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Festejos juninos no Ceará: tradição,cultura e sua representatividade

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Texto, Uni7 Informa

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O Ceará segue sendo um dos principais estados nordestinos como destino certo para aproveitar os festejos juninos. Os eventos culturais tem papel fundamental no turismo do Estado

As Tradicionais e populares festas juninas no Nordeste fazem sucesso e encantam o Brasil e o mundo. Em homenagem à São João, Santo Antônio e São Pedro os festejos acontecem no Brasil inteiro, mas foi no Nordeste que eles se tornaram tradição, tornando-se símbolo da cultura na região e com grande importância para economia.
Repleta de características específicas e marcantes as festas juninas encantam todos não apenas pelas suas comidas típicas, mas também pela energia única que o público consegue sentir ao participar dos eventos. Os eventos têm dentre suas principais características decoração no clima “caipira”, comidas típicas das mais variadas: bolo de milho, pamonha, e canjica, são algumas das opções no cardápio. Outra característica marcante são as tradicionais apresentações das Quadrilhas Juninas. Ao som de muito forró, os quadrilheiros fazem a alegria e diversão de todos com as coreografias de movimentos sincronizados em suas apresentações temáticas, vestidos nos seus trajes típicos de caipira.

O São João de Maracanaú é um dos maiores do país.                                 Foto: Site Prefeitura de Maracanaú
 


A quadrilha é um estilo de dança folclórica coletiva muito popular em todo país. No Ceará neste ano de 2022, serão realizados em torno de 120 festivais além do Campeonato Cearense, “Ceará Junino” que acontecerá entre agosto e setembro. Em todo estado em torno de 120 grupos juninos participam desses eventos. Em entrevista para essa matéria, Alisson Mateus, 24, dançarino e integrante da coordenação da quadrilha Junina Cearense, falou sobre a importância da cultura junina, sua representatividade, e os desafios que são enfrentados pelos grupos juninos para seguirem mantendo viva essa tradição.

Weslley de Oliveira – As festividades de São João são caracterizadas como cultura imaterial com maior tradição no Nordeste. São diversos eventos que estão espalhados pelo Brasil mas no Nordeste eles se destacam com maior relevância. Na sua opinião ,quais os principais fatores que fazem os festejos juninos no Nordeste se destacarem no cenário nacional?

Alisson Mateus – “Eu acredito que o estado do Ceará ele é o mais forte e rico neste âmbito cultural. Os festejo juninos, a cultura popular em si é muito resistente. A gente vem depois de anos anos sem São João, tem que ser muito resistente pra fazer. No estado do Ceará, eu acredito que o estado do Ceará seja um polo muito forte, que acaba que abrange muitas áreas,  a música, a culinária, a religião, são muito fortes principalmente neste período.”

W.O – Ao logo do tempo você acredita que teve alguma mudança São João?

A.M –  “Eu acredito que a gente teve divisão muito grande  No São João desde 2010. Né, A gente existe um são joão antes antes de 2010 e um São João pós da 2010. Por que 2010?  Porque neste ano os grupos começaram a  se inovar na temática ,as coisas ficaram mais profissionais,não era mais uma coisa amador. Então assim,as festividades no Ceará ela se tornou referência nacional apartir desse ano. Com as Quadrilhas tornando os trabalhos mais profissionais dentro de quadra. Os grupos começaram a investir muito dinheiro para fazer as coisas acontecerem, pra poder valer a pena.”

W.O – Então além da cultura tem grande importância para a geração de renda?

A.M – “Muita geração de renda,a gente inicia um projeto junino e aí pra arcar com o projeto,nós temos que contratar várias coisas né! Por exemplo,músicos,nós temos que contratar uns músicos para tocar na regional. A gente tem que contratar costureira para fazer o figurino. A gente tem que contratar mão de obra pra fazer a estruturas,porque nem todo mundo sabe fazer e aí acaba que a gente tem que recorrer a esse tipo de serviço pra poder fazer.”

W.O – Como vocês conseguem gerar renda para produzir esse evento?

A.M – “Pronto ,Em referência a Junina Cearense, existe editais juninos que o governo do estado ele faz, através da Secult. Então assim, esses editais a gente acaba realizando eles, participando né? E executando como forma de renda pro grupo junino. Claro que não é tudo,né?

Hoje a gente faz rifa,faz bingo,faz eventos pra fazer levantar o dinheiro,pra poder arcar com isso,né?

Com esses eventos internos,os editais e também com o apoio da prefeitura municipal”

W.O- Como é feita a montagem da apresentação de uma quadrilha junina?

A.M – “A gente fecha um siclo em julho,mais ou menos em julho. E basicamente passamos um mês de férias e aí em setembro a gente começa com novos projetos. Já começa a pensar no próximo ano. É estudo de caso,temáticas, as ideias que surgiram,é… analisar como que foi o São João, o que é que foi aceito? O que não foi aceito?

Então assim,é setembro, outubro, novembro, dezembro e em janeiro a gente já começa a colocar ele em prática com o grupo. Os trabalhos internos não param, é o ano todo.”

W.O – Quantas pessoas são envolvidas neste processo de montagem?

A.M – “A gente tem hoje quatro pessoas na coordenação, A Darlene como presidente, O João Batista como vice, eu na parte financeira e a Jamile é na parte de relacionamento direto com os brincantes. Para isso a gente não consegue fazer nós quatro, então a gente tem duas pessoas no grupo que é o Eduardo e o Ângelo, que eles são tanto coreógrafos como projetistas do trabalho. “

W.O – Quanto tempo dessa montagem até você dizer que a apresentação está pronta?

A.M – “No mínimo 9 meses ,e assim mesmo depois de estar pronta a gente ainda volta pra ensaiar.”

W.O – Como você descreve a cultura junina?

A.M – “Antes de coordenador eu sou dançarino né? Então pra mim cultura junina é muito amor! Eu faço isso porque eu gosto! Existe uma vida pessoa mas também existe uma vida cultural. Eu sempre gostei muito de cultura, então assim movimento junino pra mim sempre foi uma coisa que eu fiz com muito amor. É uma coisa que me faz muito feliz.”

W.O – Qual a importância da valorização da cultura?

A.M – Eu analiso o movimento junino como uma parte muito importante da história né? Um município sem história não é nada! Eu acredito muito que essa ideia do movimento junino nas cidades ele cria vários laços, em referência a vários setores. Por exemplo, a gente analisa que não é só dançar quadrilha, existe uma coisa por trás de tudo isso,né? Existem casais que se convenceram no São João e hoje são uma família, existem pessoas que não tinham uma renda e a gente ensina a costura e hoje já trabalha na área de costura. Então assim, não é só um passa tempo, ele também é um trabalho e que em todos os sentidos ele modifica a sociedade. “

W.O – Você analisa as quadrilhas como ferramenta de cultura e trabalho social para jovens e adolescentes?

A.M – “Antes dessa nossa entrevista eu já tinha comentado isso com alguém da cultura aqui no município, que o junino ele não é só o junino, ele não é só dança ,ele é social. Quantas pessoas poderiam estar em qualquer outro canto mas estão dentro de quadra ensaiando. A gente desde de 2015 que tem a Junina. Então assim ,dentro da Junina já passou diversas pessoas, pessoas que não tinham o acalento e casa e que vinham para o grupo porque tinha amigos e acabou ficando. Pessoas que não tinham uma renda em casa a gente trouxe pra dentro do grupo pra conseguir uma renda. Emprego a gente já arrumou pro povo (risos). Então assim, a Junina é muito mais que só uma quadrilha ,ela é uma família.  E ela atinge todas as áreas do setor público, até o social e familiar. “

Texto: Weslley de Oliveira (Jornalismo /UNI7)

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