontecimentos sociais, principalmente nas manifestações que acontecem desde junho no País e no Ceará.

A palestra, que deu prosseguimento ao ciclo de seminários da disciplina, foi organizada pela professora Vânia Tajra e contou com a presença da professora Ana Paula Rabelo e de alunos de outras disciplinas.

Jornalista e professor da Fanor, Pedro Rocha produziu o documentário Com Vandalismo, sobre as manifestações em Fortaleza, em junho de 2013. (Foto: Tarcísio Feijó)

Jornalista e professor da Fanor, Pedro Rocha produziu o documentário Com Vandalismo, sobre as manifestações em Fortaleza, em junho de 2013. (Foto: Tarcísio Feijó)

O Coletivo Nigéria surgiu há 3 anos como uma produtora, mas ampliou suas atividades e, hoje, trabalha em três diretrizes. A primeira, que é a fonte dos recursos, é a produção de vídeos institucionais para o terceiro setor e para os movimentos sociais. A segunda, é a produção de reportagens investigativas e também gera um retorno financeiro, por meio de edital da Agência Publica. E a última, que deu visibilidade ao trabalho do Nigéria, é a cobertura das manifestações.

Após a apresentação do Coletivo, um dos primeiros questionamentos levantados pelos alunos foi se a mídia independente seria jornalismo. Para Pedro Rocha, é, sim, uma nova forma de fazer jornalismo, uma forma independente, crítica, que procura dar voz e vez para aqueles que não têm espaço na mídia tradicional. Ele explicou, no entanto, que esse tipo de mídia já existe há um bom tempo, mas que ganhou grande visibilidade com as manifestações.

Pedro também questionou o jornalismo das mídias tradicionais, na medida em que segue uma linha editorial e não regras básicas, como ouvir os dois lados do acontecimento. “O que seria esse tipo de jornalismo, apenas um repasse de informação?”, indagou. Ele defendeu que o jornalismo tem o poder de avaliar de forma crítica os fatos e mostrar para as pessoas os dois lados. “Nós estamos cansado de ver a manipulação da informação, pelas grandes empresas de comunicação do Estado e, por isso, resolvemos mostrar o outro lado, o dos movimentos sociais, dos ativistas, dos manifestantes, dos oprimidos para que as pessoas comecem a se questionar porque essa realidade é ocultada pelas mídias tradicionais”.

O jornalista explicou que o trabalho do Coletivo Nigéria é diferente do realizado pela Mídia Ninja, na medida em que eles não fazem transmissão ao vivo. Ele conta que começaram a cobertura, fazendo filmagens das manifestações próximas ao Castelão, mas que até então não sabiam de que forma iam utilizar os vídeos.

Outro questionamento levantado pelos integrantes do Coletivo foi em relação às imagens dos manifestantes, se eles mostrariam ou não o rosto das pessoas, pois ali tinham a preocupação da polícia utilizar o material para identificar quem estava à frente das manifestações, e a intenção do material não era essa. Eles decidiram, assim, editar o material e postar na rede social (Facebook), do Coletivo. O grupo chegou inclusive a produzir um documentário, chamado “Com Vandalismo”. De acordo com Pedro, a qualidade de imagem é boa e como é feito no jornalismo, há uma edição do material.

A professora Ana Paula Rabelo pontuou que o trabalho feito pelo grupo é de extrema relevância para a sociedade, na medida em que eles se arriscam para mostrar a realidade, o que acontece no momento da manifestação. Ela defende que essa forma de comunicação é, sim, jornalismo, não por conta da técnica, mas por conta da informação.

A estudante Vanessa Freitas pontuou que as mídias independentes estão ligadas às ideologias, voltadas para o social e por isso têm a necessidade de mostrar a realidade das pessoas que não são assistidas. Vanessa ainda indagou em relação à sustentabilidade do Coletivo Nigéria que, para ela, é um trabalho em maturação, que vem conquistando seu espaço na sociedade.

Pedro respondeu que a maior fonte de renda é a produção dos vídeos institucionais, que ainda não existe um retorno financeiro grande. “O trabalho do nosso grupo é político, e tem uma causa a defender. A cada dia ele cresce, ainda mais com o apoio de outras mídias independentes, que compartilham os vídeos que produzimos”, frisou.

A estudante Lyvia Rocha disse que o trabalho das mídias independentes é válido, mas que os alunos, como estagiários e futuro profissionais, precisam ter uma fonte de renda, como fruto de seu trabalho e que por trabalharem em veículos grandes acabam sofrendo as consequências. “As pessoas precisam diferenciar a pessoa do veículo em que trabalha, pois acabam julgando-as, eu mesma já sofri na pele o julgamento por estar num veículo grande”, pontuou.

“O que seria esse tipo de jornalismo, apenas um repasse de informação?” questionou Pedro Rocha sobre o jornalismo tradicional. (Foto: Tarcísio Feijó)

“O que seria esse tipo de jornalismo, apenas um repasse de informação?” questionou Pedro Rocha sobre o jornalismo tradicional. (Foto: Tarcísio Feijó)

Já a estudante Julyta Albuquerque parabenizou Pedro pelo trabalho e afirmou que, no momento, as pessoas ainda estão tentando entender o que está acontecendo, mas que, posteriormente, esse material poderá ser utilizado para trabalhos acadêmicos e, até mesmo, como registro histórico.

O palestrante Pedro Rocha finalizou o debate pontuando sobre a importância da produção independente na faculdade. “A faculdade é o espaço ideal para os alunos serem críticos e produzirem esse tipo de material. Espero os ter encorajado”, concluiu.

Quem é ele?

Pedro Rocha é jornalista e professor universitário da Fanor. Foi repórter por cinco anos do caderno Vida & Arte, do jornal O POVO. Atualmente, é um dos integrantes do Coletivo Nigéria de Comunicação, que produziu o documentário Com Vandalismo, sobre as manifestações de junho em Fortaleza.

Anna Regadas
7º semestre

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