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MESSEJANA: Casas e monumentos são alvos frequentes de “arte urbana”

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Reportagens, Texto

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Moradores desistem de reformar suas casas por não conseguirem mantê-las preservadas por muito tempo, devido à rápida ação de pichadores

Ao longo da Avenida Frei Cirilo, no bairro Messejana, pichações são encontradas sem grandes esforços. Não só na avenida principal, como em significativa parte do bairro, esse “ato de vandalismo”, como é designado pela população, traz prejuízos aos moradores e aos cofres públicos, já que monumentos da cidade são alvos frequentes dos pichadores. O mais emblemático deles é o caso da Estátua de Iracema, localizada dentro da Lagoa de Messejana.

Mesmo restaurada com tinta antipichação, a Estátua de Iracema continua sendo alvo de pichadores (Foto: Caio Faheina)

Mesmo restaurada com tinta antipichação, a Estátua de Iracema continua sendo alvo de pichadores (Foto: Caio Faheina)

A publicitária K.M., que pediu para não ser identificada, teve o muro da casa rabiscado logo após reforma. Para ela, é um desrespeito “a uma propriedade privada”. A moradora ainda reclama: “Conquistei isso (a casa), batalhei muito pra mantê-la, e acho injusto qualquer pessoa vir me prejudicar por um momento de diversão e vandalismo”.

Para o estudante, pichador e grafiteiro R.S., que usa o xarpi – inversão de sílabas da palavra pixar, que designa a assinatura do pichador – “VENDA$”, a pichação não configura um ato de vandalismo, e sim “um grito, um berro, um ‘oi, estou aqui e quero ser visto’“. O artista urbano, que se afirma como classe média-alta, mas luta contra o capitalismo contemporâneo, afirma não entender o apego que os cidadãos têm aos muros. “Eles são as páginas da nossa cidade, são nossas páginas. O muro, em branco, não é nada. Você é mudo?”. O estudante, filho de advogada, comparou, ainda, as pichações atuais às da época da Ditadura Militar, ressaltando a importância que elas tiveram durante o período como voz dos manifestantes.

Fachada do Clube da Caixa é pichada poucas horas depois da reforma, assegura moradores vizinhos (Foto: Caio Faheina)

Fachada do Clube da Caixa é pichada poucas horas depois da reforma, assegura moradores vizinhos (Foto: Caio Faheina)

De acordo com o policial D.S., da Delegacia de Polícia Civil de Messejana, que também pediu para não ser identificado, as pichações em edificações ou monumentos urbanos implicam em uma pena de detenção de três meses a um ano e multa. Se o monumento for patrimônio tombado, a pena sobe de seis meses a um ano de detenção e multa. A Regional VI foi procurada para esclarecimentos sobre a conservação da Estátua de Iracema, mas, não houve retorno.

O QUE DIZ A LEI
A presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.408, que proíbe a comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menor de 18 anos. O parágrafo único da lei diz que “toda nota fiscal lançada sobre a venda desse produto deve possuir identificação do comprador”. As embalagens desse tipo de produto também deverão conter, de forma legível e destacada, as expressões: “Pichação é crime (Art. 65 da Lei nº 9.605/98). Proibida a venda a menores de 18 anos”.

Caio Faheina
3º semestre

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