DESCASO: Moradores do Dendê aguardam melhorias na comunidade
Criminalidade e o descaso das autoridades atingem os jovens da comunidade mais conhecida do bairro Edson Queiroz
A líder comunitária Antônia Augustinho, 73, moradora do Dendê, desde que a comunidade surgiu, conta que, mesmo a comunidade conseguindo conquistas como água encanada e a permanência da moradia, ainda se tem muito que melhorar. Segundo Antônia, os moradores sempre cobram pelo policiamento na área, e, se for preciso, vão até a delegacia que fica próxima da comunidade. “Sempre quando não vemos o patrulhamento do Ronda, ligamos cobrando. Se precisar eu vou à delegacia aqui do bairro. Tem de cobrar, né? Sabemos dos nossos direito”, completa.
A líder diz que, apesar do bairro não ter saneamento básico e a coleta de lixo não ser regularizada, isso “é o de menos. Aqui falta muita coisa. O pior de tudo, porém, é a ‘bandidagem’ que existe e, é muito grande. As crianças daqui, que não têm lazer, não têm ocupação, saem da escola e a única coisa que existe pra elas brincarem é uma praça. Lá eles acabam se envolvendo com coisa ruim,” afirma Antônia.
A praça citada pela líder comunitária é bastante frequentada pelos jovens da comunidade. Como único espaço de lazer, é sempre lotado por jovens praticando esportes, principalmente futebol. João Victor, 14, diz jogar bola todos os fins de semana na praça, mas que só da pra jogar pela manhã devido à falta energia elétrica no espaço. Com isso, alguns garotos usam a praça para consumir drogas. “A gente joga bola de manhã e de tarde, mas não dá pra jogar de noite porque não tem energia na praça. Também não há mais mesa , pois foi arrancada e o chão tá todo quebrado,” disse o adolescente.
O descaso com a comunidade afeta todos os moradores. Em fevereiro deste ano os ônibus que circulam no bairro foram proibidos por traficantes de fazer a rota completa da linha Edson Queiroz. Deixaram de passar em alguns locais do bairro devido a uma discussão de trânsito entre o motorista do ônibus e um traficante.
A reportagem tentou falar em diferentes oportunidades com a Regional VI, mas as tentativas foram em vão. A assessoria de imprensa não atendeu a qualquer das ligações, nem retornou ou respondeu ao e-mail solicitando entrevistas.
Laíne Monteiro
3º semestre