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COMUNICAÇÃO PÚBLICA: Desafios da produção centrada em interesses

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Da TV privada para a comunicação pública, o jornalista Alberto Perdigão aponta novos horizontes para o discurso social

O jornalista apontou cenários e perspectivas da comunicação com enfoque na sociedade (Foto: Evelyn Barreto)

O jornalista apontou cenários e perspectivas da comunicação com enfoque na sociedade (Foto: Evelyn Barreto)

Até que ponto a comunicação feita para (e pela) a população se sustenta? Em que condições? Quem decide? O caso recente do desaparelhamento da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), por exemplo, traz para discussão os possíveis limites e percalços de uma comunicação pública efetiva, sobretudo quando associados a interesses políticos.

O conceito e a prática da comunicação pública, apesar da sua importância, têm divulgação rasa no campo acadêmico e na sociedade. Pouco se sabe. Por isso, para ensejá-lo nesse universo ainda “desconhecido”, o jornalista e pesquisador Alberto Perdigão, que aborda comunicação pública em diferentes trabalhos, aponta e reflete acerca dos pormenores dessa prática que poderia ser usada em prol de uma sociedade democrática e protagonista.

QA: Pouco se escuta falar de comunicação pública, o que gera dúvidas acerca do seu significado. O que é essa comunicação?
Alberto Perdigão – A comunicação pública é um tipo de comunicação que se situa em um campo específico entre a comunicação privada e a comunicação governamental. Enquanto a comunicação privada é decidida e gerenciada por interesses privados, e a comunicação governamental é do âmbito do poder público, a comunicação pública, conceitualmente e essencialmente, deve ser uma comunicação da sociedade. Ou seja, onde a sociedade tem o poder de idealizá-la e de gerenciá-la. Essa é a principal diferença.

QA: Na prática, como a comunicação pública se manifesta e como se dá a participação da população? Existe realmente uma interação efetiva?
AP – A comunicação pública existe. Ela não é uma utopia. Há mecanismos da comunicação pública com diferentes aspectos no mundo inteiro. Mas a comunicação pública no Brasil é quase como um território blindado. Praticamente não existe. É muito difícil você entender um conceito, quando você não tem muitas referências na prática.

QA: Como você enxerga o papel dos canais de TV pública?
AP – Como apontam os conceitos de comunicação pública, a TV pública tem a missão de ser o que a TV privada não consegue ser. O negócio da TV privada não é fazer programas, e sim audiência. A TV pública, nesse caso, vai se movimentar por outros valores. Tais como cidadania, democracia, cultura, política, saúde e direitos humanos. São temas que, normalmente, não entram na pauta da TV privada. E na TV estatal podem até entrar, mas entram contaminadas por um interesse que não é o lucro, mas o voto.

QA: Vale a pena insistir na comunicação pública efetiva? E como é que isso pode ser feito?
Perdigão – É preciso construir uma cultura de comunicação pública no país. O país não conhece comunicação pública e não deseja a comunicação pública. Seria necessário que os poderes públicos demonstrassem que realmente acreditam que a comunicação pública pode impulsionar a gestão, na sua qualidade, na efetividade das politicas públicas, na legitimação do governo. Seria um caminho. E o outro caminho, seria que as universidades adotassem com certo grau de interesse, demonstrando realmente uma importância, a disciplina de comunicação pública nos cursos.

Darlan Araújo
7º semestre

Evelyn Barreto
7º semestre

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