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Canoagem: inclusão e visibilidade chamam atenção e quebram barreiras

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Esportes com remo ganham notoriedade no Brasil após sucesso de atletas brasileiros. Acessibilidade caminha junto e mostra pleno crescimento

Texto: Felipe Justa (5º semestre/UNI7)

Werley Carneiro em competição de paracanoagem / Imagem: Arquivo pessoal

Nos últimos anos, houve aumento significativo na inclusão nos esportes em geral, como indicam dados divulgados pelo Comitê Paralímpico Internacional e por organizações esportivas nacionais. Esses relatórios revelam que mais de 15% dos atletas participantes em competições esportivas são pessoas com deficiência, representando um notável aumento em comparação com décadas anteriores.

Especificamente nos esportes aquáticos, como a canoagem, os dados da Federação Internacional de Canoagem mostram que o número de atletas com deficiência envolvidos na modalidade aumentou em mais de 20% nos últimos cinco anos.

Esses números refletem um esforço crescente para tornar o esporte mais acessível e inclusivo, por meio de programas de inclusão e treinamento específicos para atletas com deficiência, além de iniciativas para tornar instalações e equipamentos mais adaptados.

Os dados não apenas evidenciam o progresso na inclusão nos esportes, mas também incentivam o contínuo desenvolvimento de programas e políticas que promovam a acessibilidade e a igualdade no esporte.

INCLUSÃO NA PRÁTICA
O acentuado crescimento na inclusão nos esportes aquáticos, principalmente na canoagem, se tornou evidente, por exemplo, no aumento do número de atletas e competições na modalidade. Isso pode ser observado na crescente procura pela modalidade de paracanoagem, voltada exclusivamente para pessoas com deficiência.

Segundo dados da Federação Internacional de Canoagem, o número de atletas registrados em competições de paracanoagem aumentou em mais de 40% nos últimos cinco anos.

Wercley Carneiro, ex-atleta cearense de paracanoagem e multicampeão na modalidade, destaca a inclusão promovida no esporte em seu Estado. “No Ceará, somos incríveis na inclusão. O Projeto Remar, que atua na Beira Mar, em Fortaleza, mostra bem isso”, ressalta o ex-atleta. 

O Projeto Remar na Beira Mar é uma iniciativa de voluntariado que busca promover a inclusão social e o desenvolvimento comunitário, especialmente entre crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Geralmente, envolve atividades como aulas de esportes, recreação, educação ambiental, apoio educacional e outras formas de suporte social.

Wercley Carneiro também destaca a principal lição aprendida em seus anos de prática de canoagem e em suas experiências competitivas. “A principal lição que aprendi foi sobre disciplina e seriedade. Como atletas cearenses, enfrentamos uma grande dificuldade em distinguir entre o esporte como lazer ou participação e o esporte de alto rendimento”, afirma o multicampeão na modalidade de paracanoagem. 

Para a profissional de educação física e empresária do ramo, Cláudia Casas, a canoagem é bastante convidativa e atrativa para as pessoas com deficiência. 

“A canoagem é um esporte super convidativo, pois o equipamento proporciona uma sensação de segurança com a presença da ama, parte lateral que equilibra a embarcação. Além disso, é possível remar junto com outras pessoas e o instrutor na mesma embarcação, facilitando muito a prática”, disse Cláudia Casas.

Para que a inclusão nos esportes com remo, assim como em todos os outros, siga crescendo, atraindo cada vez mais público e chamando atenção de pessoas com necessidades especiais, Cláudia diz ser necessária a implementação de novas políticas públicas.

“Através de projetos e políticas públicas voltados para esse público, ele se sente acolhido e experimenta um forte sentimento de pertencimento”, afirmou a profissional de Educação Física.

COMPETIÇÕES
Apesar do sucesso em competições de paracanoagem, Wercley acredita que não existem estrutura e projetos suficientes no Ceará para aqueles que desejam competir na modalidade.

“Muitas vezes, encaramos tanto o esporte como lazer ou participação, quanto o esporte de alto rendimento, como brincadeiras ou simplesmente oportunidades de viajar. No entanto, no esporte de alto rendimento, o foco está nas competições de nível mundial e nas Olimpíadas, sem espaço para inclusão. Tentamos conciliar os dois ao mesmo tempo, mas isso resulta na dificuldade de produzir campeões internacionais no Ceará. Além disso, não temos um trabalho de alto rendimento estabelecido, o que contribui para esse desafio”, enfatiza Wercley Carneiro.

CANOAGEM EM ASCENSÃO
Nas Olimpíadas de 2016, sediadas no Rio de Janeiro, o canoísta baiano Isaquias Queiroz encantou o povo brasileiro ao se tornar o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma mesma edição dos jogos. O canoísta ainda conquistou o ouro olímpico em Tóquio, nos jogos de 2021, e recentemente garantiu vaga para as Olimpíadas de Paris.

Desde a ascensão de Isaquias Queiroz, a canoagem nunca teve tanta visibilidade no Brasil. A Confederação Brasileira de Remo estima que o número de jovens participantes em programas de iniciação ao remo tenha dobrado nos últimos três anos. Essa estimativa reflete o interesse crescente da juventude pelo esporte e o investimento contínuo em programas de desenvolvimento de talentos em todo o país. 

O número de clubes e instalações para a prática do remo tem crescido significativamente em todo o país, com um aumento de mais de 30% na construção de novos clubes nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Confederação Brasileira de Remo.

Para Cláudia Casas, Isaquias Queiroz e outros esportistas brasileiros de sucesso na modalidade têm forte influência no constante crescimento do esporte. “De forma indireta, acredito que colaboram para uma maior visualização dos esportes aquáticos no nosso país”, afirma Cláudia Casas.

Cláudia, que é empresária do ramo da canoagem no Estado do Ceará, também enfatiza que consegue perceber na prática o crescimento da canoagem, principalmente no aumento do número de inscrições em competições. “Um bom indicativo é o número de atletas inscritos no campeonato cearense de canoa havaiana, cuja participação aumenta a cada ano. Além disso, há uma grande procura nos finais de semana por famílias e empresas por eventos cooperativos”, finaliza a empresária.

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