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ECONOMIA: Acesso ao turismo em tempos de crise do Real

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Resorts em Ilha de San Andrés - Colômbia. foto site hotel san luis village

Agências de viagens oferecem novos destinos para a classe C, diante da desvalorização da moeda brasileira

As agências de viagens brasileiras alcançaram um novo público que surgiu da dinâmica de ascensão da classe C, oferecendo variados pacotes de viagens para uma parcela da população que antes não conseguia sair do Brasil. Mas, com a queda do valor da moeda brasileira em relação ao dólar e ao euro, as agências de turismo começaram a sofrer com a ausência da mesma classe C. Agora estas agências começam a se adaptar para manter esses clientes, oferecendo novos destinos.

Desde o início do Plano Real, em 1994, iniciado no governo de Itamar Franco, o brasileiro tem tido um movimento crescente em seu poder aquisitivo, resultando em progressão salarial e melhorias nos créditos, aumentando a possibilidade de compra. Em 2002, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), desenvolvido pelo governo Lula e continuado pelo governo Dilma, facilitou para que algumas classes, que antes não tinham acesso a esse poder aquisitivo, pudessem ter uma capacidade maior de compra. É o caso mais significativo da classe C, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está definida como a parcela da população que possuí uma renda familiar entre 4 a 10 salários mínimos, que neste ano de 2015 chegou ao valor de R$ 788,00.

Houve um aumento significativo do crédito e isso facilitou com que as pessoas pudessem comprar mais. Possibilitou também que elas tivessem acesso a outras áreas que antes não tinham condições de custear como: faculdades, financiamento de casas e automóveis, saúde e atividades de lazer, como viagens.

No lazer estão incluídas as viagens nacionais e internacionais, as quais as agências de turismo são responsáveis por prestar consultoria aos clientes. A agência oferece um serviço que abrange desde a organização antes da viagem à escolha do destino junto com o cliente. Após a decisão da compra da viagem, são oferecidas as melhores opções de companhias aéreas, hospedagem e passeios, projetando uma possível avaliação do que pode ser gasto no destino, e oferecendo uma real simulação dos valores de consumo no país escolhido.

Analisando a economia do país desde o início do Plano Real, em 1994 até 2015, a moeda brasileira sempre caminhou entre valorizações e desvalorizações em relação ao dólar e ao euro. Mas podemos observar um constante decréscimo desde 2012, atingindo hoje uma desvalorização com o dólar cotado a R$ 3,81 reais, agravado nos últimos anos devido ao cenário de inconstância política no país.

Atentos a esta realidade, as agências de turismo sofreram com a ausência da mesma classe C. Segundo a pirâmide de Maslow, que mensura a hierarquia das necessidades sociais do ser humano, a classe C já havia atingido o nível da Estima,somente frequentado pelas classes A e B, realizando atividades de consumo relacionadas ao seu novo poder aquisitivo. Agora, necessita adaptar-se para manter alguns privilégios, como o caso das viagens internacionais.

O turismólogo Tiago Teixeira, 33 anos, coordenador de vendas do Clube Turismo Rio Mar em Fortaleza, acompanha este aumento na procura de viagens internacionais. Países antes visitados apenas pela classe A e B como EUA, França, Alemanha, começaram a ser procurados também pelo público da classe C.

Segundo Tiago, as agências que não souberam se adaptar diante do aumento do dólar e do euro, tiveram que fechar as portas. Outras agências puderam adaptar-se a esta nova dinâmica para a classe C, visto que o consumo em países que utilizam o dólar e o euro está muito elevado. O turista que tinha suas viagens já compradas desde o inicio do ano com destinos internacionais, como Europa ou EUA, continuaram viajando, porém reduzindo os seus gastos, economizando em termos de hospedagem, atrativos, compras e diversões que iriam usufruir no local.

Para adaptar a classe C a este momento econômico do país, foi necessário criar estratégias de marketing e estimular outros roteiros turísticos, em países na América do Sul que antes não eram muito procurados. Como é o caso do Caribe Colombiano, Montevidéu, Uruguai, Paraguai e até mesmo cidades brasileiras como o Pantanal Mato-grossense.

O cliente que viajava para fora do país, gastava em um pacote R$ 5 mil reais para ir aos EUA. Hoje, as agências estão criando uma nova estratégia para que esse cliente de R$ 5 mil reais gaste dentro do Brasil, ou em outra viagem mais curta, desde que seja dentro dessa realidade de países da América do Sul.

O atrativo está nos baixos valores de consumo nos países sul-americanos. Enquanto nos EUA o cliente gasta em dólar, na cidade de San Andrés, chamada de Caribe Colombiano, localizada a 780 km da capital Bogotá, a moeda utilizada é o peso colombiano. O valor de um peso colombiano equivale a R$ 0,0011 centavos de real. Outro fator atrativo para os países da América do Sul é a possibilidade de usar a moeda brasileira sem ser obrigado a realizar a conversão para a moeda da localidade escolhida. Mas as agências aconselham seus clientes, por critério de logística, a realizar a conversão antes de viajar, para não ter problemas no momento das compras com cálculos de conversão. Na Europa e nos EUA a conversão é obrigatória antes da viagem.

O setor turístico encara o próximo ano como um período muito difícil, mas fazendo planos de melhorias. Todas as agências e trade turístico estão se adequando a essa realidade econômica, ajustando tarifas e fazendo projeções para o ano 2016.

Thiago Daniel
8º semestre

 

 

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