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DITADURA: 50 anos do golpe militar de 1964 é tema de palestra na Fa7

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Um dos períodos mais marcantes da história do Brasil foi lembrado pelo professor Nelson Campos, que sentiu na pele a crueldade da ditadura militar

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Professor Nelson Campos fala sobre experiências vividas no período em que foi preso durante a ditadura militar (Foto: Lucas Leite)

“Qualquer regime ditatorial deve ser combatido. A pessoa não pode ser contra uma ditadura e apoiar outra”, destaca Nelson Campos, professor da FA7, durante palestra, na terça, 8 de abril, a respeito dos 50 anos do Golpe Militar de 1964.

Desde o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, lembrou Campos, o país vivia sob a pressão de um golpe da oposição. Militares e políticos ameaçavam se rebelar a qualquer hora. “O golpe militar não se originou apenas da mobilização das Forças Armadas. Embora com apoio popular, parte da sociedade estava insatisfeita com o presidente João Goulart, que apoiou a ação militar e passou a conspirar para que o presidente fosse deposto”.

Membro do Movimento Comunista Internacionalista (MCI), Nelson participou de manifestações e organizações que visavam melhorias para o Brasil e o fim da ditadura. “Fui preso quando estava dando aula, não estava cometendo nenhum crime”, afirma o professor. E declara ainda que, após ser solto, percebeu que as pessoas tinham medo de conversar com ele, pois era considerado subversivo, revolucionário e a sociedade possuía certo receio em relação a pessoas deste tipo. Naquele tempo, eram comuns as torturas e as prisões aos opositores da ditadura.

“Não sofri tortura física, mas a pressão psicológica na cela da Polícia Federal foi marcante. Ouvia gritos durante as noites. Não sabia se os companheiros estavam sendo torturados ou era eu”, disse, sobre o período em que foi detido na antiga sede da PF, que abriga a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Seculfor), na rua Pereira Filgueiras, nº 4, no Centro.

"Pela inquietude e irreverência, o jovem não se deixa levar por opressões. Quem se interessa por um mundo igual para todos, vai se interessar em como isso pode ser feito", destaca Nelson a respeito de jovens (Foto: Lucas Leite)

“Pela inquietude e irreverência, o jovem não se deixa levar por opressões. Quem se interessa por um mundo igual para todos, vai se interessar em como isso pode ser feito”, destaca Nelson a respeito de jovens (Foto: Lucas Leite)

Ele analisou também a atuação da imprensa durante a ditadura civil/militar e condenou a falta de liberdade de expressão. “Ainda hoje, a imprensa brasileira limita a atuação dos jornalistas. Nos primeiros anos da ditadura, dos grandes jornais brasileiros, apenas a ‘Última Hora’, do jornalista Samuel Wainer, não apoiou o golpe militar”, disse o professor, autor de livros de História do Brasil, História do Ceará, e de História Geral e Filosofia em Sistema de Ensino em fascículos.

Preso em 1973, durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici, Nelson Campos foi julgado e absolvido no governo do general Ernesto Geisel, em 1974.

Após a entrevista, a estudante de jornalismo, Clara Jovino, fez um paralelo entre as duas épocas. Para ela, as pessoas, hoje, dispõem de muitos recursos que podem melhorar a atual situação do país, mas não fazem muita coisa. “Com o depoimento do professor Nelson, vimos que as pessoas daquele período, mesmo sem muitos meios, faziam o possível para tentar melhorar o Brasil”. A entrevista com Nelson Campos foi gravada e, após edição, será disponibilizada no portal Quinto Andar.

Beatriz Rocha

5° semestre

 

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