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EM TEMPOS DE SECA: Usuários terão que reduzir consumo de água no Ceará

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Moradores do sertão sofrem com a estiagem de chuvas (Banco de imagens Google)

Plano de contingência impõe diminuição do uso e população poderá pagar caro por não cumprimento de meta

A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) vai aplicar tarifa de contingência, a fim de diminuir o consumo de água em Fortaleza e na Região Metropolitana. A medida surgiu diante do quadro de contínua escassez hídrica no estado.A tarifa entra em vigor a partir do dia 19 de dezembro, na capital e no dia 20 nas demais localidades. Com a determinação, o consumidor terá de criar novos hábitos para um consumo consciente.

A tarifaestabelece um percentual sobre as taxas dos clientes que ultrapassarem 90% da média anual do consumo de água. A supervisora da loja de atendimento da Cagece, no bairro Parangaba, Lúcia Girão, 54, afirma que foi autorizado o valor de 120% dos m³ excedidos sobre o volume de água de quem ultrapassar a meta. “A taxa de contingência é para as pessoas diminuírem seu consumo, pois vão ter que economizar 10% no seu consumo total para não serem multadas” explica a supervisora.

Os usuários receberão uma carta com as suas médias calculadas de acordo com perfil de cliente e faixa de consumo. A revisão da Tarifa Extraordinária será cobrada a partir de dezembro, o que tem deixado muitos consumidores preocupados.

A comerciante Maria Elenilza, 51, tem o perfil do cliente comercial e sua média de consumo é de 27m³, já a sua meta será de 24m³. Elenilza disse estar preocupada, pois essa redução no consumo não depende diretamente dela, mas também de sua equipe de funcionários e clientes do seu estabelecimento comercial. Ela terá que fazer com que sua equipe “compre a ideia” de uma nova consciência no uso da água, evitando assim, ultrapassar a meta. “Usamos água para limpeza, asseio pessoal e higienização de alimentos. Até o gotejamento de uma torneira causado por problemas hidráulicos já contribui para o desperdício. Temos que ficar ligados nesses pequenos detalhes, pois quando contabilizados em litros fazem muita diferença”, conclui ela.

O estudante Arnaldo Gonçalves, 29, e sua família tomaram algumas medidas que irão ajudar a cumprir a meta de consumo. O grupo reduziu as lavagens de roupas de três a duas vezes para apenas uma vez na semana; os banheiros eram lavados também três vezes, agora são lavados duas vezes.  “Vamos criar essa consciência de consumo de forma coletiva para evitar o desperdício, ainda mais agora pensando no bolso”, disse Arnaldo.

Crise Hídrica

O ano de 2015 ficou marcado pela escassez de chuvas no Ceará. O Estado enfrentou a seca pelo quinto ano consecutivo. Vários municípios sofreram com o abastecimento de água e, segundo o boletim emitido em 16 de dezembro pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, (COGERH), 132 açudes estão com capacidade inferior a 30%. E o alarmante é que de acordo com a Fundação de Meteorologia e Recursos Hídricos do Ceará (FUCEME) as previsões de chuvas não são animadoras.

Apesar das estimativas, o Ceará vem resistindo à crise hídrica. Porém, existem algumas regiões em que a situação do abastecimento de água agrava-se dia após dia, é o caso dos municípios de Crateús, Novo Oriente, Tamboril, Nova Russas e Independência. Os açudes responsáveis pelo abastecimento dos Sertões de Crateús encontram-se praticamente secos e com volume de 1,15%.

Os moradores da região, principalmente os menos favorecidos,convivem com uma realidade de racionamento de água três vezes por semana. A água que é fornecida muitas vezes não é recomendada para o consumo, obrigando-os a comprar ou contratar carros-pipa. A aposentada Antônia Teixeira, 70, reside em Crateús e vive essa situação. Ela compra água mineral para beber e cozinhar, pois a que chega a sua casa não é própria para consumo. Ela possui uma caixa d’água, onde armazena o que precisa durante a semana.

Masexistem muitas pessoas que não têm reservatório em casa e nem têm condições de comprar. “Aqui você compra água de R$6,00 o galão com 20 litros, e nemsabe a origem da água. É difícil. Os que têm mais condições cavam poços profundos ou contratam carros-pipa para encher suas caixas”, conta D. Antônia.

O pesquisador em geociências da Unicamp, Áquila Mesquita, 24, defende que o Ceará é um estado com grande segurança hídrica, pois tem reservatórios com capacidade de armazenamento para longos períodos sem chuvas. Oproblema é que cada reservatório tem o seu tempo de retorno e, no momento, com a falta de chuvas, medidas devem ser tomadas para tentar controlar a escassez hídrica. A COGERH é responsável por administrar os abastecimentos em algumas regiões, limitando a chegada da água por algumas horas, “é uma maneira de alertar as populações que dependem dos recursos hídricos para economizarem e consumirem a água de uma forma mais consciente” afirma Áquila.

Dicas para economizar água

– Lavar frutas e legumes numa vasilha com vinagre, deixando a torneira fechada;

– Ensaboar toda a louça de uma vez, antes do enxague. Não deixar a torneira aberta;

– Fechar a torneira e o chuveiro ao fazer a barba, passar sabonete ou enquanto escova os dentes;

– Cuidar para que não ocorram vazamentos em canos, torneiras e chuveiros;

– Reutilizar a água da máquina de lavar roupas para a limpeza da casa, carro ou mesmo descarga;

-Ter limites ao regar as plantas;

– Evitar banhos demorados;

Serviço:
Para mais informações sobre a Taxa de Contingência acesse o simulador no site da Cagece :http://www.cagece.com.br/ ou baixe o APP: Cagece Mobile.

 

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