FORTALEZA 291: Uma cidade que brilha e amadurece, apesar da intolerância
Em dias de comemoração, a quinta capital mais populosa do país vive tempos de esperança como um lugar de refúgio ou de defesa
Embora o núcleo original da cidade de Fortaleza seja do século XVII, o dia 13 de abril de 1726 marca a elevação de povoado à condição de vila. E, para registrar este momento, a equipe do Quinto Andar dá ‘viva’ a esta cidade, que surpreende todos os dias, com depoimentos de jovens fortalezenses sobre os lugares que mais lhes surpreendem e que lhes cativam por algum dos seus muitos encantos.
E são muitos os lugares que encantam os estudantes de Comunicação do Centro Universitário 7 de Setembro. Aqui, eles narram pequenos fragmentos da memória, revelando que são pessoas que prezam valores urbanos e ética cidadã, diferentemente dos que têm menor grau de humanismo, que nem sequer cogitaram essa possibilidade.
E eles correm o olhar por Fortaleza, da orla da Beira-Mar à Vila do Mar, da Praça dos Leões, no Centro, à Praça da Glória e à Lagoa da Viúva, no Bom Jardim, todos garantidos pelo bendito calor do sol que abraça esta cidade e sua gente todos os dias…
Valeu, Fortaleza! Que Nossa Senhora da Assunção continue te protegendo…
Fortaleza é anterior, do século XVII.
Texto: Miguel Macedo
Fotos: Jari Vieira
O sol é o espetáculo
Em meio a um caos que é a cidade grande, ele tá fixo acumulando histórias. A textura de cada madeira e cascalho nos remete ao tempo. O sol entra em cena e provavelmente os corredores já estarão o acompanhando durante suas primeiras horas. E a hora mais solitária pra ele é quando está perpendicular à Terra e seu aquecimento é maximizado.
Os amantes do pôr do sol não deixam de percorrer todo o seu caminho para ter uma vista privilegiada. Contanto que você não queira interagir, ponha seu fone e aproveite em sua solitude a ida do sol, pois sempre terá alguém pra você conversar e saber mais da história.
Os casais não conseguem prestar atenção ao espetáculo acontecendo na lateral dos seus olhares. Os solitários ficam observando o sol se esconder no mar, mas parecem estar acompanhados da calmaria que o som da quebra de ondas causa em nosso sistema. Os grupos parecem estar conectados minutos antes de todo o show começar. Mas, quando o sol começa seu espetáculo, cada integrante entra numa relação consigo e acaba deixando de lado a relação entre eles. Toda história construída no Espigão da Praia de Iracema tem como fundo, um espetáculo magnífico acontecendo. Quando não tem mais onde se esconder do caótico centro urbano, adentro juntamente com ele no mar e deixo os anseios nas ondas.
Davi Costa Menezes
3º semestre – Publicidade
Vila do Mar: encontros e pensamentos
O contraste de cores vem mostrando a chegada do pôr do sol. O rosa do céu se mistura com o verde e azul do mar. Não é preciso caminhar muito na Avenida Vila do Mar para perceber o semblante que reflete um misto de alegria e orgulho de moradores e frequentadores da avenida. Ao longo de minha caminhada, observo atentamente a doçura das crianças brincando e os moradores sentados na calçada proseando. Reflito como é raro ver isso na cidade atualmente. As pessoas, realmente, não precisam de muito para ser felizes…
Com a chegada da noite, o fluxo se intensifica. A orla é atrativa para os diferentes tipos de públicos do entorno. Há quem venha para andar de skate, patins ou bicicleta, para as aulas de zumba gratuitas ao ar livre, apreciar a vista ou usufruir das lanchonetes que possui ao longo dos quatro quilômetros da avenida.
Respiro aliviada em saber que a comunidade abraçou a Vila do Mar. É possível ver ações para manter o calçadão limpo, associações que promovem a integração do jovem com aulas de karatê e surf. Sem esquecer-se das festas de reggae que ocorrem nos finais de semanas nas barracas e atraem grande público. Vou embora com a sensação de que meu lugar na cidade é aqui, onde tantos pensamentos e histórias se cruzam. Torço para que cada vez mais a preservação seja o seu ponto forte.
Lya Cardoso
3º semestre
Lagoa da Viúva, pulmão verde da periferia
Mesmo morando no Bom Jardim há 23 anos, existem certos tesouros no meu bairro que estão fora do meu conhecimento. Quando descobertos, me fazem parecer um alienado por não saber da existência deles antes. Em setembro de 2016, tive uma dessas experiências ao visitar a Lagoa da Viúva, também conhecida como o “pulmão verde do Bom Jardim”. Essa alcunha vem do fato do parque urbano de 40 mil m² ser a única área verde do bairro.
Era manhã de domingo e não havia momento melhor para fazer uma visita à lagoa: estava participando pela primeira vez da prévia do Grito dos Excluídos. O mote da passeata era a defesa do parque frente ao desmatamento, que já tinha eliminado 7 hectares de sua extensão. Logo, a caminhada me fez entender o que realmente a lagoa significava: resistência. No momento em que cheguei ao parque, vi que ela significava uma propriedade única para os moradores, que os conectava a algo muito além da caricatura grosseira que é feita do bairro. Era a união dos laços comunitários em prol da defesa do meio ambiente e da vida, e eu fiz parte disso.
Jonathan Silva
3º Semestre
Enxergar Fortaleza com coração bem aberto
Terra do Sol, a capital do Ceará, Fortaleza, do mar e de tantas pessoas. Aqui e ali, vidas se entrelaçam, diferenças se cruzam e conexões se estabelecem. A terra do humor e das belas praias tem em si belezas escondidas e lugares inexplorados.
Observo o cair da tarde sentada num banquinho da Praça da Glória, também conhecida como Praça Amiga da Criança e enxergo a diversidade que a cidade nos oferece, os cheiros do pastel e do acarajé se cruzam, as cores fortes do ponto do açaí, a igreja redonda do outro lado da rua, o trânsito que se forma na Avenida Oliveira Paiva e as crianças brincando no pula-pula me fazem refletir que, no mais singelo detalhe Fortaleza nos proporciona uma imagem sua repleta de sonhos e vida que só é possível enxergar de olhos e coração bem abertos.
Mas, deixamos o tempo nos consumir e não conseguimos parar e sentir a brisa que o vento nos traz, ouvir o farfalhar das mangueiras e a gargalhada das crianças em uma tarde no parque. Aqui cresci e criei laços, chorei e sorri mais do que imaginei um dia, e hoje escrevo para ti como forma de agradecimento por tudo que foi bom e mau nesses anos. Você me fez crescer e desejo fazer o mesmo por você.
Marcela Benevides
3º semestre
Lembrança de um momento bem presente
Nestes 291 anos da cidade de Fortaleza, é importante ressaltar minha querida Praça dos Leões. Praça que se destaca por suas escadarias monumentais, esculturas expressivas de leões imponentes e por seu ambiente coberto de vegetação, que me transmite um ar de tranquilidade e aconchego. A praça também é o local da estátua de bronze do General Tibúrcio.
Quero ressaltar, entretanto, um dos meus monumentos favoritos: a estátua de Rachel de Queiroz. Escultura que pude contemplar ao longo da minha adolescência. Lembro-me com bastante clareza dos meus 13 anos de idade em uma das minhas idas e vindas a Fortaleza, segurando a mão de minha mãe, e não olhando direito por onde andava, quando tropecei naquela estrutura de bronze e inocentemente lhe pedi desculpas e ao perceber do que realmente se tratava fiquei encantada pela riqueza de detalhes e expressividade daquele rosto de olhos meios e aparência suave. Aos 19 anos sinto a mesma sensação com um toque a mais de conhecimento e admiração.
Talita Chaves Silva
3º semestre
Beira Mar de Fortaleza
No praticável passeio a um dos principais cartões de visita da capital cearense, na Orla de Fortaleza, é provável reunir pessoas de diferentes bairros, cidades e países. A água que vai do tom azul ao verde é a escolha de muitos turistas e moradores para aproveitar as barracas de praia, os bares e os restaurantes da orla. Frequentar o calçadão, próximo ao aterro da Praia de Iracema, da Avenida Beira Mar para andar de patins, passear com animais de estimação e fazer caminhada, já se tornou rotineiro para crianças, jovens e adultos.
Além destes, também é comum a prática de esportes na areia da praia como futevôlei, vôlei de praia, slackline, circuitos e corridas. Todos os dias, no fim da tarde, as barracas tomam o calçadão para a Feira de Artesanato da Beira Mar. A feira reúne principalmente muitos turistas, já que é uma ótima opção para presentes e lembranças. A Ponte dos Ingleses é o píer mais procurado por amigos, casais e famílias no fim do dia para comtemplar o cenário deslumbrante do pôr do sol e do luar.
Virna Magalhães
3º semestre