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ARTESANATO CEARENSE: Prática do crochê ganha uma nova aplicação nas mãos da nova geração.

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Combinando elegância, tradição e sustentabilidade, o crochê produzido pela nova geração recebe um toque moderno, garantindo exclusividade e beleza em cada peça.

Bolsa de crochê moderno — Foto: Instagram de Aline Ribeiro

Criatividade, capricho e talento. É o que vem à nossa mente quando pensamos em artesanato, e mais especificamente, no artesanato cearense. O bordado, a renda de bilro e o crochê, são tradições que marcam o Ceará, passadas com carinho de geração para geração, tornando o trabalho artesanal uma forte expressão em nossa amada cultura. Produzidos com fibra de algodão, são comercializados em todo o estado, principalmente no litoral, e são a principal fonte de renda de muitos cearenses. O setor é bastante querido pelos turistas e se tornou modelo de desenvolvimento para outros estados brasileiros. 

O crochê, arte desenvolvida por volta do séc. XVI, tem se destacado devido à popularização de peças, como bolsas e biquínis, produzidas de forma artesanal, que conquistam o coração e a estima de famosos e conterrâneos. A prática, de origem Árabe, chegou em território europeu através de rotas comerciais e passou a ser amplamente difundida em 1847, após a publicação do livro The Crochet Book, da francesa Éléonore Riego. No Brasil, a técnica veio através dos portugueses, se popularizou no Ceará e acabou se tornando parte da cultura cearense. 

Rica em cores e em detalhes bem trabalhados, o crochê logo contagiou as populações litorâneas e com o passar do tempo, a prática recebeu uma nova aplicação nas mãos dos jovens. Conhecido como crochê moderno ou crochê de fio de malha, permite a criação de peças mais estruturadas, mais versáteis e em uma produção mais rápida que o crochê tradicional. A prática moderna ainda se destaca por ser uma alternativa sustentável. A utilização da malha, produzida a partir de resíduos têxteis, contribui para uma peça final de menor impacto ambiental por evitar o descarte de tecidos. 

O crochê moderno vem sendo bastante difundido nos últimos anos através de cursos online e canais no youtube, atraindo assim a atenção da nova geração ao promover, através do artesanato, uma forma de renda extra. Este é o caso de Aline Ribeiro, 29, natural de Aquiraz-CE, que apesar de saber produzir o crochê tradicional desde criança, atualmente trabalha com a prática moderna, utilizando a internet para vender suas peças. A artesã, em entrevista, contou sua história com o artesanato e os benefícios e desafios que esta prática trouxe à sua vida. 

Aline Ribeiro  Foto: Acervo pessoal da entrevistada

Alexia Faustino – Por que você escolheu trabalhar com o crochê e qual a sua história com o artesanato?

Aline Ribeiro – Eu comecei a fazer crochê, eu tinha uns 8 anos. Era com uma amiga da minha mãe que morava aqui perto, a mãe me levava toda tarde. Eu fazia aquele crochê com a agulha fina, com a linha fina também. Fazia nos panos de prato, fazia aquelas xuxinhas de cabelo para vender. Aí passei um tempo fazendo e depois deixei, comecei a trabalhar com outras coisas. E só agora, ano passado, que eu comecei a ver umas postagens no Instagram sobre o fio de malha e o crochê moderno. Me interessei, comecei a fazer. Comprei o fio de malha, comecei a fazer alguns testes. Eu aprendi o crochê moderno pela internet. Já lembrava de alguns pontos do crochê tradicional, mas para me aperfeiçoar mesmo eu fiz alguns cursos para fazer as bolsas. Outras bolsas eu peguei de vídeos do youtube.

A.F – O que te encanta nesse artesanato?

A.R – O que mais me encanta é o poder de transformação. De transformar aqueles fios numa bolsa linda que você pode levar para qualquer lugar, ou um cesto, que fica uma peça muito linda mesmo.

A.F – Quando você começou a vender suas peças?

A.R – Eu comecei fazendo algumas bolsas, umas peças, que mostrava para as minhas vizinhas e minhas amigas, que começaram a encomendar. Foi assim que comecei. Fiz um Instagram e a maioria das minhas vendas é pelo Instagram hoje, fazendo publicações.

A.F – Você já fez encomendas para outros estados do Brasil?

A.R – Já. Para o Pará e para o Rio Grande do Norte.

A.F – Quanto tempo em média você leva para produzir uma peça e quais são as etapas de produção?

A.R – Mais ou menos 2 horas, 2 horas e meia, tem bolsa que demora até 3 horas. E as etapas de produção são o corpo da bolsa, depois vem a costura de botão, as alças e a etiqueta.

A.F – Qual o maior desafio que você enfrentou trabalhando no ramo?

A.R – O maior desafio é mesmo a desvalorização do artesanato local. Acredito que é por acharem que trabalho manual é fácil de fazer. E muitas vezes não querem pagar o preço que a gente cobra.

A.F – Qual a sua maior fonte de inspiração para se manter criativa?

A.R – Procuro sempre me atualizar das cores que estão na moda, os estilos de bolsa que estão usando no momento, nos desfiles que tem.

A.F – Em sua opinião, quais as características que uma pessoa precisa ter para trabalhar com crochê?

A.R – Primeiramente, gostar de trabalhar com artesanato, dedicação e paciência.

A.F – Qual o impacto dessa arte na sua vida? 

A.R – O crochê tem transformado a minha vida, eu comecei como terapia, tava tendo um começo de crise de ansiedade e me ajudou muito. Como mulher também me trouxe uma nova visão. Comecei a empreender, comecei a colocar meu negócio para a frente, a ter novos sonhos. Depois do crochê eu sou uma nova pessoa, tá transformando demais a minha vida e eu quero transformar também a de outras pessoas. Já tem algumas pessoas aprendendo também e assim como transformou a minha, eu espero transformar a de outras pessoas também. 

A.F – O que você diria para incentivar outras pessoas a começar a praticar o crochê? 

A.R – O crochê vai além de um passatempo. Crochetar acalma, previne alzheimer, alivia estresse, ansiedade e é um mundo de possibilidades que você possa trabalhar. Pode trabalhar com bolsas, decoração infantil, cestos. E é uma ótima alternativa como renda extra

Texto: Alexia Faustino (Jornalismo/ Uni7)

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