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Engajando Comunidades: O Impacto da Fundação SINTAF no Poço da Draga

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Secretaria da Fazenda do Ceará e Sindicato dos Fazendários desenvolvem entidade para tentar reduzir as desigualdades em comunidades locais. 

Texto: Alexia Faustino (7° semestre/ UNI7); Jefferson Valente (7° semestre/ UNI7); Luis Carlos Silva (7° semestre/ UNI7); Weslley de Oliveira (6° semestre/ UNI7)

Unidade funciona como braço social do Sindicato dos Fazendários do Ceará. (Fonte: Arquivo instituição)

Conhecida como instrumento de promoção da cidadania, a Fundação Sintaf, do Sindicato dos Fazendários do Ceará e da Secretaria da Fazenda do Estado (SEFAZ), está comprometida com o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, científico, cultural e socioambiental, seja no setor privado ou na administração pública, para promover ações de impacto social em diversas comunidades de Fortaleza. 

Constituída em 2008 pelos integrantes do Sindicato, a instituição busca articular projetos junto a associações populares da Capital, a fim de procurar incentivar a inclusão social e garantir a dignidade das pessoas. 

Desse modo, cursos profissionalizantes, pós-graduações, eventos e debates são organizados pela entidade com o objetivo de gerar mais oportunidades para os moradores e assim, tentar contribuir para construção de um país mais justo, solidário e equitativo.  

Para Liduíno de Brito, servidor da SEFAZ desde 1991 e Diretor Geral da Fundação há 2 anos, o esforço se caracteriza como o “braço social do Sindicato visando uma atuação mais forte na sociedade e representa a inteligência da Secretaria a serviço do povo cearense”. 

Nesse sentido, a organização, ao longo da sua trajetória, passou a potencializar parcerias com o poder público e privado para aperfeiçoar os investimentos em iniciativas como o ProSocial, projeto que viabiliza ações de responsabilidade socioambiental e de cunho cultural em regiões em contextos de vulnerabilidade econômica localizadas nos arredores da SEFAZ, como o Poço da Draga.

ABRAÇAR O POÇO DA DRAGA É PRESERVAR A HISTÓRIA DE FORTALEZA

(Primeira edição do ‘Sarau do Poço 2024’. (Reprodução: Facebook)

Com mais de 100 anos de existência, o nascimento dessa comunidade se entrelaça com a história da capital cearense, resistindo à ação do tempo e à falta de infraestrutura com muita resiliência, engajamento da população e apreço por suas tradições. 

Localizada na Rua dos Tabajaras, próxima ao Centro Cultural Dragão do Mar, no começo o local era refúgio para pescadores, portuários, marisqueiras e migrantes que vinham para a cidade em busca de melhores condições de vida. 

Pelo potencial do comércio presente na área, a região foi se consolidando à base das atividades econômicas geradas pelo antigo porto de Fortaleza, onde hoje se localiza a ponte metálica. 

Repleto de diversidade cultural, o Poço da Draga mantém firme sua relação com a arte através de uma forte parceria estabelecida entre os moradores, que contam com o suporte de instituições que viram no espaço uma perspectiva de colaborar para o desenvolvimento econômico, sociocultural e ambiental da região. 

Com ações voltadas principalmente para o empreendedorismo, a Fundação Sintaf se tornou uma das principais parceiras do local, onde já articulou diversos cursos e projetos em áreas como informática, costura, confeitaria, beleza, entre outros. Para Liduíno de Brito, essas iniciativas vão além da capacitação, fornecendo também alternativas de renda extra para a comunidade. 

Ivoneide Góis, 58, artesã, natural do Poço da Draga e integrante do projeto ‘Sarau no Poço’, percebe o impacto gerado pelas ações da organização. “O Sintaf é um parceirão da gente. […] Muita gente aqui já foi beneficiada. Teve um curso de corte e costura e muita gente agora já ganha seu dinheiro com costura. Teve cursos de bolo, de confeitaria e também tem muita gente que aproveitou.”, relata. 

DIVERSAS AÇÕES, UM SÓ PROPÓSITO: TRANSFORMAR A REALIDADE DA POPULAÇÃO

Ações envolvem todos os moradores da região desde a juventude aos mais idosos. (Imagem: Arquivo instituição) 

O ‘Café com Cidadania’ e o ‘Sarau do Poço’ são algumas das iniciativas melhores estabelecidas na região. O primeiro, acontece mensalmente e convida pessoas para falar sobre temáticas relevantes relacionadas a aspectos sociais, políticos e ambientais. 

Já o segundo, reúne aqueles que o diretor da entidade nomeia de “a velha guarda da comunidade”, em encontros mensais para leitura, apresentações musicais e artísticas, em momentos que amplificam o senso de pertencimento e amor pelo Poço da Draga. 

Mas, se enganam aqueles que pensam que o sucesso dos projetos atuais seria o suficiente para conter o desejo de mudança da Fundação. O futuro da comunidade é brilhante no planejamento de Liduíno, que diz estar empolgado com as novas iniciativas idealizadas nas reuniões com a sua equipe. 

O ‘Sophia: Poço da Sabedoria’, é uma das ações a serem retiradas do forno e colocadas à serviço da população nos próximos meses. O intuito é que as crianças do Poço da Draga logo tenham acesso a aulas de computação e a atividades recreativas, complementares aos estudos normativos.

Para participar do projeto, articulado em parceria firmada com a Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE), os estudantes devem estar devidamente matriculados na escola, frequentando as aulas e atingindo bons resultados nas avaliações, requisito que reforça a importância da dedicação aos estudos. 

Outro programa, que aguarda aprovação do Ministério Público do Ceará, é a Escolinha de Surf para meninas, idealizado após comentários sobre a comunidade ter sido o berço da bicampeã mundial de surf, Tita Tavares. 

A iniciativa, pensada como uma forma de valorização e incentivo às mulheres na modalidade, foi uma demanda solicitada diretamente pela população. Liduíno afirma que essa escuta e acolhimento das necessidades dos moradores, são parte do modelo de trabalho do Sintaf, que entende que a “demanda tem que ser da comunidade” e jamais imposta a ela. 

Essa relação de respeito, confiança e parceria entre a organização e os moradores do Poço da Draga é o firmamento que garante a longevidade e o sucesso dos muitos projetos realizados na região. Ivoneide, como uma beneficiária e participante, acredita que “eles fazem as parceiras deles com muito amor. Não é interesse, é amor mesmo. […] E as coisas que é feita com amor duram muito.”.

‘SARAU DO POÇO’: UMA NOITE DE CULTURA E ENCANTAMENTO

´Sarau do Poço´: uma mistura de arte e refúgio dos desafios cotidianos. (Fonte: Arquivo pessoal)

No coração da comunidade do Poço da Draga, uma noite especial acontece mensalmente, trazendo consigo uma atmosfera de celebração e conexão. O ‘Sarau do Poço’, promovido pela Fundação Sintaf, é uma manifestação da riqueza artística e do espírito comunitário que permeia essa região histórica.

Ao adentrar o espaço onde o evento é realizado, os visitantes são envolvidos por uma mistura de sons e cores, à medida que artistas locais e convidados compartilham sua arte em suas mais diversas formas. Com danças, música e declamações de poemas, cada momento do sarau é uma oportunidade de mergulhar na diversidade cultural da comunidade.

Rodrigo Lima Bezerra, 48, professor e um dos músicos participantes, destaca a evolução do projeto ao longo dos anos, observando que o encontro é aguardado com muita expectativa por todos. “Existe uma interação muito grande e muito forte, que não diminuiu, não acabou, pelo contrário, ela aumentou”, afirma. 

Ainda, segundo o cantor, por meio da iniciativa, “o Sintaf proporciona realmente essa felicidade” aos membros do Poço da Draga, “principalmente entre as mulheres da terceira idade”.

A artesã e ‘caçula’ do sarau, Ivoneide Góis, por exemplo, vivencia o projeto junto às mulheres de sua família. Com idades entre 60 e 85 anos, as participantes são em sua maioria, viúvas, que viram nestas noites artísticas uma saída para o luto. 

Quando perderam os maridos elas ficaram tristes, sem vida. Minha mãe foi uma delas. […] O Sarau veio para animá-las, melhorar a autoestima delas, pra elas se alegrarem.” relata, Ivoneide.

Segundo ela, os encontros são também uma forma de voltar à infância e relembrar os bons tempos. A moradora conta que “elas se animam, tem umas até que dançam, cantam, relembram músicas do tempo de infância. Pedem pro Rodrigo, que é o rapaz que toca violão.  […] Aí ele vai, procura no google e toca a música. É assim, uma volta ao passado delas.”. 

Além de promover a inclusão e incentivar a participação de todos na comunidade, o sarau é ainda um ponto de encontro para moradores e visitantes, criando laços que vão além das fronteiras da arte. É um espaço de diálogo, onde histórias são compartilhadas e amizades são formadas, fortalecendo os laços comunitários e a identidade local. 

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