ECONOMIA: Calçadas e esquinas da cidade também são espaços para empreendedores
No período marcado por uma das maiores crises econômicas da história, cearenses estudam o mercado local, utilizam a criatividade e se transformam em donos dos seus próprios negócios
Nos últimos quatro anos as redes sociais têm sido um dos principais espaços de divulgação de notícias sobre a crise econômica brasileira. São muitos relatos de empresas que estão demitindo e fechando as portas e de pessoas que encontram dificuldades em fechar as contas do mês. Porém, parte dos brasileiros vai à contramão dessa crise. São empreendedores que, com muita criatividade, perseverança, qualidade do produto, bom atendimento e um pouco de análise do mercado, conseguiram abrir e ter sucesso no seu próprio negócio.
Eliete Ribeiro, brasileira, mãe decidiu no começo de 2017, aos 38 anos, ser dona do seu próprio negócio. “Queria trabalhar em algo onde eu controlasse o meu horário, a minha rotina e dar mais atenção para a minha filha”, comenta Eliete com um sorriso no rosto. Nos últimos oito meses ela leva o seu carinho para a Avenida Duque de Caixas, próximo à Rua Senador Pompeu, no Centro. Ali vende tapioca, misto, café, leite e outras iguarias. Mas ela não está sozinha. O apoio familiar é uma peça fundamental para o sucesso do negócio. “Meu esposo e outros parentes ajudam aqui na preparação dos produtos e no atendimento aos clientes”.
Quem anda pelas ruas do Centro de Fortaleza já deve ter observado a quantidade de carrinhos nas esquinas vendendo o mesmo produto de Eliete. Desse modo, como se destacar nesse mercado tão concorrido? “Olha, tem espaço para todos, mas o atendimento que você dá aos clientes, a atenção, acaba aproximando as pessoas e elas acabam vindo aqui todos os dias”, comenta.
Sem comentar valores, diz que consegue com a venda desses produtos manter as contas em dia. “Talvez eu não fique rica, mas vai dar para pagar as contas no final do mês”, conclui Eliete.
Rafael Alves é outro empreendedor, só que atua no bairro do Benfica. Ele é ex-professor formado pela Universidade Federal do Ceará – UFC no curso Letras/Inglês e vindo da cidade de Brejo Santo, distante 510 km da capital cearense. No semestre passado, aos 28 anos, decidiu ter o seu próprio negócio de venda de artesanato. O local escolhido foi o cruzamento da Avenida da Universidade com a Rua Juvenal Galeno, no bairro Benfica.
“Aqui é um lugar estratégico. Analisei o espaço e pensei onde ia colocar os meus produtos. Quis aproveitar os alunos da UFC e os clientes que vão ao shopping que fica aqui do lado”, comenta Rafael. Alguns dos seus produtos são de fabricação própria e outros ele acaba comprando de fornecedores locais. Trabalhava com carteira assinada há algum tempo, mas queria algo mais. Queria crescer profissionalmente e ter qualidade de vida. “Queria ter o meu próprio horário de trabalho. Queria voltar a estudar e isso eu não conseguia com um emprego formal. Lá eu chegava a dar 11 aulas por dia”, comenta Rafael.
Aceitou o convite de amigos e veio para Fortaleza. Montou o seu negócio e registrou a sua pequena empresa na Regional IV para evitar dor de cabeça com a fiscalização da prefeitura. “Se não for registrado, eles recolhem mesmo. Levam tudo e você fica sem trabalhar em qualquer lugar”, relata Rafael.
Ao chegar ao bairro ele procurou conhecer a demanda da região. Pesquisou qual o tipo de produto que poderia oferecer para aquele público tão plural. “Estou há cinco meses aqui e com o tempo fui ganhando experiência com vendas. Sempre vou conversando com os clientes para saber o desejo deles”, comenta Rafael. E a crise não afeta os negócios? Rafael é taxativo: “Não tem crise! Tem muita oportunidade e nós temos que ser criativos”.
Para os próximos meses Rafael já tem o seu planejamento. “Quero sair das ruas. Não que as vendas estejam ruins, mas o sol maltrata muito a pele e quero ir ao SEBRAE, fazer cursos na aérea de administração e aprimorar o meu inglês”. E conclui “não me arrependo da mudança que fiz na minha vida”.
SEBRAE E GOVERNO FEDERAL APOIAM O MICROEMPREENDEDOR
Para quem deseja empreender, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE oferece cursos de capacitação e orientação para o futuro negócio. Aqui em Fortaleza o atendimento pode ser realizado presencialmente em um dos quatro pontos localizados nos bairros José Walter, Praia de Iracema e duas unidades no Centro.
Se preferir, ainda está disponível o atendimento on-line. Para isso, o empreendedor deve acessar o endereço eletrônico sebrae.com.br. No portal, o pequeno empresário fica sabendo dos principais eventos e feiras que acontecem na cidade, fala com especialistas, tem acesso à consultoria e demais informações sobre o empreendedorismo. No site, o empreendedor pode realizar um diagnóstico da sua microempresa. Ainda existe opção do atendimento através do telefone 0800 570 0800.
Os empreendedores da Região Metropolitana e interior do estado do Ceará contam com onze Escritórios Regionais para receber atendimento do SEBRAE. São elas: Metropolitano, Litoral Leste, Jaguaribe, Centro Sul, Cariri, Sertão de Crateús, Sertão Central, Chapada da Ibiapaba, Norte, Itapipoca e Maciço de Baturité.
Outro site que auxilia o empreendedor na condução de seu próprio negócio é o Portal do Empreendedor, criado pelo Governo Federal em 2009. Ele tem como objetivo impulsionar o empreendedorismo no Brasil. No endereço eletrônico portaldoempreendedor.gov.br o empreendedor esclarece as principais dúvidas sobre o empreendedorismo, quais as suas obrigações fiscais e capacitação que pode participar e quais os tributos que o microempreendedor deve pagar. O Portal do Empreendedor é uma parceira do Governo Brasileiro com o SEBRAE.
SERVIÇO
Empresa: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE
Endereços: em Fortaleza.
1. Rua General Bezerril, S/N Palácio do Comércio, Centro.
2. R. Dr. João Moreira, 207, Centro.
3. Av. F, 570, 3ª etapa – José Walter.
4. Av. Monsenhor Tabosa, 777, Praia de Iracema.
Telefone: 0800 570 0800.
Horário de funcionamento: dias úteis de 08h às 12h e 14h às 18h.
Texto: Paulo Mesquita (7º semestre/Jornalismo-UNI7)