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ESCASSEZ: Moradores preocupam-se com a falta de água

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Racionamento de água preocupa a população. Crédito Angélica Oliveira (1)

Fortalezenses apontam causas e soluções para a pior seca enfrentada pelo Ceará em 42 anos

A escassez e o desperdício de água passaram a ser termos recorrentes nas conversas dos fortalezenses. O estado do Ceará enfrenta a pior estiagem de água dos últimos 42 anos, e isso tem preocupado a população.

Para a dona de casa Maria do Nascimento, 57, a previsão de pouca chuva indica que a seca continuará por muito tempo. Maria relembra que sua mãe enfrentou a grande seca passada, e teme que a população de Fortaleza passe pela mesma situação. “Sei que as pessoas no interior já estão sofrendo com a falta d’agua, mas estou preocupada de a situação ficar ainda pior”, comenta.

Para o aposentado Airton Lopes, 69, o racionamento de água deve se tornar mais frequente, para que seja possível garantir que a população tenha água por mais tempo. “Acho que todos têm que fazer a sua parte. O problema é que muita gente não tem noção do que está acontecendo e da importância da água”, diz. Para ele, os governantes precisam intervir para garantir o abastecimento de água nos próximos meses, e, portanto, é aceitável a cobrança da atual multa proposta para quem não reduzir os gastos de água.

A estudante Karine Andrade, 28, teme que bairros da periferia sofram mais com os racionamentos do que bairros centrais como Aldeota e Dionísio Torres. “Espero que não acabem racionando mais a água de nós que moramos na periferia. Já temos muito para nos preocuparmos”, comenta. Para a estudante, uma medida para evitar o desperdício de água seria a proibição do funcionamento de lava-jatos. “É muita água para lavar um carro só. Um carro não vai morrer se não for lavado. Já o ser humano não sobrevive sem água”, alerta.

A secretária Shirley Pereira, 30, acrescenta que o desperdício de água não é somente responsabilidade da população. Ela comenta que a Cagece precisa renovar as tubulações e atender as reclamações com mais rapidez. “Muitas vezes a gente liga para reclamar de cano estourado no meio da rua, mas demoram dias para consertar”, afirma.

Renan William, 18, acredita que o aquecimento global ocasionado pelo efeito estufa tem feito com que a água evapore em maior quantidade. Isso somado à escassez de chuvas, faz com que os açudes sequem de forma mais rápida. “Não é só porque está chovendo muito pouco. Esse aquecimento global faz com que a água dos açudes evapore”, diz.

A ciência explica

O Ceará enfrenta o quarto ano de seca consecutivo, com chuvas 35,2% abaixo da média histórica, e conta com apenas 14,8% de reserva hídrica, atualmente em 153 açudes. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) afirmou que há projeção de poucas chuvas para os meses de dezembro e janeiro. Em entrevista ao jornal O Povo, Eduardo Sávio Martins, presidente da Funceme, afirma que se antes do El Niño o Ceará já enfrentava a seca, agora com a presença do fenômeno, o cenário será ainda pior.

O El Niñoprovoca o aquecimento das águas centrais do Oceano Pacífico que já estão 2,4 graus acima da média. Segundo os meteorologistas,o El Niño aquece as águas superficiais e sub-superficiais do Pacífico-Equatorial e que ainda não possui causas bem conhecidas. Além de ter ocasionado chuvas no Deserto do Atacama, no Chile, e por isso ter provocado o nascimento de flores nessa região, pesquisadores da área acreditam, portanto, que El Niño seja uma grande influência na seca no Ceará.

A seca não tem somente impacto na vida cotidiana do cidadão fortalezense, mas também atinge a população do interior do estado. Fortaleza ainda possui água em seu reservatório, mas algumas cidades, como as do Baixo Jaguaribe, estão com os níveis de água na casa de zero por cento. Agricultores e fazendeiros enfrentam uma série de dificuldades por conta da escassez da água, seja na plantação de frutas, grãos e verduras; seja na criação de gado.

A previsão para o próximo ano, segundo os meteorologistas, é de mais estiagem. Assim, órgãos setoriais, como a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Cagece, Funceme, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) reúnem-se frequentemente para discutir a problemática e tentar encontrar e desenvolver soluções para amenizar os efeitos da seca.

Os dados apresentados no Simpósio Internacional de Climatologia, realizado em Natal, em outubro deste ano, revelam que esta é a pior seca em 42 anos. Com mais informações, os estudiosos esperam conscientizar a população, as organizações e os órgãos públicos para que haja cada vez mais um melhor uso da água.

Angélica Oliveira
8º semestre

 

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