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Judô: caminho suave da transformação na vida de crianças com deficiência visual

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Esporte fortalece mente e espírito e transforma vidas, aumentando autoconfiança e habilidades sociais

Texto: Leonardo França (6º semestre/UNI7)

Delegação do Ceará nas paralimpíadas 2023 / Imagem: Arquivo Pessoal

Arte marcial japonesa, que significa “caminho suave”, onde o corpo é utilizado como alavanca para envolver e imobilizar o adversário, o judô utiliza a força do outro em benefício próprio, tendo como principal objetivo fortalecer o físico, a mente e o espírito de forma integrada, além de desenvolver técnicas de defesa pessoal.

Praticá-lo traz benefícios não só do ponto de vista físico, como também na formação do caráter do atleta. O judô contribui para o desenvolvimento da disciplina, do raciocínio, na melhora da concentração, no fortalecimento da autoconfiança e proporciona o autoconhecimento.

E são nos tatames da vida que esses ensinamentos do esporte se aplicam. Muito mais que um simples técnico de defesa e ataque, encontram-se histórias de superação, transformação e resiliência que superam qualquer tipo de limitação. 

Atletas de Judô do Ceará nas paralimpíadas 2023 / Imagem: Arquivo pessoal

TRANSFORMANDO VIDAS
A Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), também conhecida como Instituto de Cegos, é uma entidade filantrópica que promove a inclusão e o desenvolvimento das potencialidades de pessoas com deficiência visual. Fundada em 1942 em Fortaleza, dedica-se à inclusão e ao atendimento de pessoas com deficiência visual, oferecendo serviços educacionais e de saúde, além de assistência social.

Seu trabalho é voltado para garantir o acesso a cidadania e melhorar a qualidade de vida dos deficientes visuais.

Em parceria com a Enel Ceará e a Associação D’Eficiência Superando Limites (Adesul) , a SAC oferece aos alunos com deficiência visual atividades adaptadas de xadrez, judô e goalball, modalidade voltada a cegos. Com treinos semanais e participação em campeonatos, esses projetos objetivam promover a saúde física e mental, melhorando a qualidade de vida dos participantes.

Tiane com aluno do instituto / Imagem: Arquivo pessoal

Motivada a trabalhar com crianças cegas após assistir às Paralimpíadas Escolares em São Paulo, em 2012, a professora voluntária e ex-atleta de judô, Tiane Nogueira, que dá aula no instituto, reconhece que o esporte é uma ferramenta de transformação significativa na vida dos praticantes. O evento que reúne mais de 1200 crianças em diversas modalidades esportivas.

Para Tiane, os ganhos são muitos, tanto na parte física quanto no aprimoramento das técnicas beneficiando equilíbrio, agilidade, flexibilidade e coordenação, bem como emocional, que envolve o autocontrole, respeito com o próximo, desenvolvimento da capacidade de analisar a realidade que o cerca e também os ganho na parte social.

“Nas competições, o esporte desempenha um papel fundamental para crianças com deficiência visual, permitindo que elas representam seu estado e tenham as mesmas oportunidades que outras. Elas podem mostrar que também podem alcançar o lugar mais alto do pódio, conhecer crianças de outros estados e formar novos laços. Os ganhos que o esporte proporciona na vida desses atletas são imensos”, explica.

Além disso, Tiane destaca que o esporte não apenas promove a inclusão dessas crianças, mas que fortalece a autoconfiança e a autoestima delas. Quando participam de competições, os jovens atletas cegos têm a oportunidade de desafiar limites e superar obstáculos, demonstrando sua habilidade e determinação.

Fernanda Maria, mãe de Alice, uma atleta de 15 anos da SAC, observa uma mudança notável em sua filha desde que ela começou a praticar judô. Essa transformação é evidente não apenas no sorriso de Alice ao final de cada treino, quando se reúne com a mãe, mas também em sua confiança que só cresce.

“Ela começou há pouco tempo, mas já vejo como o judô tem mudado a vida dela. Está mais confiante, quer treinar e competir, e quer melhorar seu desempenho. Ela é introvertida, mas tem se identificado bem com o esporte e com os colegas. Gosta de estar com eles, tanto no tatame quanto fora dele. Tem pensado em treinar jiu-jitsu para complementar o judô e competir, e tem sorrido e falado bastante do esporte”, declara a mãe de Alice.

Tiane e Alice com aluno do instituto / Imagem: Arquivo pessoal

FAMÍLIA E INSTITUTO
A relação entre as famílias dos atletas cegos e a SAC é marcada pela colaboração e apoio mútuo. As famílias desempenham um papel fundamental de incentivo à participação dos filhos nas atividades oferecidas pelo instituto, tanto nos esportes como também em outros programas educacionais.

Tiane ainda ressalta que a parceria entre famílias, escola e esporte é essencial para o desenvolvimento integral dos alunos cegos. Ela destaca que, além do apoio emocional e logístico, as famílias também colaboram ativamente na adaptação das atividades esportivas e educacionais, garantindo assim uma experiência inclusiva e enriquecedora para todos.

“Nossa relação é a melhor possível, criamos um vínculo, virou uma família. Não é fácil para uma mãe entregar seu filho para ir a São Paulo disputar uma paralimpíada escolar. Eu agradeço muito a parceria, família, escola e esporte”, acrescenta a professora.

MOMENTO ESPECIAL
Em um momento especial, que marcou a trajetória de Alice no judô, ela foi convidada a treinar em uma academia fora de Fortaleza. Era a inauguração do novo tatame, e seria a primeira vez que sua mãe Fernanda a veria praticando judô. Tiane, sua professora, a guiou e posicionou para uma breve luta após o aquecimento. Foi um momento emocionante, onde Fernanda pôde testemunhar de perto o progresso e a determinação de sua filha.

O apoio contínuo e o envolvimento ativo das famílias são pilares fundamentais para o sucesso e a inclusão dos atletas cegos, proporcionando lembranças memoráveis como esse, que fortalecem ainda mais os laços entre todos os envolvidos.

“Foi muito bom ver a determinação dela para conseguir se sair bem e ao mesmo tempo ajudar a adversária no que deveria fazer. Foi ali que vi o quanto o judô é importante para ela”, relembra a mãe de Alice.

Alice praticando judô pela primeira vez fora de Fortaleza / Imagem: Arquivo pessoal

A comunidade pode apoiar programas como o do Instituto dos Cegos, seja pressionando por políticas públicas, ampliando a divulgação do trabalho realizado ou contribuindo com doações de alimentos, visto que a instituição opera de forma filantrópica. O apoio da comunidade é crucial para sustentar e ampliar tais iniciativas.

SERVIÇO
PIX 
CNPJ: 07.018.138/0001-67
TED – BANCO DO BRASIL
Ag: 2937 – 8
Conta Corrente: 119980-3
CNPJ: 07.018.138/0001-67
Sociedade de Assistência aos Cegos

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