CIDADE DOS FUNCIONÁRIOS: Atraso em obras de saneamento gera transtornos

Com construções pendentes desde setembro, conclusão está prevista para abril de 2016

Obras têm dificultado o acesso de moradores e carros às ruas do bairro (Fotos: Matheus Ribeiro)

O ritmo lento no qual avançam as obras do sistema de saneamento básico no bairro Cidade dos Funcionários causa transtornos para quem mora no local. Além da demora na conclusão do projeto, a falta de sinalização interfere no tráfego de veículos e pedestres que transitam pelo trecho.

As obras de infraestrutura para a instalação da rede de esgoto no bairro tiveram início ainda em setembro de 2014. De lá para cá, várias ruas da região tiveram as construções concluídas. Entretanto, devido ao serviço mal feito, outras estão sendo refeitas e algumas ainda não foram concluídas.

Segundo a fisioterapeuta e moradora do bairro, Sandra Veras, 52, a situação piora durante o período de chuvas. “Quando chove a água alaga o local da obra e os trabalhadores ficam impossibilitados de continuar o serviço, e isso acaba atrasando cada vez mais a obra”, afirma.

Já para o professor Giovanni Brayner, que também mora nas redondezas, existe uma grande demora na conclusão da obra. Além disso, os reparos no asfalto, para tampar os buracos, não são bem feitos. “Eles cavam o buraco, instalam todos os canos, mas aí na hora de aterrar novamente não fazem direito. Colocam de qualquer jeito e a rua fica toda desnivelada, isso quando o buraco não abre de novo”, disse.

Como o asfalto tem que ser quebrado, as ruas ficam mais estreitas (Fotos: Matheus Ribeiro)

Em entrevista ao site do Governo do Estado do Ceará, o secretário das Cidades, Ivo Gomes, afirma que estão sendo investidos R$ 350 milhões somente nas localidades que ficam no entorno do Rio Cocó, que estão sendo beneficiadas com a implantação de rede de esgoto. O orçamento previsto é de R$ 103,4 milhões e a previsão de entrega é em abril do próximo ano.

Por meio do projeto de urbanização do rio, os bairros Edson Queiroz, Guararapes, Jardim das Oliveiras, Cidade dos Funcionários, Parque Manibura, Parque Iracema, Engenheiro Luciano Cavalcante e Cajazeiras deverão ser beneficiados com o sistema.

Ainda de acordo com o secretário, a medida de saneamento é essencial para evitar problemas de saúde. “Falar de saneamento é falar também de saúde e de meio ambiente. A melhoria das condições do saneamento básico tem impacto direto na qualidade de vida das pessoas. Comprovadamente, a adequada coleta de esgotos domésticos reduz a ocorrência de doenças causadas por parasitas e preserva nossos já poucos mananciais de água potável”, afirma Ivo.

Rede de esgoto ainda é desafio em Fortaleza

O sistema de esgotamento sanitário na capital cearense ainda apresenta muita disparidade em seus bairros. Em fortaleza, o acesso à rede de esgoto não está nem próximo do essencial. Somente 57% da população são atendidas com o sistema.

Segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), nos próximos quatro anos, cerca de R$ 1,6 bilhão deve ser investido para ampliar os serviços de saneamento em todo o estado.Em relação à capital cearense, o sistema de esgotamento, que atualmente atinge 57% da população, deve ser elevado a 81%.

De 2011 a 2013, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil, cerca de R$ 220 milhões foram investidos no saneamento de Fortaleza.

Apesar da atual situação, a entidade nacional afirma que o Ceará está entre os dez estados brasileiros que mais investiram recursos neste caso.Segundo o último levantamento do Instituto, realizado no ano passado, Fortaleza ocupa a 66º posição no ranking do saneamento básico nacional.

Meta de universalização

Com o atraso de algumas obras deste tipo de serviço, o Ceará coloca em risco a meta nacional do Projeto de Aceleração e Crescimento (PAC). O planejamento de saneamento tem como objetivo universalizar o sistema de água e esgoto sanitário até 2030.
Conforme o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANAB), divulgado pelo Instituto Trata Brasil, “o custo para universalizar o acesso aos quatro serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033”.
Dentre os objetivos do PAC está a proposta de tentar aumentar o número de famílias que possuem tratamento de esgoto, tendo em vista que apenas 39% dos esgotos do país são tratados.

Matheus Ribeiro
5º semestre