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FORTALEZA 291: Um cidadão cearense que exalta diversidade de polos culturais

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Apaixonado pela cultura popular e suas raízes, Flávio Paiva fala da importância de conhecer e defender a herança viva presente nas ruas

Nascido no sertão dos Inhamuns, especificamente na cidade de Independência, no interior do Ceará, o jornalista, escritor e compositor Flávio Paiva, 58, trilhou um caminho que muitos não acreditavam. Filho da terra árida e seca, o segundo entre três irmãos, Flávio enquanto menino, dividia-se entre ajudar o pai na criação de bode, a mãe nos afazeres orgânicos do lar e o comércio do avô aos finais de semana.

Sempre inquieto, Paiva, ainda jovem, descobriu o amor pelo futebol, o que proporciona grandes lembranças e momentos, como chegar em casa mais de uma hora da manhã, pois ainda tinha que buscar a criação de ovelhas e bodes deixada mais cedo em um terreno aberto para o quintal da família.

Com infância marcante, Flávio abre um sorriso ao lembrar, do dia em que aprendeu a cobrir sofás, para ganhar alguns trocados. Mesmo a vida dura do sertão e as peripécias de sua juventude, Flávio Paiva estudava e trilhava um caminho longo até o reconhecimento e às conquistas dos tempos atuais. Oriundo de escolas públicas, o destino de quem terminava os estudos do até então ensino fundamental nas escolas do interior, não tinha muitas escolhas.

Como um peixe que segue a maré, Flávio viu no irmão mais velho, um caminho a ser seguido. Caminho este que esbarrou no atual IFCE, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, mudando-se para Fortaleza em 1976.

“O povo fortalezense é como ovo, precisa chocar, mostrar seu potencial, seu verdadeiro valor, o que não falta é diversidade” – Flávio Paiva

Ao chegar à capital e ter como primeira residência a pensão do Jacaré, no Bairro do Benfica, o jovem desbravador de 17 anos, que sobrevivia na cidade grande com a bolsa de auxílio estudante, via na dificuldade uma forma de aprendizado. Empenhado a mudar de situação, o primeiro emprego logo foi alcançado. O mais novo datilógrafo da empresa do ramo de piscina, Aqualinda.

Destacava-se não só pelo empenho profissional, mas pelo poder de organizar e unir as pessoas, pois em pouco tempo, o novo fortalezense já juntava os amigos da capital para formar um time de futebol.

 “A vida é lenta! Tudo tem seu tempo, ou não. Não podemos atropelar os processos, mas devemos agir para conseguir nossos objetivos” – Flávio Paiva

O curso de graduação em comunicação social, alcançado em de 1985, veio com o casamento dos ideais e da visão múltipla, que sempre estiveram presentes na vida do agora jornalista Flávio Paiva. Residente em Fortaleza há 41 anos, morou em oito bairros diferentes, conheceu inúmeros outros, têm em suas obras e trabalhos, os raios e raízes da cultura nordestina que muita é oprimida e desvalorizada, até pelo seu próprio povo. Aos olhos atentos e curiosos de um dos mais respeitados jornalistas cearenses, a cultura pulsante das veias plurais que percorrem as ruas e becos da periferia de Fortaleza, tem Paiva como admirador número um.

A multiplicidade de vozes e encantos que ecoam na quinta maior capital do país, fisgou Paiva, levando-o a admirar e indignar-se ao mesmo tempo. Mesmo transbordando cultura, Fortaleza tende a apagar suas raízes por não reconhecer sua própria produção cultural. O desfile de maracatu, no carnaval da Domingos Olímpio é o maior exemplo disso.

Com olhar admirado e um leve semblante de gratidão, Flávio sonha com uma cidade apaixonada por sua cultura, um povo defensor do seu jeito único de ser, defensor de sua cultura, defensor de suas raízes. Talvez Flávio Paiva nunca tivesse chegado até aqui, se não honrasse o sangue nordestino. Sangue esse que Fortaleza tem de sobra, basta descobrir. Consolidado, o jornalista conceituado agora busca ver o potencial da cidade que ele acolheu como lar florescer, onde seu povo anseie por cultura.

“Se sonhar for ver o melhor nascer, sonho com uma Fortaleza florescida e culturalmente exuberante” – Flávio Paiva

 

Jarlesson Vanley

7º semestre

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