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Jeovah Meireles condena prática de racismo ambiental nas áreas do Pecém e no parque do Cocó

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Estudantes da Fa7 puderam refletir sobre a importância da participação da sociedade na construção de uma cidade sustentável

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Em palestra na Fa7, o geógrafo Jeovah Meireles conversou com estudantes de Jornalismo sobre o tema “Sistemas ambientais urbanos para o bem viver e cidades sustentáveis”. (Foto: Rinaldo Duarte)

A disciplina de Seminários Avançados de Responsabilidade Social e Ambiental recebeu na noite desta segunda-feira, 2, o professor Jeovah Meireles, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará. Doutor em Geografia Física pela Universidade de Barcelona, ele ministrou palestra sobre a relação social com o meio ambiente, a partir do tema “Sistemas ambientais urbanos para o bem viver e cidades sustentáveis”.

A palestra contou também com a presença dos alunos da cadeira de Legislação e Ética em Jornalismo, coordenada pela professora Vânia Tajra.

Os estudantes puderam ampliar o conhecimento, no que se refere às alternativas voltadas para o bem viver urbano. Jeovah Meireles falou sobre sua experiência na elaboração de projetos e estudos ambientais de áreas verdes que iriam sofrer intervenções do governo do Estado.

De acordo com Meireles, a prática do racismo ambiental, no qual comunidades são inviabilizadas pelo Estado, em virtude da matriz desenvolvimentista, é frequente. O professor citou, como exemplo, a construção do Complexo Portuário do Pecém. “O porto do Pecém interferiu diretamente na vida de comunidades indígenas que moravam na área”, frisou.

Ele elaborou junto com os indígenas um mapa com a área ocupada pela comunidade. De acordo com Jeovah, os técnicos ambientais do governo do Estado apresentaram um mapa da área. No entanto, a versão deste mapa não apresentava sequer um terço da área real ocupada pela comunidade.

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Para Jeovah Meireles, pesquisas acadêmicas sobre biodiversidade e infraestrutura urbana são essenciais para dar visibilidade ao problema. (Foto: Rinaldo Duarte)

Dentre os pontos elencados como causas dos impactos ambientais, apontou o mercado imobiliário e a falta de uma legislação ambiental que proteja o meio ambiente e estabeleça as relações entre o social e a natureza.

Ele destacou a importância do estudo acadêmico na área, para dar visibilidade à gestão da biodiversidade e da infraestrutura urbana. “Estudar os conflitos dos atores sociais que resistem aos processos de mobilização dos recursos ambientais, é compreender o poder da informação. Trata-se da maior ferramenta para combater a apropriação dos espaços verdes de maneira inadequada”.

A estudante de Jornalismo, Julyta Albuquerque, que esteve presente na palestra, destacou a importância do assunto para a sociedade. “Trata-se de um tema atual, que vem causando polêmica devido às manifestações”.

Julyta complementou afirmando que, no caso da construção do viaduto no parque do Cocó, existem alternativas, como bem apontou Meireles. “Nós temos outros projetos que minimizam o problema da mobilidade urbana, sem afetar tanto o ambiente. Acredito que esta obra tem soluções econômicas, sociais e ambientais, e devem ser construídas de forma participativa e democrática”, destacou o professor.

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Meireles foi convidado pelo professor Miguel Macedo para palestrar na disciplina de Seminários Avançados de Responsabilidade Social e Ambiental. (Foto: Rinaldo Duarte)

Já Amanda Nogueira, concludente de Jornalismo, ressaltou que o tema deve ser discutido pela sociedade com responsabilidade. “É importante trazer esse debate para os alunos de jornalismo e publicidade, profissionais que trabalham com a informação, para sensibilizá-los sobre a manipulação da mídia na divulgação dos fatos”, pontuou.

De acordo com o professor da disciplina de Seminários Avançados de Responsabilidade Social e Ambiental, Miguel Macedo, a palestra sobre o bem viver urbano teve como objetivo ampliar o campo de conhecimento dos alunos sobre essa relação do homem com o meio ambiente.

No final do evento, o professor Jeovah Meireles conversou com o Quinto Andar e falou sobre sua impressão do debate. “A palestra serviu para auxiliar a qualidade da informação, levando em conta as diversas dimensões ambientais, sociais, ecológicas e simbólicas. Além de discutir a importância das áreas verdes e ecossistemas, nós pudemos perceber a necessidade de uma participação mais ampla da sociedade, para a construção de uma cidade sustentável”.

Meireles ainda pontuou sobre a importância do debate para os futuros profissionais publicitários e jornalistas: “O jornalista e o publicitário devem analisar a lógica de apropriação dos espaços das políticas públicas formuladas e levar em conta a necessidade de qualificar o debate, para manter a sociedade devidamente informada”.

Anna Regadas
7º semestre

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