Notícias

MEIO AMBIENTE: Preservação ambiental é colocada em questão no Dia Mundial do Meio Ambiente

Categoria:

Texto, Uni7 Informa

0

Celebrada em 5 de junho, a data levanta questionamentos sobre a atual situação do planeta com relação aos cuidados com a natureza

O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, foi criado na abertura da Conferência de Estocolmo, na Suécia, pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Desde então, todos os anos diversas organizações lançam manifestos e tomam medidas para relembrar o público geral da necessidade de preservação do meio ambiente.

O ano de 2022 é um marco histórico para a comunidade ambiental global, pois além de completar o primeiro ano da Década de Restauração de Ecossistemas, marca também os 50 anos desde a conferência de 1972, reconhecida como o primeiro encontro internacional para discutir sobre o meio ambiente. A conferência estimulou a formação de ministérios e agências ambientais em todo o mundo, e deu início a uma série de novos acordos globais para proteger coletivamente o meio ambiente dos danos causados pelo homem. 

DESENVOLVIMENTO X SUSTENTABILIDADE

Os problemas ambientais estão em sua maioria correlacionados, e têm como principal fonte causadora as ações humanas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o nível médio do mar sobe cerca de 3,5 milímetros por ano desde 1993. Isso acontece em decorrência do derretimento das calotas polares, que é consequência do efeito estufa antrópico, aquele produzido pelo homem. 

Ainda de acordo com o PNUMA, o aumento da concentração na atmosfera de gás carbônico por ano é de 1,18 partes por milhão, gerando um aumento da temperatura global de 0,85ºC. Além disso, os dados do programa constam que 14,9% da população mundial está exposta a ar poluído, considerado pouco saudável. Os gases são provenientes majoritariamente da queima de combustíveis fósseis como carvão mineral, petróleo e gás natural, e são os principais causadores do efeito estufa.

A Doutoranda em Meio Ambiente, Márcia Andrade, explica os motivos de as perdas ambientais estarem cada vez mais comuns no século XXI: “A medida que evoluímos na crescente demanda por desenvolvimento, as perdas ambientais são cada vez mais recorrentes, tendo em vista a existência de uma visão cada vez mais voltada para “ter”, e a essência do“ser” tem se perdido. Tem sido um século de grandes catástrofes, direta ou indiretamente relacionadas ao mau uso dos nossos recursos naturais, ou negligência no monitoramento de grandes obras e extração de recursos”. 

O PAPEL DO BRASIL NA CAUSA

Márcia Andrade explica também que o Brasil possui um papel importante na preservação ambiental em nível global, porém as medidas governamentais não são tomadas da maneira correta no país: “Toda nação tem potencial, basta dar prioridade a isso. Vejo o Brasil com grande potencial com relação às florestas e pode fazer uso disso na redução das emissões de CO2, e também há potencial hidráulico nos nossos rios. Com relação ao cumprimento, ainda está muito aquém, distante demais de cumprir suas metas globais. Na minha visão falta investimento, mas falta mais educação, comprometimento em fazer, prioridade. 

Os avanços a respeito da preservação ambiental no Brasil ainda são muito pontuais e não tornam-se de fato o cumprimento das políticas públicas. Atualmente o país está em 81º lugar no ranking de sustentabilidade, sendo o 4º pior em reciclagem e o 9º maior emissor de gases na atmosfera, além de ser o 114º em perda vegetal. Apesar do desempenho negativo, Márcia destaca que “no ranking da sustentabilidade individual, o Brasil ficou em 1º lugar em proteção de áreas marinhas e em 17º em agricultura sustentável”.

Márcia destaca o fato de que a preservação ambiental está sendo mais discutida entre as nações e na sociedade atualmente, e isso pode ser um despertar para a evolução desse paradigma: “Posso considerar que tem sido o tema mais frequente, trazido mais à tona, infelizmente como consequência das perdas de valores de cuidados com a Terra, no entanto, o fato de estar em evidência já é positivo”.

UMA SÓ TERRA

Liderado pelo PNUMA, o Dia Mundial do Meio Ambiente tem ajudado a impulsionar mudanças e a motivar a política ambiental nacional e internacional. Cada ano possui um tema específico, que abrange questões como poluição marinha, aquecimento global, consumo sustentável e crimes contra a vida selvagem. Em 2022, o tema é “Uma Só Terra”, com foco na vida sustentável em harmonia com a natureza, e será o tema de debate da reunião Estocolmo+50, realizada na Suécia, nas vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente.

O meio ambiente é um patrimônio natural do planeta que deve ser preservado
(Foto: Reprodução / Blog Fim do Lixo)

Pensando nessa temática, Márcia enfatiza que a população deve contribuir na preservação ambiental a fim alcançar uma unificação do planeta Terra, mas para isso algumas medidas precisam ser tomadas: “O primeiro passo é a promoção do conhecimento, da informação, da educação. Para preservar precisamos conhecer, essa ideia que todas as pessoas já têm conhecimento suficiente é mito, o ser humano está em constante processo evolutivo e cada dia precisa aprender, nossa população precisa ser educada ecologicamente para que possa se sentir pertencente ao problema, só cuidamos de algo quando nos importamos, quando nos sentimos parte do todo”. 

“Esses são valores que têm sido perdidos, porque de fato temos uma só Terra, o planeta está saturado, não temos como continuar nesse ritmo, não é mais preservar para as futuras gerações, é ter recursos suficientes para sobreviver a presente geração”, completa a Doutoranda em Meio Ambiente.

Segundo Márcia Andrade, o Brasil faz parte da Agenda 2030, acordo feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), no qual o país possui 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável a cumprir até 2030, um compromisso global feito em 2015 envolvendo outros 193 países. Apesar de essencial e relevante no cenário atual, Márcia aponta o desconhecimento dessa política pela população, e o não cumprimento pelas autoridades públicas responsáveis: “Se fizéssemos uma pesquisa hoje, quantos brasileiros já ouviram falar nesse compromisso? Ficaríamos surpresos com as respostas. Faço isso todos os dias nas minhas palestras e até nas universidades, essa informação é tão pouco ou nada trabalhada. Como atingir metas ousadas, se falta informação, planejamento e articulação? Estamos há oito anos para 2030, e ainda nem conseguimos nos comunicar”.

O Dia Mundial do Meio Ambiente é um momento para despertar a reflexão acerca do tema pela sociedade civil e pelas autoridades responsáveis. Porém, a pauta deve sempre estar presente nas políticas públicas não só durante a data, mas também no restante do ano.

Texto: João Pedro Pacheco Artuzo (Jornalismo / UNI7)

Tags: ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × três =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.