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CHUVA: A felicidade de um povo que vê o açude renascer após a seca severa

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Ao iniciar 2017 totalmente vazio, o Cedro estampava a dor e o sofrimento de 6 anos de estiagem

No interior do Ceará, na cidade de Quixadá, a 168 quilômetros de Fortaleza, fica localizado o Açude do Cedro. Um centenário ponto turístico do município, que teve sua ordem de construção ainda no império de Dom Pedro II. O município, que sofreu assim como tantos outros com a estiagem prolongada, viu seu principal e mais famoso local de lazer, ser esvaziado no fim de 2016.

Situação atual do Açude do Cedro com 2 metros de água acumulados (Foto: Bruno Silva)

A esperança era a única que ainda restava e em janeiro a chuva voltou a cair no sertão, para alívio dos que ali residem. Maria Aline, 30, moradora da redondeza do Cedro desde nascença, conta que, enquanto o açude secava, dia após dia, era como ver um parente morrer. Aline, que se surpreende com a chuva que chegou na cidade, demonstra total felicidade, mas nem sempre foi assim. ‘‘Cheguei a andar dentro do açude enquanto ele estava seco, e vi várias carcaças. Vivi o sofrimento que aqueles animais passaram e, para mim, foi o pior’’. Hoje, ela se alegra em demostrar a fé dos quixadaenses que, mesmo com as dificuldades, sempre acreditaram no melhor.

Moradores e turistas que tinham costume de visitar o local, tirar fotos e registrar a imensidão das águas no sertão, pararam de ir para não se deparar com a tristeza que ali penava. Era assim que Narjara de Fátima, 32, que mora em Fortaleza, pensava. ‘‘Preferi não vir no período de seca e me deparar com o sofrimento que estava aqui. Sempre vinha antes dele secar, porque isso era um programa de família presenciar um belo presente da natureza. Era encantador’’. E foi assim que perdurou até o fim de 2016.

Augusto Lúcio, 49, comerciante das redondezas do Açude do Cedro (Foto: Bruno Silva)

O comerciante Augusto Lúcio, 49, que vive da venda de comida e bebida nos arredores do açude, viu o seu lucro se esvair. ‘‘A gente atendia por volta de 300 pessoas em um domingo. Mas, durante a seca, elas sumiram de tal forma que chegamos a atender 50, e a maioria era de reportagem e pessoas de faculdade, que vinham registrar a sequidão do Cedro’’. Hoje, seu Augusto comemora a volta da água, que para ele foi uma bênção de Deus.

A chuva voltou, o açude renasceu e Quixadá parece ter ganhado vida de novo. Os turistas retornaram, parece que acompanham a água. O sertanejo sempre se alegra em ver o verde no sertão, ver os reservatórios cheios. A cidade espera que o tempo continue assim e que eles não passem pela tristeza de ver o Açude do Cedro, seco mais uma vez.

 

 Texto: Bruno Silva (3º semestre – Jornalismo)

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