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TURISMO ESPORTIVO: Kitesurf como aumento do turismo no Ceará.

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Conhecida como o “Hawaii do Kitesurf”, a Praia do Cumbuco é considerada fator de crescimento em 18% nas atividades turísticas do país.

Criado em 1985 por dois irmãos franceses, Bruno e Dominique Legaignoux, o kitesurf, esporte aquático que, através de uma prancha e de um kite (pipa), faz uso do vento para atravessar a água, se popularizou em meados da década de 1990. De acordo com pesquisa realizada pelo Universo Online (UOL), o desporto relativamente novo tem crescido cada vez mais no país.  

Foto: Arquivo pessoal José Ricardo/ Reprodução.

No Ceará, segundo análise da Secretaria de Turismo do Estado, 10,3% dos turistas no estado que vieram a passeio em 2018, classificaram o turismo de esporte/aventura como fator motivador da viagem, sendo 70% praticantes de kitesurf.

Localizada em Caucaia, a 28 km de Fortaleza, a Praia do Cumbuco vem sendo considerada o “Hawaii do Kitesurf”. Nos anos de 2017 a 2019, a praia foi palco três vezes consecutivas do GKA Freestyle World Tour, o circuito mundial da modalidade de wave e strapless freestyle. Um mês antes da final do campeonato em 2019, o mar do Cumbuco quebrou o recorde do Guinness World com 596 kitesurfistas, percorrendo, ao mesmo tempo, uma distância de dois quilômetros. 

Para além da beleza litorânea, a capital dos ventos chama a atenção dos praticantes de Kitesurf do mundo inteiro. Segundo a pesquisa de mercado feita pelo serviço de hospedagem “Airbnb”, a Praia do Cumbuco é destaque como destino tendência no Brasil, em 2022, sendo previsto um crescimento de 18% nas atividades turísticas.

Foto: Arquivo pessoal José Ricardo/ Reprodução.

O instrutor de kitesurf formado pela International Kiteboarding Organization (IKO), José Ricardo Coelho Catarino, 28, conta mais sobre a atividade e o motivo pelo qual o Cumbuco se destaca nesse cenário esportivo.

Brena Farias: Quais pessoas podem praticar o kitesurf? 

José Ricardo: Tem pessoas paraplégicas que velejam, deficientes com um braço só que também podem velejar. Eu mesmo já dei aula para pessoas acima de cento e vinte quilos, crianças de sete, oito anos. É claro que vai necessitar de um “spot” melhor, né? Tipo uma lagoa, água rasa, água calma, que vai ser mais fácil para a pessoa desenvolver, mas o esporte é pra qualquer um, qualquer um pode começar a praticar o kitesurf.

BF: O Kitesurf é um esporte de alto custo?

JR: Sim, o kitesurf é um esporte de alto custo. Hoje em dia, o material de kitesurf você vai encontrar o custo total dele: kite, barra, trapézio, prancha, em torno de dezoito a vinte dois mil reais, mas claro, você também pode comprar de segunda mão, existem várias marcas e também tem os modelos, que dependendo do tamanho, podem ficar mais barato, então, com material de segunda mão, você consegue encontrar tudo por até uns seis mil reais. É um esporte de alto custo, mas se você pesquisar bem, pode encontrar os materiais com valor um pouco mais acessível.

BF: Em quais épocas do ano a procura pelas aulas é maior?

JR: A época que tem mais procura pelo kitesurf é nos meses de julho a dezembro, e no começo de janeiro, onde vai ter uma procura maior, tanto pela questão climática, onde tem mais chuvas e ventos também, quanto porque tem as férias dos europeus, então acaba que vem bastante estrangeiro proCumbuco. Também pega as férias ali de julho, onde tem uma procura grande de brasileiros, mas de agosto a novembro é uma procura muito grande de europeu aqui no Cumbuco.

BF: O GKA Freestyle World Tour acontece todos os anos em diferentes países, mas quando é sediado no Cumbuco, vocês participam?

JR: Eu nunca participei de nenhum campeonato de kitesurf, mas sempre que o GKA acontece, temos vários atletas que se inscrevem e participam. Um dos melhores atletas do mundo, é aqui do Cauípe, Carlos Mário “Bêbê”, ele sempre participa, já foi tetracampeão mundial de GKA, mas também temos outros atletas como o Eric Anderson, Estefânia, que estão sempre participando do campeonato.

BF: No último GKA Freestyle World Tour no Cumbuco, vocês receberam muitos turistas?

JR: Sim, o número de turistas aumenta muito aqui no Cumbuco quando tem as etapas do mundial, principalmente de europeus, holandeses, alemães, franceses, e suíços. A procura de pousadas e escolas de kite aumentam também.

BF: Existe algum, a princípio, turista que após conhecer o kite aqui, se encantou e agora é um praticante fiel do esporte?

JR: Sim, um aluno meu que é francês, ele ficou três meses aqui no Cumbuco ano passado, fez aula comigo nesses três meses e se apaixonou pelo esporte. Ele tem sessenta anos, algumas limitações, sem muita mobilidade nas pernas, mas ainda no ano passado decidiu que ia voltar para cá esse ano, comprou apartamento aqui, e vai mudar a vida dele da França pra cá. Tenho vários outros exemplos, mas sim, é bem comum de acontecer.

BF: Há uma grande demanda de pessoas de fora que vem visitar a região?

JF: Sim, moro aqui há bastante tempo e tenho conhecimento da região, já fiz algumas viagens pelo litoral e sei que tem uma grande demanda de pessoas que vêm visitar o Cumbuco, principalmente na temporada, que como eu falei são nos meses de julho a dezembro, e no começo de janeiro, que são os meses que mais tem pessoas vindo pra cá.

BF: Durante a pandemia, como funcionou o fluxo de vinda dos turistas à praia?

JR: Durante a pandemia que começou em março de 2020, era baixa temporada no Cumbuco, então pro kitesurf, prasescolas, não afetou tanto inicialmente, porque já não tinha um fluxo de alunos, então acabou que quando fechou as pousadas e restaurantes, as escolas de kite não foram tão afetadas, só quando começou a chegar os meses de junho e julho, aí afetou um pouco mais, porque começou o vento e os alunos não podiam vir, mas mesmo assim, mais pra frente, depois do mês de agosto para setembro, a gente começou a ter um pouco mais de movimento de turistas, de alunos vindo, bem pouco, bem limitado, mas deu pra trabalhar, deu pra dar aula ainda, mas o movimento veio melhorar mesmo em 2021, que aí a pandemia já estava um pouco mais controlada, os casos no Cumbuco não estavam tão grande, aí a gente teve um fluxo maior de alunos e turistas vindo, nos meses de julho, agosto, setembro. E a expectativa desse ano é que tudo volte ao normal mesmo, já tá a maioria das pessoas vacinadas, então, a expectativa desse ano é que tudo volte ao normal.

BF: Por que você acha que a praia do Cumbuco é um dos pontos turísticos mais visitados?

JR: Com certeza o Cumbuco é um dos pontos turísticos mais procurados por causa do kitesurf, se você vai na vila, nos restaurantes à noite, tem muita decoração de kitesurf, na vila tem as lojinhas, muita coisa relacionada. Então, acredito que se não fosse o kite aqui no Cumbuco, com certeza o centrinho, aqui, a vila, seria bem menor do que agora é, então sim, acredito que o kitesurf tenha mudado a vida do Cumbuco.

Foto: Arquivo pessoal José Ricardo/ Reprodução.

Texto: Brena Farias Costa (Jornalismo/ Uni7)

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