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CHARLIE HEBDO: O olhar de uma jornalista cearense aos atentados em Paris

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Dois meses após o massacre ao jornal francês, Ariadne Araújo revela como foi feita a cobertura internacional para O Povo

7 de abril, Dia do Jornalista. Há exatos dois meses, dia 7 de janeiro de 2015, o massacre ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, em Paris, abalou o mundo, em particular a área jornalística: a liberdade de expressão também sofria um atentado, com doze pessoas mortas e cinco feridas gravemente na redação do jornal.

Ariadne lembrou detalhes da produção e cobertura especial do atentado publicado pelo jornal O Povo (Fotos Daniel Silva)

Ariadne lembrou detalhes da produção e cobertura especial do atentado publicado pelo jornal O Povo (Fotos Daniel Silva)

Para relembrar o fato, a jornalista cearense Ariadne Araujo, que atuou como correspondente freelancer para o jornal O Povo, conversou com estudantes e professores da Faculdade 7 de Setembro (FA7), via Skype, no estúdio de rádio da instituição. Diretamente de Lisboa, onde mora atualmente, a jornalista falou sobre o atentado que deixou o mundo perplexo.

Durante a conversa, mediada pela professora Ana Márcia Diógenes, da disciplina Jornalismo Especializado II, os alunos de jornalismo ouviram detalhes da produção e cobertura especial, publicado pelo jornal O Povo. Ariadne lembrou, em detalhes, todo o clima de terror e indignação em que a França mergulhou nos dias seguintes ao atentado terrorista.

Ariadne lembra que, numa conversa informal com colegas do jornal O Povo, expressou sua vontade de cobrir o impacto e as consequências dos atentados na sociedade francesa. O resultado foi uma cobertura completa, de nove páginas especiais sob o episódio no jornal O Povo, no período de 9 a 21 de janeiro de 2015.

Para a jornalista o massacre foi, guardando as devidas proporções de número e tamanho, igual, em simbologia, ao acontecido no dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos: “O clima no dia seguinte foi de depressão. Paris, sempre cheia de pessoas nas ruas, estava vazia. A imprensa francesa foi muito criticada à época. Hoje, tem-se cautela e procura-se ser mais moderado nas abordagens sobre assuntos polêmicos. Agora é comum ver judeus franceses, identificados pelo uso do kipá (para cobrir parte da cabeça), sob a saraivada de agressões verbais, migrarem para Israel. O medo de ataques terrorista é comum na Europa. Pegamos o metrô já com medo de ataques”.

Segundo Ariadne, o Charlie Hebdo tinha pouca importância e circulação na França. Estava financeiramente inviável e com muitos processos judiciais tramitando na Corte francesa. Mantinha, porém, um pequeno grupo de assinantes, alinhados à sua linha editorial, que os consumia desde a década de 1940. “O que ninguém sabia era que o jornal já estava sob ameaças há dez anos. Cartas, coquetel molotov, bombas. Esses rapazes viviam sob escolta da polícia” esclarece.

Ao ser perguntada sobre até que ponto esse episódio cravou na alma do jornalismo francês, cuja liberdade de expressão é mais aguerrida, uma censura interna, um filtro sobre como abordar determinados assuntos, Ariadne lembrou que no primeiro dia, os franceses tiveram medo em reproduzir as charges do Charlie. Em seguida, reagiram e publicaram. Algumas pessoas diziam ter medo de sair, outras que não tinham vontade de se divertir, o clima era de terror total.

Estudantes puderam tirar dúvidas com a jornalista sobre cobertura da imprensa internacional (Foto: Daniel Silva)

Estudantes puderam tirar dúvidas com a jornalista sobre cobertura da imprensa internacional (Foto: Daniel Silva)

Ao encerrar a conversa, Ariadne destacou que a situação do jornalista no mundo se modificou muito, com gente saindo das redações. Mesmo na Europa a situação não é fácil. “Mas, temos que esquecer um pouco disso se não a gente sai da profissão. O que me motivou e me motiva são as histórias. Cada historia você tem que mergulhar nela, puxar um fiozinho do lide e transformar numa grande história”.

Para a aluna do sexto semestre, Janaina Flor, foi uma grande experiência. “Excelente iniciativa. Conseguimos saber de uma profissional que acompanhou de perto o terror do ataque, além de também conhecer o contexto atual da França e do Charlie em relação ao ocorri”. Já o aluno Raimundo Machado disse que o bate-papo “nos levou a termos uma amplitude comportamental e reflexiva de como os jornalistas brasileiros residentes em países europeus enxergam e fazem suas análises sobre o cenário mundial”.

Mimosa Pessoa
7º semestre

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