CRISE LEITEIRA: Mercado afetado por economia e importação
Produtores reclamam do preço vendido do leite, enquanto empresas do ramo de laticínios aguardam retomada do poder de compra dos brasileiros para estabilizar negócios e voltar a crescer
Um dos principais produtos do agronegócio brasileiro vem trazendo números ruins não somente para as indústrias que começam a ver suas margens de lucro despencar, como também aos produtores, que passam a ver o faturamento em seus sítios e fazendas diminuírem. Este fenômeno é o resultado do ciclo da crise do leite.
De acordo com Sérgio Baima, Gerente de Mercado e Projetos Agrícolas da Agência de Desenvolvimento do Estado-Adece, os impactos nacionais afetam a produção e venda de derivados de leite no Ceará, já que os produtores acreditam que o produto sai de outros países, passa pelo Uruguai e entra no Brasil.
Conforme publicação do site Agência Brasil do último dia 10 de outubro, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, após reunião na Câmara dos Deputados com integrantes da Frente Parlamentar do Agronegócio, suspendeu, a importação do leite do País vizinho. Além disso, o Ministro ressaltou que a pasta não tem recursos para tentar o equilíbrio no mercado do leite com compras governamentais, e que a crise no setor deve ser resolvida com o aumento da demanda quando a economia apresentar melhoras.
Ainda de acordo com Baima, o consumo de cesta de produtos lácteos caiu enquanto a produção de leite aumentou, fazendo baixar os preços aos produtores, e que a Câmara Setorial do Leite que funciona no âmbito da Adece, “solicitou à Sefaz que aumentasse a alíquota cobrada na entrada de produtos lácteos de outros Estados no Ceará para defender os produtores cearenses”.
Na manhã do dia 11 de novembro, a Comissão de Agropecuária da Assembleia Legislativa, liderada pelo deputado estadual Moisés Braz (PT), realizou audiência pública em Quixeramobim, cidade com a maior produção de leite da região central do estado. Para o deputado, a audiência foi um momento para que os produtores de leite pudessem apresentar seus trabalhos, como comercializam o produto, além de “reivindicar que o Governo do Estado, por intermédio da comissão de agropecuária, possa ter um olhar para os produtores”.
De acordo com Carlos Martins, representante da União dos Produtores de Leite de Quixeramobim-Unileite, a instituição está trabalhando com o Governo Federal para trazer aos produtores condições tecnológicas que consigam aumentar a produtividade. Martins, ressalta que a audiência é importante porque traz as empresas de laticínio para a mesa de negociação, gerando melhores condições de preço e rentabilidade. Atualmente, 20 produtores compõem a Unileite de Quixeramobim.
Para Antonio Amorim, Presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará-Ematerce, é preciso discutir os processos produtivos que possam diminuir custos e aumentar a rentabilidade, além disso, os
produtores precisam estar mais cintes da qualidade da pastagem, já que a alimentação do animal precisa ser rica em proteínas, vitaminas e sais minerais, compostos essências na produção de um leite com boa qualidade. Ainda de acordo com Amorim, a audiência se tornou fundamental porque “Está se debatendo publicamente aquilo que é necessário para viabilizar a cadeia do leite”.
O movimento de queda no preço pago ao produtor se intensificou em agosto deste ano. De acordo com o relatório mensal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada-Cepea, em todo o País, a média do preço líquido recuou 8 centavos por litro frente a julho, ficando em R$ 1,1555 por litro, sendo este o menor patamar desde abril do ano passado, quando o valor pago ao produtor de leite chegou à R$ 1,1516 por litro. Ainda de acordo com o relatório, referente ao fechamento do mês de novembro deste ano, o produtor brasileiro percebeu uma nova queda. A média de venda chegou à R$ 1,1040 por litro. Os estados mais afetados foram Santa Catarina (R$ 1,0245/L), Goiás (R$ 1,0467) e Rio Grande do Sul (R$ 1,0560/L).
INFLAÇÃO, JUROS E PODER DE COMPRA SÃO DECISIVOS PARA 2018
Conforme registro do site Agência Brasil no dia 18 de outubro, em encontro anual do Fundo Monetário Internacional-FMI, Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, sinalizou que o processo de queda da inflação e dos juros neste ano, são os responsáveis pela retomada do crescimento da economia brasileira.
Já o Produto Interno Bruto-PIB, que é valor de todos os bens e serviços finais produzidos no país durante um ano, e também um sinalizador do poder de compra do brasileiro, vem apresentando recuo em seus números negativos e pode fechar 2017 positivo após dois anos finalizando negativamente.
Texto: João Ricart (7º semestre – Jornalismo/UNI7)