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Veterano na área do Webjornalismo, Emerson Maranhão mostra como é a realidade da profissão que requer cada vez mais conhecimentos e reflexibilidade, e seu percurso no meio

Funcionário do jornal O Povo há quase duas décadas, Emerson Afonso Santos Maranhão, mais conhecido apenas como Émerson Maranhão, é o líder do Núcleo de Audiovisual de Internet há dois anos e meio e mantém um blog ligado ao jornal.

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas, veio morar em Fortaleza nos anos 1990, com o objetivo de estudar no Instituto Dragão do Mar, considerada na época a melhor escola de cinema de todo o Brasil. Se formou em audiovisual e não deixou mais a Terra da Luz.

Émerson Maranhão é chefe do Núcleo de Audiovisual do O Povo há dois anos e meio (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes de trabalhar para o jornal O Povo, foi editor da TV Cidade, trabalhou com assessoria de imprensa relacionada a cinema, escreveu para a crítica especializada de filmes e esteve envolvido na produção executiva de longas-metragens, tanto no Ceará quanto em Alagoas.

No O Povo trilhou um longo caminho antes de chegar onde está agora, sendo repórter especial, de Cidades, Veículos, Esportes, Política, Economia, do Buchicho e Vida e Arte. Também foi capista, editor executivo de Cultura e Entretenimento, e plantonista, cargo que o deixava responsável por tudo que acontecesse de meia-noite até seis da manhã e precisasse ser noticiado.

No Núcleo de Audiovisual trabalha com cadernos especiais, matérias elaboradas e que tenham complementos em forma de webdocs e web séries, além de também executar, criar e pensar toda a produção do audiovisual destinada para a internet. A equipe conta com produtores, editores de imagem e animadores. Até já esteve envolvida na produção de uma animação, feita na sala da equipe, e lançada para comemorar o centenário da aparição de Nossa Senhora de Fátima em Portugal.

O núcleo ainda possui uma grade fixa de hardnews e produtos lançados semanalmente, entre eles o Dois Dedos de Prosa, as Páginas Azuis, Aguanambi, 282, e matérias impressas com desdobramento em audiovisual.

Todas as quintas-feiras é o núcleo que posta a versão digital do Guia Vida e Arte, lançado no impresso toda sexta-feira, e edições especiais que possuam conteúdo audiovisual. Paralelamente a toda essa carga, a equipe do Núcleo se empenha também na produção de projetos especiais, com webdocumentários e web séries. Um exemplo que foi um sucesso de audiência no Youtube foi o documentário Banco Central – O Furto que Não Acabou, uma produção em três partes, que abrange o famoso evento do assalto ao Banco Central de Fortaleza e os dez anos seguintes.

Com a quantia mínima de uma produção por mês, ao longo de dois anos de trabalho já foram feitos mais de 30 webdocs e web séries. Segundo Emerson, é um trabalho desgastante não apenas pela quantidade de produtos para serem entregues, mas também pelo número de recursos utilizados no meio e a necessidade de atender aos padrões de qualidade do O Povo e dos vídeos. “Quando fazemos uma série, todos os episódios dela precisam ter a mesma qualidade de imagem, som, produção e enquadramento. Isso exige muito esforço”, explica Émerson.

O Blog do Maranhão é um desdobramento da coluna semanal Cena G, escrita pelo próprio Emerson há 11 anos, publicada originalmente no Buchicho, e posteriormente no Vida e Arte. A página é atualizada pelo menos uma vez por dia, e se foca em duas vertentes: o universo LGBT, que está dentro do contexto social abordado pelo jornalista, e o universo audiovisual.

Sobre o exercício do jornalismo no ambiente relativamente recente da Internet, comenta que existe uma preocupação constante sobre a função da comunicação na web: “audiência é importante como em qualquer outro meio de comunicação, mas é preciso manter um equilíbrio para não supervalorizar. O objetivo de conseguir cliques não deve levar à criação proposital de conteúdo viral ou meme, mas sim motivar a divulgação de informação relevante”.

Não existe fórmula mágica para conseguir fama na Internet ou uma regra que, se qualquer um seguir, consegue sucesso instantâneo e absoluto. Para Emerson, a questão é a originalidade. Grandes nomes da web se fizeram por terem sido os primeiros a propor uma nova ideia, como o grupo de comédia Porta dos Fundos. Sem uma proposta, discurso ou conteúdo original, conseguir boa audiência fidelizada é quase impossível.

Um pequeno contratempo que os webjornalistas enfrentam é a insistência de outros meios de inserir seus protocolos e modus operandi. A Internet se caracteriza por ter um pouco de tudo, mas precisa não se aproximar demais apenas de impresso, televisão etc. O webjornalista precisa ter um distanciamento para definir o que pode ou não pode ir para a Internet, para que algumas especificidades da linguagem audiovisual sejam experimentadas.

Jornais pelo mundo inteiro estão explorando a linguagem da Internet atualmente, cada um tentando trazer esclarecimento sobre a comunicação.

Por enquanto, não é possível dizer o que ela é, mas a partir do que se sabe que não é, é possível definir o que ela devia ser. Mas, Emerson acredita que, em um futuro próximo, essa visão estará mais nítida, e o jornalismo saberá mais claramente o que é a comunicação na web.

 

Texto: Victoria Franco Nogueira (5° semestre – Jornalismo)

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