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FOTOJORNALISMO: Sensibilidade e olhar diferenciado de Evandro Teixeira

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Mediado por Francisco Fontenele, o bate-papo discutiu a importância do retrato no contexto histórico

A segunda edição do “Papo Fotográfico” aconteceu na tarde do último sábado de abril, no Museu da Fotografia Fortaleza. É um projeto que reúne profissionais e amantes da fotografia para discutir sobre seus principais temas. A edição atraiu muitos admiradores por conta da presença do fotojornalista baiano Evandro Teixeira, considerado um dos maiores fotojornalistas do país.

Evandro em palestra no Museu da Fotografia, mostra suas fotos e suas histórias (Foto: Lucas Oliveira)

Evandro Teixeira, de 82 anos, tem uma carreira de fotos históricas e momentos marcantes, que se mistura com a história do Brasil. Nesses quase 50 de experiência, teve grande destaque em coberturas durante o Regime Militar no Brasil, além de também ter participado das maiores coberturas esportivas do mundo como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo.

Para Francisco Fontenele, editor de fotografia do jornal O Povo, foi uma satisfação mediar uma palestra com Evandro, pois o considera a maior referência em fotojornalismo no Brasil. “Ele tem um olhar diferenciado. É como se estivesse no lugar certo, na hora certa. O Evandro tem a sensibilidade de retratar a história como ela é, nua e crua.”

Segundo o fotógrafo e design Pedro Torres, que também participou da primeira edição do projeto, o que mais chama atenção no fotojornalista é em saber como ele estava presente nos principais acontecimentos do país. “O que diferencia um fotógrafo de um fotojornalista é o quanto mostra a realidade. Nessa trajetória, Evandro só pode ter acordado cedo e ido a campo rodar com a câmera na mão.”

E para encerrar, confira o papo com Evandro Teixeira:

Quinto Andar – O senhor viveu momentos em que correu bastante risco. Tem consciência disso?

Evandro Teixeira – Sim, sabia que podia me ferrar. Sofri ameaças de morte, mas a sede por conteúdo sempre falou mais alto. Eu queria estar sempre ali.

Evandro Texeira, sorrindo para a foto, com seu objeto de trabalho na mão (Foto: Foto: Heiner Pflug)

QA – Além de ameaças de morte, o senhor também devia sofrer ameaças de prisões, como já até chegou a ser detido. Como foi isso? E porque o ocorreu?

ET – Eu passei um dia detido por algo que não fui culpado. O editor do Jornal do Brasil deu ênfase a uma foto minha, manchetando na capa a foto “errada” de uma exposição, e mostrando o Costa e Silva, presidente da época, apenas em uma foto pequena da matéria no interior do jornal, o que o irritou bastante.

QA – Para o senhor, o que um fotojornalista precisa ter para captar a história em uma fotografia?

ET – Coragem e criatividade. E um pouquinho de sorte também.(risos)

QA – Por existir muita manipulação, o senhor acha que o fotojornalismo perdeu um pouco a essência? 

ET – Não acho nem que seja por isso. Acho que o mal de hoje é o corre corre, a pressa, e a pressa é a inimiga da perfeição. As pessoas não estão mais atentas aos detalhes, que fazem toda a diferença.

QA – E sobre a manipulação, considera falta de ética ou apenas um artifício?

Sou totalmente contra. Nunca manipulei minhas fotos. Acho uma falta de ética e até de respeito com o público.

 

Texto: Alexia Marinho (4º semestre – Jornalismo)
Foto: Heiner Pflug e Lucas Oliveira

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