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FOTO: Com imagens do Curió, jovens tentam mudar a identidade do bairro

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Biblioteca comunitária promove ações para que crianças e adolescentes mudem a realidade do lugar por meio da cultura e arte

O curso de fotografia “Identidade Visual”, realizado por jovens da periferia na biblioteca comunitária do bairro Curió, foi concluído no primeiro domingo deste mês. Agora, os alunos irão produzir uma exposição com o intuito modificar a identidade de um bairro estigmatizado pela violência. Talles Azigon, fundador da Livro Livre Curió e coordenador do curso, explica que além da formação técnica e do contato com a arte, a turma busca também ter uma comunicação mais orgânica com a comunidade, para que possam apresentar “novos olhares” sobre o espaço.

Fundada em 2018 por Talles Azigon, a Livro Livre Curió é abrigada junto do Folha Curió (jornal do bairro), em um local batizado de CasAvoa, onde acontecem atividades que mudam a visão da população sobre o próprio bairro. O grupo de jovens, que mantém o funcionamento do espaço, promove uma série de atividades, debates e leitura gratuita com os moradores que, por sua vez, abraçaram o equipamento como parte importante para a cultura local.

Debate sobre a foto feita pelo premiado fotojornalista sul-africano Kevin Carter de uma criança observada por um abutre, no Sudão, em 1993. O jornal The New York Times publicou a foto que, em 1994, viria a ganhar o prestigiado prêmio Pulitzer. Carter se suicidou meses depois.

Como parte da programação, a oficina de fotografia foi uma novidade deste ano. Financiado pelo edital das Artes da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), Azigon trouxe para os jovens a oportunidade de estudar fotografia e suas linguagens sociais. Durante o processo, os alunos aprenderam a técnica e a ética necessária para fotografar.

Para Philipe Folguedo, 19 anos e aluno da oficina “isso consegue ocupar e preparar a gente para um tipo de conhecimento, além também de introduzir o pessoal do bairro para uma atividade artística muito importante, que é a fotografia”. Objetivo: dar uma nova “identidade” para o bairro, com o objetivo de apagar a mancha deixada por um ato brutal que assombra a comunidade.

Detalhe do professor lendo com a foto de Marielle no monitor (ao fundo)

Na madrugada de 15 de novembro de 2015, um grupo de policiais assassinou 11 jovens desarmados, no bairro Curió. O caso ficou conhecido como “Chacina do Curió”, marcando um bairro – que foi obrigado a seguir em frente – com esta imagem que, para a infelicidade dos moradores, continua presente.

 “A ideia do Talles é exatamente a de sobrepor uma nova visão do bairro, para que as pessoas parem de achar que aqui é um lugar perigoso e comecem a olhar para além disso,” disse Daniel Firmino, um dos colaboradores da biblioteca. Ocupar a juventude com atividades é uma forma também de desfocar as vertentes criminosas. Enfatizando ainda a importância das atividades, Talles conta que “se alguém mora em uma periferia e não tem qualquer tipo de equipamento cultural, vai buscar fora e acaba esquecendo-se de olhar para as coisas que refletem no seu bairro”.

A exposição feita pelos moradores já tem parte dela exibida no Sobrado Dr. José Lourenço, dentro da obra “Nomes”. E dia 30 de novembro de 2019, estará completa na praça de Praça de Santa Edwiges, no bairro Curió.

Serviço:

CasAvoa – Rua Leonice Águiar, 330 – Lagoa Redonda, Fortaleza – CE – Telefone – (85) 98154-3909

Sobrado Dr. José Lourenço Filho: Rua Major Facundo, 154 – Centro, Fortaleza – CE – Telefone – (85) 3101-8826

Praça de Santa Edwiges – Lagoa Redonda, Fortaleza – CE

Texto e fotos: Victor Dutra (3º semestre – Jornalismo/UNI7)

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