Notícias

ANA LÚCIA MACHADO: O futuro do jornalismo em um cenário otimista

Categoria:

Entrevistas, Texto

0

Ela acredita na especialização da profissão como aprofundamento de conhecimento necessário ao cidadão comum

O jornalismo especializado é uma descoberta da sociedade contemporânea. O consumidor apresenta cada vez mais um perfil delimitador, mais detalhista e seleto, de acordo com suas afinidades. Cria-se uma demanda de conteúdo maior, e, por consequência, um conteúdo mais especializado.

Hoje, encontra-se o jornalismo em segmentos tais como Ambiental, Científico, Comunitário, Político, Econômico, Esportivo, Cultural e Feminino. A jornalista Ana Lúcia Machado trabalhou na área de Economia e afirma que o fato dos profissionais se dedicarem mais a apenas um conteúdo, resultou no aprofundamento do conhecimento e na proximidade com o leitor, impactando positivamente a vida das pessoas. Sobre o tema, acompanhe a entrevista ao Quinto Andar.

"Sou muito otimista. Às vezes esquecemos que fazemos história", relata Ana Lúcia Machado (Fotos: Ana Clara Cabral)

“Sou muito otimista. Às vezes esquecemos que fazemos história”, relata Ana Lúcia Machado (Fotos: Ana Clara Cabral)

 

Quinto Andar – Como você analisa o jornalismo de Economia hoje e as principais diferenças comparando-o com outras épocas? O que melhorou e piorou?
Ana Lúcia Machado: Nós evoluimos do ponto de vista da linguagem. É voltada para o cidadão comum. Na minha época, nós, da Economia, falávamos muito o “economês”, e não era fácil de entender. Até porque naquele tempo nem todo mundo era obrigado a entender de economia ou ler economia. Hoje, as pessoas perceberam que a economia está na vida delas e é importante que elas saibam o que está acontecendo. Isso se deve muito à forma como o jornalismo moderno conseguiu decodificar os termos para uma linguagem mais popular. Atualmente, as pessoas entendem mais, leem mais, gostam mais, graças à proximidade do jornalista com o público.

QA: A imprensa de um modo geral se pauta em assuntos sobre jornalismo de Economia nos momentos de crise, do agendamento, sem tratar sistematicamente a questão. Como o jornalista de Economia pode melhorar esse debate na mídia, em tempos de convergência?
ALM: Discordo. Hoje, a economia e a política estão muito atreladas. O que dita a economia não é mais o mercado, e sim os objetivos políticos. A economia e a política nunca estiveram tão casadas. Acredito que há, sim, uma sistemática. Basta olhar os espaços dispostos nas páginas do jornal.

QA: Você acha que na graduação dos cursos de Jornalismo falta alguma disciplina específica de Economia para conscientizar os futuros profissionais sobre o conhecimento e divulgação deste segmento?
ALM: Acho que faltam várias disciplinas. Por exemplo, Sustentabilidade, para que o jornalista tenha conhecimento para escrever, e não apenas aprender na hora, fazendo a matéria. Também acredito necessária Política, abrangendo as legislações. É importante aprender como é a linguagem específica, quando o jornalista vai pra rua é obrigado a conviver.

QA: O que pensa sobre o futuro jornalístico no Ceará e no Brasil?
ALM: Sou muito otimista. Às vezes esquecemos que fazemos história. Que daqui a um tempo o nosso texto vai ser lido como uma referência. Daqui a 20 ou 30 anos, aquilo que escrevemos vai ter uma relevância histórica. O jornalista às vezes esquece da sua importância, de narrar, contar os fatos, fotografar e deixar para as futuras gerações. Acho que é uma profissão linda, mas que tem seus percalços. Por exemplo, a má remuneração. E isso nunca vai deixar de existir, assim como o amor pela profissão e a busca em sempre fazer o melhor. O que vai mudar são as ferramentas, mas nunca o perfil do jornalista.

QA: Na sua trajetória profissional, o que mais contribuiu para se destacar no jornalismo? Como obteve sucesso nesse mercado tão competitivo?
ALM: Eu não acho que tenha me destacado. Nós somos operários da informação. Vim de uma geração que saíamos da faculdade todos empregados. Tive muita vontade, muita paixão. As oportunidades eram mais fáceis. Naquela época havia menos jornalistas, era uma situação muito mais favorável. Por isso, se eu for analisar, creio que a época propiciou. Hoje vocês enfrentam outras batalhas. O nível das exigências mudou, a concorrência no mercado aumentou de forma absurda. Considero que a situação de vocês, comparada com a nossa, é bem menos confortável.

QA: Quais foram os melhores e piores momentos que você viveu como repórter?
ALM: Entrevistei muita gente legal, mas também vivi momentos ruins. Tive que conviver com tragédias, como a queda do avião da VASP, a maior tragédia e o pior momento que vivi profissionalmente. Ao menos tempo foi o momento de maior aprendizado. Pude ver meu editor trabalhando com firmeza ao mesmo tempo das lágrimas escorrendo.

QA: O que tem feito atualmente? Quais seus projetos e planos?
ALM: Trabalho com assessoria de imprensa do Sebrae e também sou repórter da revista Plenário, da Assembleia. Não pretendo demorar muito mais tempo na assessoria. Vou ficar só na revista porque lá é um trabalho maravilhoso. Não pretendo me aposentar, vou trabalhar até quando der.

Ana Clara Cabral
7º semestre

Tags: , ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 × quatro =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.