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HISTÓRIA: 522 anos do descobrimento do Brasil

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Texto, Uni7 Informa

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Conquistas e deficiências do país ao longo de sua evolução histórica

O dia 22 de abril é marcado em nosso país como o “dia do descobrimento do Brasil”, ou seja, o dia em que os portugueses chegaram no território do país, no ano de 1500, pela expedição de Pedro Álvares Cabral. Essa expedição, a princípio, tinha uma missão dupla: a investigação das possibilidades de Portugal na América e a compra de especiarias na Índia. Esse acontecimento ficou conhecido como “descobrimento do Brasil”, mas alguns historiadores preferem outras abordagens ao dia, como “chegada dos portugueses” ou “achamento do Brasil”.

Pintura de Oscar Pereira da Silva, representando a chegada dos Portugueses.
Foto: Reprodução / Memorial da Indústria

No decorrer dos seus 522 anos de existência, o Brasil vivenciou diversas mudanças políticas em sua administração. O Período Colonial foi o primeiro modelo de governo adotado pelos portugueses e o mais extenso da história, durando de 1500 a 1822, ano da independência do Brasil. Durante esse período, a economia da colônia portuguesa era sustentada principalmente pela exploração dos recursos naturais da terra, como o açúcar, o ouro da mineração, e do pau-brasil, árvore que deu origem ao nome do país. Além disso, o período foi marcado pela mão de obra escrava de indígenas e negros, sistema cruel, responsável por diferentes tipos de violência e morte de milhares de pessoas.

Após a independência do país, em 1822, entrou em vigor o Brasil Império, sendo comandado pelo imperador Dom Pedro I. Nessa época, o imperador outorgou uma constituição que garantia que seus poderes fossem soberanos a todos os outros do país. Na economia, o país presenciou um grande avanço com a adoção do café como principal produto exportador brasileiro. Fortificaram-se também nesse tempo os movimentos abolicionistas, que tiveram resultado em 1888, com a abolição da escravidão no Brasil. 

O IMPACTO DA ESCRAVIDÃO NA POLITICA

O Doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas, Rodrigo Santaella, conta como a escravidão impactou na politica brasileira, exigindo uma grande mudança por aqueles que administram o Estado: “O Brasil tem conquistas políticas importantes ao longo da sua história e essas conquistas tem haver com a incorporação de setores excluídos da população dentro do Estado. O Estado moderno surge como uma marca de opressão e exclusão muito fortes, que no Século 20 só começa a ser parcialmente superada na direção de um Estado que inclua mais gente, que incorpore mais gente, que tenha participação efetiva das pessoas na decisão. As conquistas que nós temos do ponto de vista político ao longo da nossa história, as mais importantes pelo menos, tem haver com essa incorporação, tem haver com esse processo de diminuição da exclusão”.

Porém, para Rodrigo essas conquistas foram “conquistas muito incipientes”, pois “você continua tendo uma parcela da população que não está incorporada concretamente no sistema de direito do estado brasileiro”. Ele explica seu ponto de vista, destacando que “nós não estamos constantemente num processo de evolução nesse sentido. Eu acho que no século 20, sobretudo, a gente teve alguns períodos de avanço, depois a gente teve alguns retrocessos. No século 21, nos últimos anos a gente teve também alguns períodos de avanço e incorporação maior, mas também muito limitado. Agora a gente vive um período de retrocesso nesse sentido. Então, no fim das contas, acho que nós éramos um país que tinha uma população que vivia aqui de forma organizada, com várias comunidades e vários povos. Isso foi absolutamente destruído em nome de uma nova reorganização, que tinha haver com a colonização, com o  interesse portugues. Isso gerou um novo tipo de exclusão, novos tipos de problema e me parece que esses problemas não foram resolvidos até hoje”.

GRANDE ECONOMIA COM GRANDES DESIGUALDADES

Com o fim do império, surge a República, modelo administrativo vigente até hoje no país desde 1889. Durante esse período, houve um grande avanço econômico no país, decorrente principalmente da produção agropecuária pelos grandes latifundiários. De acordo com levantamento da agência de classificação de risco, Austin Rating, o Brasil é atualmente o 13º maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Segundo Rodrigo Santaella, os principais fatores que propiciaram esse avanço econômico foi a grande extensão territorial do país e seu ambiente propício: “O Brasil tem muitas oportunidades do ponto de vista da produção econômica. Ele tem um ambiente muito propício para a produção agropecuária, e do ponto de vista capitalista, essa produção pode ser revertida em recursos para o país, aumentando o nosso PIB, embora sejamos um país tão desigual, que boa parte da população não desfruta desses recursos.

Rodrigo, entretanto, salienta que o país ter uma grande economia não necessariamente é algo que afete positivamente toda a população: “Isso não significa que nossa população seja das que vivem melhor no mundo, muito longe disso, não foi mérito dos portugueses nem das nossas elites, me parece que o Brasil obviamente seria uma das maiores economias, mas a forma que isso aconteceu, nós optamos por uma forma mais excludente e limitadora de renda.

RIQUEZA CULTURAL

Pela sua longa data e grande extensão territorial, o Brasil possui uma cultura única e riquíssima, com influências de diversos outros países do mundo. As influências indígenas e africanas, por exemplo, deixaram marcas no âmbito da música e da culinária. O Doutor em Ciência Política, Rodrigo Santaella, explica como foi o processo de construção da identidade cultural brasileira: “O tempo de existência do Brasil a partir da colonização, nesses 522 anos, é claro que marca profundamente nossa cultura. O Brasil tem uma formação cultural muito particular e interessante pois ele tem 3 matrizes: uma matriz cultural proveniente da diversidade gigantesca de povos originários indígenas que existiam aqui, e que legaram diversos aspectos da nossa cultura, os povos europeus, sobretudo portugueses, que vieram aqui e dominaram os povos já existentes, e uma terceira matriz trazida a força, que tem a ver com os povos africanos que foram escravizados aqui. Essas 3 matrizes se encontram no Brasil de uma forma que não aconteceu em nenhum lugar do mundo e essa mistura está na base do que é a nossa cultura”.

Mapa da Terra Brasilis, atual território brasileiro, 1519.
Foto: Reprodução / Memorial da Indústria

Contudo, Rodrigo destaca que esse encontro de culturas na formação da identidade brasileira possui um lado negativo, devido a brutalidade utilizada para a realização desse processo: “Tem dois lados dessa moeda, esse encontro proporciona uma pluralidade de construção cultural muito bonita, potente e viva, que é a marca positiva da nossa cultura. Por outro lado tem a outra face, que é a face da violência. Esse não foi um encontro harmônico para os povos indígenas originários e os povos africanos. Esse encontro de culturas que ao mesmo tempo dá o potencial, também traz uma marca da opressão e da exclusão, que é a marca em que ele foi construído e também é uma marca da cultura brasileira”. 

Nesses 522 anos de história, apesar das marcas presentes na história do país, decorrentes de um processo de colonização e exploração violento, o Brasil provou ser um país com grande potencial, conquistando um espaço relevante na sociedade mundial.

Texto: Araújo Neto e João Pedro Pacheco Artuzo (Jornalismo / UNI7)

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