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7 REGIONAIS, UMA FORTALEZA: Uma perspectiva cultural na cidade

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Carentes de bens tombados e de roteiros culturais, moradores da Regional III vêm desenvolvendo atividades para contornar as deficiências

A escritora Rachel de Queiroz vivem nessa casa e escreveu a obra “O Quinze” (Foto: Leonardo F Sampaio) http://leonardofsampaio.blogspot.com.br/2007/12/plo-cultural-rachel-de-queiroz.html

A escritora Rachel de Queiroz vivem nessa casa e escreveu a obra “O Quinze” (Foto: Leonardo F Sampaio http://leonardofsampaio.blogspot.com.br/2007/12/plo-cultural-rachel-de-queiroz.html)

Os patrimônios culturais, sejam eles materiais ou imateriais, são importantes elementos para ressaltar a cultura, as vivências e as tradições. As igrejas, as praças, as edificações com significativo valor, os saberes, as formas de expressões e celebrações, os costumes e as tradições contam a história e compõem a identidade cultural de um povo.

Enquanto algumas regionais de Fortaleza são caracterizadas pelos inúmeros bens tombados e pelas diversas opções de roteiros culturais, a Regional III tem como peculiaridade a carência de ambos. Formada por 17 bairros e população estimada em 378 mil habitantes, o único bem tombado da Regional III é a Casa Rachel de Queiroz, localizada no bairro Jóquei Clube. Trata-se de uma casa verde e rodeada de árvores na qual viveu a escritora, uma das principais representantes da literatura brasileira. A Casa é também o local onde a cearense escreveu sua obra “O Quinze”. Foi tombada em 2009, como importante elemento de reconhecimento da memória do Estado.

A falta de manutenção e divulgação do bem se reflete, contudo, no seu desconhecimento por parte da população. O aposentado José Lopes, morador do bairro Antônio Bezerra, comenta que não possuía conhecimento de que havia um bem tomado na Regional. Ele aproveita para ressaltar que algumas edificações do bairro merecem tombamento, como a Paróquia Jesus, Maria, José, fundada em 1934. “Fui a vários batizados e celebrações na paróquia. Muita história aconteceu ali. Acho que a igreja merece ser tombada, em respeito a nossas memórias”, comenta.

A Paróquia Jesus, Maria, José foi fundada em 1934 e é uma das construções que merecem serem tombadas e preservadas, segundo José Lopes (Foto: Site Bairro Antônio Bezerra)

A Paróquia Jesus, Maria, José foi fundada em 1934 e é uma das construções que merecem serem tombadas e preservadas, segundo José Lopes (Foto: Site Bairro Antônio Bezerra)

A estudante e moradora do Jóquei Clube, Ariene Kellen, critica a dificuldade em ter acesso a espetáculos culturais e equipamentos, como o cinema. “Antigamente, tinha que atravessar a cidade para ver um filme. Hoje, pelo menos, tem dois North Shoppings nas redondezas”, ressalta. Para ela, a falta de opções de lazer e cultura na vizinhança pode incentivar, inclusive, a violência. “Falta um Cuca aqui na Regional. Seria bom ter os jovens ocupados em alguma atividade para não entrarem no mundo do crime”, acrescenta. A Rede Cuca oferece serviços de educação, cultura, lazer e atividades especiais para a população, estando presente apenas nas regionais I, V, e VI.

Para a estudante Juliana, moradora do Parque Araxá, a inauguração do primeiro shopping na vizinhança foi muito importante para garantir entretenimento cinema. “Cinema é uma forma de cultura, e nem isso nós tínhamos acesso perto de casa”, acrescenta.

Cultura popular alternativas: Coletivo Soul e Vai Dar Certo
Em meio aos problemas, os moradores inventam maneiras de superá-los. Surgem então o Coletivo Soul e o Vai Dar Certo. O Coletivo Soul reúne artistas e surgiu, em 2009, como uma opção cultural para os moradores não só da Regional III mas sim de toda Fortaleza.

O designer Átila Tahim não é ator profissional, mas já atuou em produções do Coletivo Soul. Para Átila, a participação no espetáculo “Nossa Cidade – Uma Peça para Acampamentos” foi memorável. O artista comenta que foi incrível participar de uma produção como essas. Átila ouviu falar através de amigos e resolveu “meter as caras”, “Os ensaios duraram um ano, e a peça durou por volta de cinco horas,” comenta. O espetáculo contou a história de Fortaleza, iniciando-se no Passeio Público e encerrando no Cemitério são João Batista.

Átila também participou de saraus organizados pelo grupo Vai Dá Certo. O grupo percorreu a comunidade do Pici tocando tambores, usando roupas alegres. O artista comenta que é uma oportunidade de oferecer uma perspectiva cultural para pessoas marginalizadas. “Em Fortaleza, há não só uma grande concentração de renda, mas também de cultura e informação. É importante garantir que essas pessoas esquecidas tenham acesso também à cultura e à informação”, acrescenta.

Angélica Nascimento de Oliveira
7º semestre

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