PASSATEMPO: Pesca é o lazer dos habitantes do bairro Camurupim
Grupo de pescadores se utiliza de tarrafa feita à mão para cultivar costume de forma artesanal como divertimento
Tarrafa, galão, anzol e amizade. Termos que estão em harmonia em se tratando da pesca. Para alguns moradores do bairro Camurupim, no Município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, o costume é uma atividade que une o útil ao agradável, por uma questão de subsistência e lazer.
O ponto de referência é a lagoa da Curicaca, onde se concentram muitos pescadores de vários bairros da cidade. Não tem dia e não tem hora para buscar o peixe, embora eles afirmem que o melhor momento para se pescar seja à noite. Depende da habilidade e experiência para se obter uma boa pescaria.
Por ser no modo artesanal, a atividade é feita com equipamentos feitos à mão, como a rede de pesca (tarrafa), lançada pelo próprio pescador, e o galão. Estes são essenciais para uma boa pescaria.
Luís Carlos Porfirio, 30, trabalha como servente e exerce a pesca como meio de relaxar durante os dias de folga. Ele conta que começou a pescar desde os 8 anos de idade junto com seu pai, ainda que fosse só para o acompanhar.
Porfirio afirma que, com a atividade, não há obrigação em buscar peixes ou frutos do mar em água doce para seu sustento. Ele pesca de forma esporádica, não se preocupando com o almoço do dia seguinte. O que o motiva é o passatempo, ensinamento do qual aprendeu com o pai, já falecido.
Muitos utilizam a pesca para manter seu sustento, Outros praticam por lazer, ou seja, não vivem exclusivamente dessa atividade. Como é o caso do comerciante Francisco Anastácio da Silva, 42 anos.
Para ele, o prazer é a reunião entre os amigos e, principalmente, na hora de saborear a conquista momentos depois de buscá-lo: “Não tem tempo ruim. O bom de pegar o peixe é fazer a caldeirada na beira da lagoa”.
Nas vezes em que ele sai em dias de pescaria, ele costuma levar o filho mais velho, Mateus Silva de 16 anos. O estudante assegura que aprendeu pescar só olhando o pai tarrafear e, hoje, sabe até mais do que seu genitor. “Se o pai vacilar, qualquer dia trago mais peixes para casa do que ele”, afirmou.
A esposa de Francisco Anastácio, Miriam Silva, 40, diz que o fato de seu marido sair para pescar é muito importante porque ajuda nas despesas de alimentação da família. Mas, pondera que a única coisa que não gosta é quando Anastácio demora para chegar. “Pela insegurança. de uns tempos para cá, a quantidade de assaltos e arrastões aumentou muito, principalmente no período da noite, o que me deixa preocupada”, frisou.
Mesmo com a onda de violência, a pesca artesanal está longe de acabar. Até porque, de geração em geração, há vontade de sobra para não deixar desaparecer esse costume. Peixe em água doce tem em abundância e não é história de pescador.
Texto e Fotos: Rafael de Lima (6º semestre – Jornalismo/UNI7)