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INTERNACIONAL: O mundo está aqui

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Hyun Woo Sung tem dificuldade com o idioma, mas ama o português (Foto Arquivo Pessoal)

Quebrando barreiras e vencendo desafios, estrangeiros imigram por melhores condições de vida

O Ceará é, atualmente, o décimo terceiro estado mais rico do país, além de ser conhecido mundialmente por conta da beleza de seu litoral, pela religiosidade popular e por seu povo acolhedor. E não é à toa que o estado atrai turistas o ano inteiro. Mas, além dos turistas que vêm para passar férias, há também os imigrantes, que vêm ao Ceará em busca de uma vida melhor.Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu que 5.916 estrangeiros viviam no Ceará. Destes, 4.001 residiam em Fortaleza e 1.914 no Interior.

Os imigrantes que chegam ao Ceará, em sua maioria, têm vindo daCoreia do Sul e do Continente Africano. As origens são completamente diferentes, mas é aqui onde esses povos se encontram. De 2012 a 2014, já foram 1.749 autorizações a sul-coreanos no Ceará, conforme apontam os dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). E, entre 2010 e 2014, 3.721 estudantes africanos foram recepcionados pela imigração cearense.

Cada um tem a sua história de vida, seus sonhos e motivos diferentes para terem vindo buscar oportunidades no Ceará. O coreano Hyun Woo Sung e o cabo verdiano Carlos Spínola, que moram em Fortaleza, relatam o que os trouxe aqui e suas impressões do estado.

 

Para estudar

Carlos Jorge da Silva Spínola, 24, é natural de Praia, capital de Cabo Verde, país a oeste da África. O estudante veio para o Brasil por intermédio do Programa de Convênio de Graduação (PEC-G), acordo que oferece bolsas de estudos a alunos estrangeiros. Ele já está no seu ultimo semestre e pronto para se formar em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Ceará.

Atraído pela oportunidade de estudar fora do seu país, assim que surgiu a oportunidade Carlos decidiu investir no seu futuro.  “Eu sempre tive o desejo de estudar fora do meu país, devido meu espírito aventureiro e a curiosidade do que é diferente. Quando terminei o ensino médio, surgiu a oportunidade de estudar fora. Eu estava emocionado de ir morar em um lugar assim, parcialmente independente, mas claro, sempre sinto saudades da minha família”, diz o estudante.

Grato por tudo o que viveu e após criar laços de amizade em Fortaleza, ele pretende voltar para Cabo Verde.  “Minha relação com os outros africanos é excepcional, criei laços fortes aqui, não tenho do que reclamar. Com os brasileiros também, tenho amigos aqui que são insubstituíveis, posso contar com eles a qualquer hora, mas minha temporada aqui acabou. Já conheci, já vivi, já estudei, que foi o objetivo da vinda, e está na hora de continuar o investimento da minha vida profissional, não necessariamente no Brasil ou Cabo Verde, mas pretendo mesmo trabalhar em Cabo Verde”, explica.

Carlos Jorge leva uma história, aprendizado e impressões do estado. “O Brasil é um país que tem muito a oferecer, um país que tem uma beleza diferenciada de todo o mundo. O brasileiro é atencioso, hospitaleiro, carinhoso. Mas, infelizmente, é triste ver que mesmo onde a maior parte da população é negra, o preconceito e o racismo ainda são bastante visíveis.Eu aprendi não só academicamente, mas o ganho foi também pessoal. Eu sou uma pessoa completamente diferente, essa experiência me fez enxergar o mundo como eleé,me tonando uma pessoa decidida. Fortaleza, Ceará estarão no meu coração para sempre,” relata, feliz, o africano.

 

Amor à primeira vista

Busan, uma cidade situada na costa sudeste da Coreia do Sul, foi onde nasceu Hyun Woo Sung, 42. O coreano veio, inicialmente, apenas com o visto de trabalho. Mas, após conhecer a cidade, gostou, e decidiu morar aqui, montando, então, seu restaurante especializado em comida coreana.

“Eu vim pro Brasil pela primeira vez para trabalho, para trabalhar no Pecém em uma empresa Coreana. Vim por custo financeiro, com minha esposa e meu bebê de três anos. Mas, em um ano e quatro meses, terminei o trabalho e decidi ficar aqui. Abri o restaurante esse ano. Moro aqui com visto permanente, porque para abrir o restaurante preciso ter visto”, conta.

Tranquilo e atencioso, o coreano ainda tem dificuldade com o português. O idioma parece ter sido a maior barreira para Hyun, ou Branco, seu apelido, como é chamado por suas funcionárias do restaurante. Elediz que o idioma foi, e ainda é, uma dificuldade, mas gosta do português. “O idioma coreano e o idioma português são muito diferentes, mas eu gostei de conversas com brasileiros; então eu precisava aprender para conversar mais e entender melhor”, relata.

Apesar do choque cultural, Hyun não deixa dúvidas de que gosta de morar no Ceará, e pretende continuar aqui. “A Coreia é muito diferente daqui, as pessoas daqui tem mais liberdade, na Coreia não. Normalmente namorados coreanos nunca beijam em público, isso lá é falta de educação, mas aqui é normal. Em meu restaurante já vi muitos namorados que se beijam, abraçam. O cearense é muito simpático, tem coração quente. Os coreanos são muito fechados. Eu sou uma pessoa que gosta de falar, de fazer amizade, mas coreano é muito fechado. Aqui as pessoas são muito alegres, eu gostei muito”, revela.

Laíne Carlos
6º semestre

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