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REPORTAGEM: Responsabilidade e ética no jornalismo policial

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Reportagens, Texto

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Jornalismo coletivo e compartilhado e o uso da câmera oculta são debatidos por profissionais em Seminário

sdras Marchezan; Ed Wanderley e Ciara Carvalho palestram sobre reportagens multimídia (Foto: Jackson Pereira)

sdras Marchezan; Ed Wanderley e Ciara Carvalho palestram sobre reportagens multimídia (Foto: Jackson Pereira)

Ética e comprometimento foram temas abordados na programação do 4º Seminário Regional de Jornalismo Investigativo da ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), realizado no sábado, 18, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), em Recife. O painel “Jornalismo policial: novos métodos e novas oportunidades” trouxe os jornalistas Leandro Sant’Ana, da TV Record, e Laura Capriglione, da Ponte.org, para a discussão sobre novas formas de se fazer jornalismo policial.

Caso Roger Abdelmassih
O jornalista da TV Record de São Paulo tem quase 15 anos de profissão e um currículo extenso na área policial. Participou da cobertura dos casos Suzane Von Richthofen, sequestro de Patrícia Abravanel, esteve na festa de casamento de Fernandinho Beira-mar, além cobrir o escândalo da parceria Corinthians x MSI entre outros.

A última matéria de grande repercussão foi a “caçada” ao ex-médico Roger Abdelmassih. Após mais de dois anos de muita investigação, pistas falsas, quentes, idas e vidas pelo Brasil e pelo mundo, até a prisão do homem acusado de abusar sexualmente das pacientes em sua clínica, em São Paulo.

O jornalista contou ao público presente no auditório G1 da Unicap, todo o processo investigativo, desde a indicação da pauta, até o momento em que ele e sua equipe encontraram o médico no Paraguai. As dificuldades, as pistas falsas, a persistência na busca pela verdade e no relacionamento com as fontes, tanto as vítimas, como os documentos ao qual ele teve acesso.

Ele frisou também como passo importante, a parceria com a Polícia Federal. “Ao receber os documentos da associação das vitimas, encaminhei o material à Polícia Federal e passei a informá-los também sobre meus passos em busca da matéria”.

Perguntado sobre questões éticas e o uso da câmera escondida, Leando foi enfático: “Todo jornalista investigativo precisa, em algum momento, utilizar uma câmera oculta, ou uma gravação. Se não fizer isso, ele não tem a matéria, não tem a prova, principalmente quem trabalha em TV. As imagens servem para passar credibilidade”, enfatizou.

Jornalista Laura Capriglione, do site Ponte.org (Foto: Jackson

Jornalista Laura Capriglione, do site Ponte.org (Foto: Jackson

Jornalismo e direitos humanos
A jornalista Laura Capriglione, do site Ponte.org é formada em física, com mestrado em Sociologia pela USP. Tem larga experiência nos jornais Folha de São Paulo, Notícias Populares e nas revistas Veja e Viva Mais. Dirigiu, também, o núcleo feminino das revistas da Editora Globo. Em 1994 ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo com a matéria “Mulher, a grande mudança no Brasil”, e, em 2014, aceitou o desafio de produzir conteúdo jornalístico independente com foco em Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos.
Laura falou sobre o trabalho da Ponte e do fazer jornalístico como uma iniciativa coletiva e solidária. Para ela, o jornalismo tem um novo papel que ultrapassa os “quatro quarteirões” que os grandes veículos de comunicação cobrem. A expressão é referente à limitação técnica e, principalmente, editorial dos veículos comerciais brasileiros.

Jornalismo solidário
Congregar jornalistas em busca da transformação na sociedade, disseminando conhecimento para o público, de forma independente e com foco nos direitos humanos. É nessa linha que os jornalistas da Ponte.org pretendem disseminar a ideia de coletivos jornalísticos. “São Paulo, por exemplo, não sabe o que é o Nordeste. Esse preconceito é alimentado pelos órgãos que deveriam manter a informação”, afirma Laura.

A Ponte.org surgiu em São Paulo e pretende expandir esse tipo de iniciativas para todo o Brasil. Mantem as individualidades das condições locais, mas garantem que essas publicações ganhem visibilidade nacional por meio do compartilhamento solidário.

Para a jornalista, a grande dificuldade nesse compartilhamento solidário está na cultura individualista dos jornalistas brasileiros. “Os patrões passaram séculos dizendo que você vai ser importante, se você passar na frente dos seus colegas e matar os seus colegas no meio do caminho. Nós (da Ponte) estamos indo por uma ideia diferente de compartilhamento, essa é a lógica de rede”.

O tema Reportagem multimídia abriu o seminário da ABRAJI (Foto: Jackson Pereira)

O tema Reportagem multimídia abriu o seminário da ABRAJI (Foto: Jackson Pereira)

Sobre a Ponte
Canal de informações sobre Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos, a Ponte surgiu da convicção de um grupo que considera o jornalismo de qualidade, sob o prisma dos direitos humanos, capaz de ajudar na construção de um mundo mais justo.

O objetivo é dar visibilidade a questões que passaram a ser omitidas pela mídia comercial, contar histórias que não estão no dia a dia, levar à sociedade informações sobre o que está silenciado e encoberto. Para isso, o canal Ponte une jornalismo, opiniões de acadêmicos e especialistas com as ferramentas das novas tecnologias e da nova sociedade. Adotando um modelo de produção jornalística baseado na formação de um coletivo de profissionais, unidos em torno de um ideal, num projeto sem fins lucrativos, sem nenhum tipo de filiação partidária e aberto ao diálogo e à colaboração da sociedade.

Acesse o mini currículo da jornalista Laura Capriglione.

Jackson Pereira e Lyvia Rocha
7º semestre

 

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