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OLHARES: Artistas independentes comemoram retorno de eventos no Ceará

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Texto, Uni7 Informa

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Após as medidas de restrição sanitária terem atingido uma flexibilidade confortável para a população no Ceará, proprietários de estabelecimentos que possuem eventos e shows como sua principal renda, enxergam a possibilidade da volta de suas atividades. Cenário importante também para os artistas que não possuem investimento de terceiros

Com o avanço da vacinação contra a covid-19 e a redução no quadro de internações e de mortes pelo coronavírus, Fortaleza retoma os shows e eventos musicais.


 Show da Superbanda realizado em novembro de 2021. Foto: @davicarvalhc

A vida dos músicos depende de aglomerações. Shows, ensaios, aulas e gravações são as principais atividades dessa profissão e, consequentemente, o ganha-pão. E, de um dia para o outro, tudo foi limitado. Os grandes nomes da música nacional e internacional conseguiram explorar as lives como solução para esse problema, vendendo o espaço para publicidade de grandes marcas. Já para os artistas independentes foi diferente. A pandemia causada pelo coronavírus virou “de cabeça para baixo” o setor musical independente, fazendo com que esses artistas tenham que se desdobrar para fechar as contas ao final do mês. Sem apoio nenhum, travam uma árdua batalha com a dúvida que paira em suas cabeças: sair e arriscar suas vidas ou sofrer ainda mais problemas financeiros. Ser um artista independente é trabalhar para si mesmo ou para sua banda, não possuindo apoio financeiro de alguma empresa, gravadora ou órgão público; ou seja, pra banda funcionar e continuar crescendo na escala da mídia musical depende única e exclusivamente daqueles que integram o grupo.

O cenário musical independente está se reerguendo na Capital Cearense. Esse mercado de entretenimento voltou a funcionar diante da redução de casos da Covid-19 em Fortaleza e a acelerada na vacinação. Cada novo decreto estadual foi aguardado com atenção e, gradualmente, os shows e eventos musicais diversos perderam restrições, de pessoas e horários. Desde novembro, a Secretaria da Cultura (Secultfor) retomou as programações artísticas presenciais nos equipamentos e espaços culturais geridos pela Prefeitura de Fortaleza. Esse retorno, conforme aponta o secretário Elpídio Nogueira, se deve a um contexto “favorável” nos índices da covid-19. Todavia, é estritamente obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação e o uso de máscara para ter acesso a esses eventos.

“Sabemos que a pandemia, infelizmente, ainda não acabou. Mas, essa retomada está sendo vital para os artistas do cenário independente”, observa o músico Marcelo Góis, artista que faz parte de uma banda fortalezense independente chamada “Superbanda”. Marcelo fala também sobre como a pandemia afetou a Superbanda, o vocalista conta que, com a suspensão das atividades culturais e musicais, se viu em uma situação de completa insegurança: ‘’Tínhamos uma agenda bem extensa, que, para a realidade dos artistas independentes, é algo bem difícil de conseguir, e, de uma hora para a outra, as coisas mudaram’’ diz Marcelo. Marcelo desabafou sobre a mistura de emoções que foi voltar aos palcos no princípio depois de tanto tempo. O jovem disse se sentir aliviado por finalmente estar voltando a trabalhar, mas ao mesmo tempo, tinha bastantes inseguranças em relação à própria saúde e a de seus companheiros também. ‘’O fato de estarmos no meio das ruas, expostos e rodeado de pessoas, me assustava um pouco. Porém, com a situação atual, com a vacinação da banda completa, o último decreto que exige o passaporte de vacina, faz com que fiquemos mais seguros nesse momento que tanto esperamos’’ complementa o vocalista. Marcelo conta também sobre a desvalorização do cenário independente no Estado do Ceará, e que sempre houve problemas de acerto de cachê com casas de show, por exemplo, fazendo com que acordos fossem fechados dentro do limite de ambas as partes. Contudo, Marcelo fala que, no atual contexto da volta dos eventos, os cachês que já eram baixos, ficaram menores ainda, pelo fato de que esses estabelecimentos também estão se reerguendo. ‘’Porém, acredito que num futuro não tão distante, as casas de shows, com a normalização gradativa das coisas, já estarão recebendo um público alto e poderemos voltar a receber aquela qualidade que é confortável e digna pra nós e nosso trabalho’’ complementa o artista.

 Show de Esther Praxedes realizado em novembro de 2021. Foto: @dinho11dinho

Todavia, o cenário independente passou por inúmeras problemáticas para além do cenário pandêmico. Esther Praxedes, cantora de 19 anos, afirma que os problemas para os artistas independentes vão muito além dos impasses causados pela pandemia. A jovem, que teve a sua primeira música lançada durante esse período de pandemia, conta que o sentimento de desistência é muito recorrente no ramo independente. Isso se dá  por causa do pouco retorno financeiro e, até mesmo, do retorno do público, fazendo com que a sensação de que não há espaço para todo mundo no ramo. Contudo, em suas palavras, Esther disse também que continua porque sabe que existem pessoas que acreditam nela, e, assim como ela, existem vários outros artistas independentes que possuem o mesmo pensamento.

Por fim, é notória  a importância das atividades de ação cultural e musical para o cenário delicado que o ramo da música sofre no contexto geral, situação que torna-se ainda mais difícil para aqueles que são movidos apenas por si mesmos, e que dependem da autogestão para fazer com que sua carreira continue crescendo.

‘’A desvalorização do cenário independente faz com que a volta dos shows seja bem mais difícil do que pensávamos’’ diz Marcelo Góis, vocalista e produtor da SuperBanda, banda cearense. ‘’Porém, acredito que com o passar dos dias e com a normalização gradativa das coisas num contexto geral, talvez as coisas voltem a ser como era em 2019, ou talvez um pouco’’ complementa o jovem de 25 anos.

SERVIÇO:

Primeira foto: Show dos garotos da SuperBanda, foto por Davi Carvalho

Segunda foto: Show beneficente da escola de música da cantora Esther Praxedes, foto por @dinho11dinho

Por: Davi Carvalho e Marcelo Barbosa

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