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Alimentação: mercado global avança no veganismo e rompe barreiras

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Uni7 Informa

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Movimentos contra o consumo de carne ganham força e viram destaque entre os maiores centros de consumo do mundo. Além do veganismo, há o vegetarianismo. Nutricionistas defendem as práticas

Texto: Leonardo França (6º semestre/UNI7), Leonardo Neres (6º semestre/UNI7) e Felipe Justa (5º semestre/UNI7)

Feche as mãos segurando uma tigela com salada
Dia Mundial sem Carne é celebrado anualmente, em 20 de março / Imagem: Freepik/ Creative Commons

O estilo de vida que rejeita ou limita o consumo de carne está se tornando cada vez mais popular no mundo, aponta pesquisa de 2023, e tem até um dia dedicado a essa prática: 20 de março, que é reservado para aqueles que optam por não consumir carne por um dia no ano.

O objetivo é alertar sobre os impactos prejudiciais do consumo excessivo de carne, além de destacar a importância do bem-estar animal e do equilíbrio ambiental. O Dia Mundial sem Carne é uma iniciativa do “MeatOut Day”, movimento global que defende os direitos dos animais e o veganismo, e começou a ser celebrado em 1985.

Proposta pela ONG “Farm Animal Rights Movement”, a data foi estabelecida nos Estados Unidos em resposta à Semana Nacional da Carne do país norte-americano, proclamada por resolução do Senado.

PROJEÇÕES DE CONSUMO
Segundo a consultoria SkyQuest, o mercado global de alimentos veganos deve ultrapassar faturamento de US$ 34 bilhões, até 2028, com crescimento anual de 9,3%. Alguns dos motivos para o aumento do consumo incluem o controle de doenças crônicas, como diabetes e obesidade, e preocupações com colesterol.

“São inúmeras as publicações científicas que relacionam esse tipo de alimentação a um menor índice de inflamação e obesidade, bem como redução de diversas doenças e menor risco de doenças cardiovasculares. Além disso, é possível encontrar estudos que mostram uma diminuição de até 18% das chances do risco de câncer (todos os tipos)”, explica Virgínia Albuquerque, nutricionista, especialista em nutrição vegetariana, e endocrinologista.

A profissional destaca que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) carnes processadas estão classificadas como cancerígenas. “Ficaram no nível 1 de evidência: presunto, salsicha, mortadela, bacon, peito de peru, salame, linguiça etc. No nível 2 ficaram as demais carnes como provavelmente cancerígenas,” frisa Virgínia.

Atualmente, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) estima que, no Brasil, haja em torno de 3,5 mil estabelecimentos com pelo menos uma opção vegana no cardápio. Além disso, o programa “Selo Vegano” da instituição certificou, em aproximadamente dez anos, em torno de três mil produtos de . A estimativa é de o selo tenha alcançado 160 marcas, a maioria de alimentos, mas também de calçados, suplementos alimentares e produtos cosméticos, de higiene pessoal e de limpeza.

INTERESSE CRESCENTE
Segundo levantamento divulgado pela Folha de S.Paulo, o interesse pelo veganismo está em crescimento no Brasil desde 2014. As informações foram coletadas na plataforma “Google Trends”, que indica que as buscas pelas palavras “vegano” e “vegetariano” começaram a crescer no mesmo ano e não pararam de aumentar desde então.

Para a nutricionista e empresária do ramo vegano, Ana Beatriz Velloso, o público está cada vez mais interessado e engajado nesse consumo. “Sinto que hoje em dia o número de pessoas com acesso a informações sobre sustentabilidade é muito maior, causando uma maior aderência ao estilo de vida que o veganismo prega. Além de um aumento gigante de pessoas com restrições alimentares, como leite por exemplo”, comenta Ana Beatriz.

ESTILO DE VIDA
Nos últimos anos, as dietas vegetarianas e veganas têm ganhado cada vez mais espaço nos cardápios e nas conversas sobre saúde. O vegetarianismo, que exclui carne, mas ainda permite o consumo de produtos de origem animal, e o veganismo, que vai além, eliminando qualquer produto de origem animal, são escolhas que vão muito além da alimentação. São manifestações de estilo de vida e preocupações éticas e ambientais.

Os outros tipos de alimentação são OVOLACTOvegetariano: aquele que ainda consome ovos e lacticínios; LACTOvegetariano: aquele que ainda consome lacticínios; e OVOvegetariano: aquele que ainda consome ovos. “O veganismo vai além da alimentação. É um estilo de vida”, adiciona Virgínia.

Ana Beatriz ainda cita mitos que existem sobre veganos, como o uso de remédios. “Muita gente pensa que veganos não tomam remédios por serem testados em animais, mas o veganismo é na medida do possível e do praticável. Ou seja, se há necessidade de testes em animais, sendo por questões de saúde, o vegano toma remédio sim,” explica.

PRIMEIRO CONTATO
Para quem procura conhecer e explorar mais a cultura do veganismo e vegetarianismo, Virgínia indica documentários que falem sobre a produção de animais para o consumo humano, como o filme “A Carne é Fraca,” do Instituto Nina Rosa.

“O documentário mostra, sem cenas muito pesadas, toda a rotina de abatedouros pelo Brasil, além de depoimentos das pessoas que trabalham diretamente com isso e opiniões de estudiosos sobre o assunto”. Virgínia ainda afirma que há diversas barreiras para se ter o primeiro contato alimentar sem o uso da proteína animal.

Para que a tentativa seja exitosa, continua, a razão para a mudança tem que ser muito clara. “O ato de comer carne é cultural e pode ser mais difícil para algumas pessoas entenderem”, finaliza.

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