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TURISMO NA TERCEIRA IDADE

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O que faz da cidade de Fortaleza uma das capitais brasileiras mais atrativas para esse público.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a população acima de 60 anos no Brasil, nos últimos 50 anos, triplicou. O crescimento desse grupo é tão notável que o próprio IBGE estima que até o ano de 2060 o número de pessoas consideradas de terceira idade já irá ter superado o de indivíduos jovens. Paralelo a isso, pesquisa feita pelo site Tribuna Online evidencia que mais de 23% dos idosos no Brasil desejam utilizar seu tempo livre investindo em viagens. Portanto, o grande crescimento dessa população mais envelhecida no país previsto para as próximas décadas deve, consequentemente, causar um aumento significativono turismo de terceira idade. 

Para comentar mais sobre o tema em questão, entrevistamos a turismóloga Marcia Sousa, assessora técnica da Secretaria de Turismo do Ceará (Setur-CE).

Foto: Márcia Sousa

PERGUNTAS E RESPOSTAS DA ENTREVISTA:

Felipe Justa – Qual a importância do turismo para a terceira idade?

Márcia Sousa – O turismo, na verdade, para a terceira idade, entrou como um projeto de políticas publicas relacionadas a atividade de lazer. Então quando a gente fala da importância a gente voltando o turismo a questões sobre saúde, qualidade de vida, perspectiva de vida. Então isso traz um pouquinho da importância a qual você está mencionando na pergunta. Está mais voltado a questões extrínsecas do que intrínsecas. É lazer, équalidade de vida, “é” oportunidades que esses da terceira idade, assim dizendo, podem ter uma perspectiva melhor de vida.

F.J – Quais as principais diferenças do turismo da terceira idade para os outros tipos de turismo?

M.S – O que acontece: O turismo, para que possa atender a demanda da terceira idade, ele precisa ter atividades diferenciadas, equipamentos que possa proporcionar uma certa acessibilidade para a terceira idade. Ai eu estou falando de questões estruturais mesmo, de infraestrutura acessível, de rampa… Ou seja, questões que já são uma obrigatoriedade hoje na atualidade. Então o destino em si tem que se preparar com seus equipamentos de forma mais acessível para que seja disponível para todos, inclusive para o publico da terceira idade. 

F.J – Como os mais jovens lidam com o turismo¿ E como o público de terceira idade lida? Quais as diferenças entre ambos os públicos nesse ponto?

M.S  A diferença dentro dessa pergunta, dessa perspectiva, é que os mais jovens não tem tempo, ou seja, eles precisam realizar a atividade turística a tempo e a hora, muitas vezes relacionadas a um fim de semana ou a um dia. Então eles querem consumir tudo que eles podem consumir em um pouco espaço de tempo. Diferente do público da terceira idade, que já se propõe de ter mais tempo, consequentemente ele vai dos mesmos equipamentos, mas de forma mais “slow”, mais lenta, mais demorada. Então algo que seria uma viagem, para um público jovem, de um dia, para um público de terceira idade seria de 2 dias, 3 dias, para que ele possa realmente aproveitar melhor cada destino. 

F.J – Quais os maiores benefícios do turismo praessas pessoas mais experientes?

M.S – Na verdade, o que acontece… eu te falei a princípio sobre uma política pública relacionada a um programa chamado Viaja Mais Melhor Idade. Esse programa do Viaja Mais Melhor Idade vai dar para esse público benefícios relacionados a viagem, como, por exemplo, financiamentos para viajar, condições financeiras melhores, descontos melhores para viajar. Então acaba sendo uma válvula motivadora para que esse público de terceira idade venha a viajar mais. O que acontece é que o público da terceira idade, que é um público que tem mais tempo, consequentemente vai abraçar a sazonalidade da atividade turística. A baixa temporada, eles vão viajar na baixa temporada, porque os valores são mais baratos, e isso vai favorecer toda a cadeia produtiva do turismo, os hotéis, que são meios de hospedagem, o sistema de transporte como um todo. Então não é só um benefício para a terceira idade, é um benefício para toda a cadeia produtiva do turismo em si, principalmente relacionado a questão econômica. E como eu lhe disse anteriormente, como a atividade do turismo ta relacionada a questões de bem estar, a saúde, acaba sendo uma válvula de escape, um remédio para depressão ou ansiedade, para questões psicológicas, mentais, que vão ajudar a terceira idade no dia a dia. 

F.J – Que características de um determinado local costumam mais chamar atenção das pessoas de terceira idade?

M.S – Acessibilidade, não tem como. Questões relacionadas a cultura puxa mais um pouco o público de terceira idade, movimentos gastronômicos, movimentos culturais atraem o público de terceira idade. Mas, acima de tudo, proporcionar acessibilidade. Cultura local, eu não diria museu, eu diria questões voltadas a gastronomia local, as festas locais, agora a gente ta vivendo a festas juninas, que o público de terceira idade gosta bastante. Então acaba atraindo, questões de alegria mesmo relacionada a esse público. Mas para direcionar esse público para determinado destino precisa ter motivo e uma infraestrutura maior, e a infraestrutura maior ta relacionada a questão de acessibilidade.

F.J  Qual a diferença do turismo de terceira idade de alguns anos atrás para o que é hoje em dia, principalmente após a pandemia?

M.S – O que acontece, hoje, as questões da terceira idade em relação ao turismo estão muito voltadas asegurança sanitária, porque sabemos que o COVID-19 atingiu fortemente o público acima de 60/70 anos. Então com o selo de segurança sanitária dos equipamentos, dos meios de hospedagem, da infraestrutura turística, conseguiu trazer um pouco mais de segurança para o público da terceira idade, porém ainda existe uma resistência. Não é uma resistência financeira, é um receio em relação àsquestões pandêmicas, a própria família não quer que essa pessoa de terceira idade esteja voltada a aglomeração, porque geralmente eles viajam em grupo. Ou seja, os grupos estão menores, a quantidade de pessoas está menor, por uma questão voltada a segurança sanitária. Eles estão mais conscientes da importância da saúda, da importância da saúde sanitária e da preocupação se aquele destino, aquele equipamento está seguindo, de fato, as regras em relação ao seu direito de uso do equipamento. Agora, claro, diminuiu consideravelmente os grupos de terceira idade após o momento pandêmico, mas a frequência aumentou. Enquanto eles viajavam 1/2 vezes ao ano em mais tempo, eles estão viajando mais com menos tempo, em cada destino. Viagens de final de semana, sexta, sábado e domingo, mas em vez de duas vezes, eles estão viajando em uma proporção maior. 

F.J – Qual a perspectiva desse tipo de turismo para o futuro?

M.S – Na verdade, o que acontece é que depois do momento da pandemia o turismo voltou mais para um olhar local e um olhar regional, é como se o cearense resolvesse descobrir, de fato, os destinos turísticos cearenses, como se o Nordeste. Nós sabemos que tem, por exemplo, fortalezenses que não conhecem nem a própria cidade, não conhecem o centro da cidade, não conhecem praia próximas, ou até mesmo seus maiores polos turísticos. Então, com esse avanço regional e local, as pessoas tendem a viajar mais dentro do estado do Ceará do que fora do seu estado. Claro que os outros polos a quais você comentou, os polos maiores da atividade turística, como São Paulo, o que acontece é que como teve um aumento financeiro nas passagens aéreas, nessa questão do próprio deslocamento, consequentemente diminuiu a demanda, e isso é bom para o estado, pois fortalece o turismo regional e local, com o cearense, de fato, viajando internamente. A interiorização da atividade turística, aumentando o fluxo interno. Nós já temos estatística que demonstram isso, em relação a esse fluxo.

F.J – Qual o diferencial de Fortaleza para que seja uma das capitais brasileiras mais procuradas pelos mais experientes?

M.S Sobre o público de terceira idade é a diversidade que a própria cidade oferece em termos de atrativos turístico. Eu estou falando de praia acessível, existe um projeto chamado Praia Acessível, nós temos espaços na cidade de Fortaleza abertos ao público de forma gratuita, como os museus de fotografia, museu da ferrovia, que foi aberto há pouco tempo, teatro José de Alencar. Então existem muito equipamentos turísticos que proporcionam essa acessibilidade, a própria AvenidaBeira Mar, que foi inaugurada há pouco tempo, a feira de artesanato. Então existem muitos espaços gratuitos que vão proporcionar uma busca maior no turismo na capital, favorecendo a todos os públicos, não somente o público de terceira idade. Como tem espaços acessíveis, acaba fortalecendo o público da terceira idade também. Como Fortaleza, como eu disse, é uma capital que tem tudo, em termos de infraestrutura turística, e tem a questão, como você ta dizendo, da localização, tem praias muito próximas, onde a terceira idade não precisa viajar muito para conhecer. Então existe realmente uma centralidade dos meios de hospedagem na cidade de Fortaleza e uma distribuição para as outras praias. Então eu diria que Fortaleza está crescendo muito na questão visual, mobilidade urbana, tudo isso que favorece toda a cidade. 

F.J – Quais os pontos de Fortaleza mais atrativos para esse público mais experiente?

M.S – O público de terceira idade, na verdade, é um público muito diversificado, não existe uma atração específica para o público de terceira idade, pois eles acabam gostando um pouco de tudo. Eles gostam da praia, eles gostam do museu, eles gostam dos shows, dos equipamentos, das festas, das festas gastronômicas. Então não consigo te definir uma atração específica para esse determinado público, exatamente por conta da diversidade, um pouco de tudo mesmo.

Fonte: Roteiro Eco Trilhas

Texto: Felipe Justa (Jornalismo/ Uni7)

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