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Setembro Amarelo: Campanha enfatiza autocuidado e conscientização

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Instituto Bia Dote, em Fortaleza, trabalha com prevenção do suicídio e valorização da vida

Arte: Bernardo Barros.

Entre os meses de janeiro e maio de 2022, o estado do Ceará registrou média mensal de 41 suicídios. Nesse período de cinco meses, 207 pessoas -171 homens e 36 mulheres – tiraram a própria vida. Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), órgão mantido pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado.

Considerados como “números preocupantes”, os acidentes de motos no Ceará, foram menos nocivos à população em 2021 que os casos de suicídios. O ano registrou 588 acidentes fatais com motociclistas, e nesse mesmo espaço de tempo, 673 pessoas tiraram a própria vida, segundo matéria publicada no Jornal Diário do Nordeste, de 21 de julho de 2022.

No Brasil, de acordo com o site Nexo, foram computados 14.338 mil casos de suicídios em 2021, e esses dados incluem o aumento de suicídios entre crianças na faixa etária de  5 a 14 anos de idade: foram 200 casos de suicídios infantis. Em 2022, até o mês de junho, foram registrados 61 casos.

Caracterizados  como Lesões Autoprovocadas Intencionalmente, os suicídios envolvem automutilação, enforcamento, afogamento, disparo de arma, dentre outros.

O mês de setembro se solidariza com a situação preocupante dos suicídios em todo o mundo, e mais uma vez, por meio da campanha Setembro Amarelo, tenta conscientizar  a sociedade para a valorização da vida.

Nesse contexto, diversas organizações em níveis internacional, nacional, estadual e municipal,  se enlaçam na mesma direção e se organizam para prestar auxílio à sociedade nas diversas patologias ligadas a transtornos mentais, como ansiedade, depressão e muitos outros.

Aqui no Ceará, o Instituto Bia Dote é uma Organização Não Governamental que trabalha com a prevenção do suicídio e a valorização da vida desde 2013. Coordenado pela psicóloga Lucinaura Diógenes, o Instituto atende 130 pessoas no atendimento psicológico, que são os horários disponibilizados semanalmente nas áreas de acolhimento, triagem e grupo de apoio.

Segundo Lucinaura, o instituto tem atendimentos por telefone em circunstâncias onde a pessoa já vem buscando o serviço da ONG por estar em situação de crise. No caso da psicoterapia, enfatiza a psicóloga, “80% são presenciais mas ainda tem alguns profissionais que atendem online”. 

Porém, Lucinaura deixa claro que, para a metodologia do Instituto, é importante que os encontros sejam presenciais, principalmente por lidarem com pessoas em crise, com ideação e comportamentos suicidas.

Quanto aos pacientes com comportamento suicida, Lucinaura Diógenes diz ser  expressivo o número de indivíduos que manifestam a intencionalidade de tirar a própria vida e dá destaque aos mais jovens, dizendo que o sofrimento deles é mais relacionado em querer sair da dor, querer dormir e não acordar mais ou acordar só quando tudo passar. 

Porém, a psicóloga fala que se o jovem encontrar outras possibilidades de sair da vida que está vivendo, ele ou ela poderiam viver sob outros olhos. “É isso que dá esperança no processo de psicoterapia, é caminhar junto com essa pessoa que está em sofrimento, e ver com ela, possibilidades de futuro”, disse a psicóloga. 

O Instituto Bia Dote conta atualmente com dez psicólogos (envolvendo voluntários e contratados) e dois estagiários fazem parte da ONG, além de um setor administrativo responsável pela recepção das pessoas que vão até o local. 

Lucinaura Diógenes em palestra sobre prevenção do suicidio. (Reprodução/Foto: Silas Costa)

História do Setembro Amarelo

A campanha, de acordo com o site “Setembro Amarelo”, foi estabelecida oficialmente no Brasil, em 2015.

Trata-se de uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), do Conselho Federal de Medicina (CFM), e do Centro de Valorização da Vida (CVV). Essas instituições, com a colaboração da sociedade, têm como objetivo a divulgação de ações conectadas ao 10 de setembro, conceituado como “Dia Mundial de prevenção ao Suicídio” e caracterizado por uma fita amarela.

A história se origina nos Estados Unidos e faz alusão a Mike Emme, um jovem norte-americano de 17 anos, que sofria com transtornos mentais e acabou tirando sua própria vida, no ano de 1994 dentro de seu carro, um mustang 1968 amarelo. No velório do rapaz, havia cestas e cartões com mensagens motivacionais, acompanhados de fitas amarelas. As mensagens eram direcionadas para pessoas em sofrimentos mental e emocional.

A homenagem ganhou “vida” e espalhou-se por todo o mundo. As fitas amarelas se tornaram o símbolo da campanha, que ajuda a reduzir preconceitos e conscientiza a população sobre os cuidados com a saúde mental, além de reduzir o estigma, por meio da informação responsável.

Texto: Bernardo Lucas Mota Barros e Ana Karoline Oliveira (jornalismo / Uni7)

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