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SANTA TEREZINHA: Histórias do Morro contadas em décadas

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Reportagens

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Antigo ponto turístico de Fortaleza, o local vive de um passado nostálgico e incertezas sobre o futuro

Vista panorâmica da duna que divide o Mucuripe do Papicu no Morro Santa Terezinha (Foto: Diêgo di Paula)

As décadas de 1970, 1980 e o final dos anos 90 foram brilhantes para o Morro Santa Terezinha, localizado quase à beira mar de Fortaleza. Tão brilhante que o polo de restaurantes e bares era conhecido como “Calçada de Estrelas”, devido à vista privilegiada do local, no bairro Vicente Pinzon. Os bons ventos sopraram até a chegada de uma crise financeira que fez com que os comerciantes saíssem para nunca mais voltar.

A socióloga Fátima Garcia e mestra em Meio Ambiente e Desenvolvimento, explica que a situação foi agravada com “os fracassos e sucessivos planos ecônomicos impostos pelo Governo Federal nos anos 80: Plano Cruzado e Plano Cruzado II em 1986; Plano Bresser, em 1987; Plano Verão, em 1989; e a pá de cal teria sido o famigerado Plano Collor em 1990”. O resultado desse afastamento e o consequente abandono foi o desenvolvimento desornado e aleatório do morro que se viu cercado de violência e ilegalidade.

Apesar do esquecimento pelos turistas e comerciantes, os moradores mais antigos continuam em suas moradas e tentam, por iniciativa própria, requalificar o espaço. “A comunidade nos últimos anos vem ocupando os demais espaços do morro, tanto como as quadra, praças e, principalmente, o Mirante. Um processo de requalificação não se dá apenas por uma pintura ou reformas pontuais, mas uma política pública que integre o lugar para prioritariamente quem mora nele”, pontua o pós-graduando em Gestão Pública, Diêgo di Paula de Araújo.

Pôr do sol visto do alto do Mirante encanta diariamente os moradores e curiosos (Foto: Diêgo di Paula)

Pós-graduando em Gestão Pública, Diêgo avalia a atuação da prefeitura como existente, mas ressalta que a história do lugar deve ser conhecida para que a desinformação entre gerações não seja gritante. “O sentimento de pertencimento das pessoas com o lugar, encontra-se fragmentado pelas gerações antigas e novas. Com a tentativa de reaproveitamento do espaço com a reconstrução da área física, pode-se rapidamente ficar abandonado outra vez, principalmente se não for feito um resgate da importância história do local”, ressalta.

Além das dificuldades enfrentadas diariamente pela população, melhorias são reconhecidas e celebradas como o transporte público e o acesso à água. “Era difícil por ser um morro bastante alto”, relembra a ex-moradora Linduina Parente.

O processo de requalificação está se dando de maneira lenta, mas é importante reconhecer que ele existe. A nova atração do morro será o bar “Chega, Tereza”, a ser inaugurado ainda neste semestre no Mirante, que foi e ainda é um dos lugares mais bonitos da cidade.

 

Texto: Leonardo Costa (3º semestre – Jornalismo)
Fotos: Diêgo di Paula

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