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Copa do Mundo: Evento evidencia que futebol cativa pessoas

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A Copa do Mundo de 2022 acontece no Catar e teve seu início em 20 de novembro. Um dos destaques são as chamadas “zebras”

Foto: Logo da Copa do Mundo de 2022. (Fonte: Reprodução/Twitter @bandesporteclub)

2022 é ano de Copa do Mundo e, dessa vez, acontece no Catar. O evento teve início em 20 de novembro com o estádio Al Bayt  sendo palco da tradicional cerimônia de abertura do Mundial, pouco antes do duelo entre Catar e Equador, iniciafo às 13h. Em partida de poucas emoções, sendo considerada por muitos torcedores e comentaristas como umas das piores até o momento na competição, a seleção do Equador venceu o Catar por 2 x 0. 

Já a seleção brasileira, que chegou ao Catar cheia de expectativas por parte dos seus torcedores, estreou com vitória de 2 x 0 sobre a seleção da Sérvia, que terminou a fase de grupos na última colocação, com apenas um ponto. Na segunda rodada, o Brasil venceu a Suíça por apenas 1x 0, gol de Casemiro, contudo foi uma partida extremamente equilibrada e difícil para a Seleção, tanto que o gol só foi marcado no final do segundo tempo. Na terceira e última rodada, contra Camarões, o técnico Tite optou por escalar o time reserva, e acabou sendo derrotado pelos africanos por 1 x 0. Apesar da derrota, a seleção brasileira terminou em primeiro do grupo, com seis pontos. 

Após o fim da fase de grupos, teve início o “mata mata”, e, dessa vez, o adversário do Brasil seria a seleção da Coreia do Sul. Não se tem muito o que comentar a respeito da partida, a Seleção foi extremamente superior aos asiáticos, vencendo a partida por 4 x 1, com os 4 gols sendo marcados nos primeiros 35 minutos do jogo, praticamente “liquidando a fatura” na primeira etapa. 

E com o favoritismo e os bons resultados da seleção brasileira reacendem os sentimento de euforia e animação que consomem as pessoas em época de Copa do Mundo. No Brasil, mesmo aqueles que não admiram o esporte, param para ver o Brasil jogar nos períodos de Copa. Familiares, amigos, conhecidos, pessoas de todas as classes sociais, se unem numa corrente de fé e emoção.

O mundial gera também um outro sentimento extremamente importante para toda grande competição, a incerteza, o imprevisível. As chamadas “zebras”. Como se diz no mundo do futebol, são aqueles times ou seleções que, de modo geral, os torcedores não criam muita expectativa em cima, mas acabam surpreendendo na competição, e elas tem “roubado” a atenção na competição. 

Marrocos é o maior exemplo de “zebra” desta Copa do Mundo do Catar. Na fase de grupos, os africanos caíram em um grupo com Bélgica, Croácia e Canadá, com os europeus sendo os favoritos a passarem para o “mata-mata”. Contudo, surpreendendo a muitos, Marrocos não só se classificou para a próxima fase, como também ficou em primeiro lugar do grupo, de forma invicta, com sete pontos. Nas oitavas de final, os africanos enfrentaram a forte Espanha, e eliminaram os europeus nos pênaltis, depois da prorrogação ter se encerrado com o placar de 0 x 0. 

No entanto, os marroquinos não foram os únicos a conseguirem bons resultados no mundial. Coreia do Sul e Japão são outras duas grandes “zebras” da Copa do Mundo do Catar. Apesar de já terem sido eliminados nas oitavas de final da competição.

Em um grupo com Portugal, Uruguai e Gana, a Coreia do Sul desbancou os sul-americanos bicampeões do mundo e ficou na segunda colocação do grupo H. E o Japão, que terminou em primeiro do grupo E, com 6 pontos, caiu no que, para muitos, era o “grupo da morte”, com Espanha, Alemanha e Costa Rica. Os asiáticos venceram os dois europeus de virada, com placar de 2 x 1 em ambos os jogos e perderam para os costa-riquenhos, por 1 x 0, também surpreendendo a todos. 

E essa é a Copa do Mundo, um torneio que consome as pessoas, cria um sentimento de união e pertencimento. Quem imaginaria assistir País de Gales e Irã as 7h da manhã no meio da semana? É justamente isso que a Copa do Mundo faz, até os pouco entusiastas do esporte se interessam por ver jogos de seleções pouco badaladas e midiáticas. E as “zebras”, como já citadas, só fazem o torneio ser mais apaixonante. Por mais que seja mais interessante ver as seleções mais poderosas chegando longe no torneio, as histórias de seleções que surpreendem num mundial, como é o caso de Marrocos nesta Copa do Catar, deixa o torneio mais belo e, em alguns momentos, até se assemelhando a um filme, com roteiros que muitos de nós nos familiarizamos.

Foto: La’eeb, mascote da Copa do Mundo do Catar. (Fonte: Reprodução/Twitter @fifaworldcup_pt)

Na pele do torcedor

Pessoas de todos os cantos do mundo se dirigiram ao Catar para torcer para sua seleção, e essas pessoas acompanham “in loco” tudo que sai a respeito desse evento. Mas quem não pôde viajar, acompanha os jogos através das mídias nacionais, ou até trabalhando.

Esse é o caso de Guilherme de Andrade Feitosa, aluno do 7º semestre de jornalismo do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7), que diz acompanhar os jogos da Copa do Mundo por conta de estar “trabalhando na cobertura da competição para o jornal”. Ele diz que a seleção brasileira tem lhe agradado na competição. Guilherme também aponta que é um time muito forte defensivamente e letal no ataque. “Por isso, consegue ser uma equipe equilibrada, que vai bem em todas as fases do jogo”, afirmou. 

Sobre expectativas, o universitário diz que são as melhores, “tendo em vista o quão preparado o time está. É o grande favorito ao título da competição”.

Já Luís Carlos Silva Batista, estudante do 5º semestre de Jornalismo,  diz que está acompanhando a Copa do Mundo, em especial a seleção brasileira. “Tenho feito uma pequena cobertura exclusiva da canarinho nas minhas redes sociais”, afirmou. Na medida do possível, ele diz que está atento a tudo que está acontecendo no mundial. Também afirma que trata-se de um evento importante e que é adorado pelas pessoas, “apesar dos absurdos impostos pelo Catar”. 

Para Luís o coletivo vem apresentando ótimo desempenho e que isso favorece o talento das individualidades. “Destaco o comprometimento dos atletas mais jovens como Vinícius Júnior e Richarlison, além da solidez do setor defensivo”, disse.

Ele também diz acreditar que o Brasil tem grandes chances de sair vencedor da competição.  Luís aponta que o elenco é forte e qualificado. “Serão jogos difíceis, mas temos um elenco forte e qualificado. Estou com o pressentimento que a taça ficará com o nosso continente”, disse. 

Guido Nobre, colega de curso de Guilherme e Luís, do 7º semestre, acompanha a Copa desde a abertura, perdendo pouquíssimos jogos. “Pra mim é o ápice do que este esporte pode proporcionar. Acho que até quem não gosta assim de futebol deveria dar uma chance ao mundial, por tudo o que este evento proporciona”, afirmou. 

Sobre a seleção brasileira, diz estar gostando bastante por, em sua opinião, ser um time qualificado e com os melhores jogadores. “Se for olhar peça por peça, praticamente todos são titulares nos melhores times do mundo e o Tite sabe bem como colocar cada um para dar o seu melhor em campo”, disse. Quanto à performance do Brasil, Guido dá destaque ao jogo contra a Coreia do Sul nas oitavas de final, onde o placar ficou 4 x 1 para o Brasil. 

Com relação à expectativa, Guido diz ser a melhor possível e, como torcedor da seleção, espera poder celebrar o Hexa em 18 de dezembro “Tenho certeza de que temos capacidade para levantar esta tão sonhada taça novamente”. 

Quando questionados sobre se têm um jogador favorito, tanto Guilherme como Guido citam Neymar. Guilherme afirma que o atleta foi o que mais marcou sua geração e, quando começou a assistir futebol, foi a mesma época em que o jogador estava em ascensão no Santos. Já Guido diz: “Ele que chega para a sua terceira Copa do Mundo, sendo claramente o melhor atleta do elenco e com a responsabilidade de ‘guiar’ os outros garotos do time rumo ao objetivo”. Além disso, acha que o time é muito melhor com ele e sente que é um roteiro de filme para uma história de superação e conquista ao final da Copa. 

Já para Luís Carlos, o preferido é o Messi (considerado o melhor de todos os tempos) e diz que seu apreço pelo esporte decorre da admiração que tem pelo argentino. 

Por fim, os três estudantes foram questionados sobre o por que de achar que o futebol cativa tantas pessoas, Guilherme afirma que o esporte, no Brasil, é algo muito cultural. “O primeiro presente de muitas crianças é uma bola de futebol. Então o esporte está presente na vida de todos desde a infância”, disse. E diz que seja uma forma de desviar as atenções dos problemas políticos e sociais do país, sendo uma válvula de escape. 

Para Luís, o povo fez do futebol uma paixão mundial e acredita que seja cativante porque desperta uma série de emoções, “porque tem a capacidade de unir as pessoas e tornou-se, ao longo dos anos, uma espécie de entretenimento obrigatório do cotidiano”. Ele também aponta que a publicidade fortaleceu a popularização e o sucesso de tal modalidade.

Guido, por sua vez, diz que futebol é algo que consegue unir pessoas de todo o mundo com apenas uma bola. “É inexplicável a capacidade que esse esporte tem de fazer todo mundo parar o que está fazendo para ver “22 pessoas atrás de uma bola”, como diria aquele indivíduo que não gosta de futebol. Um esporte que não vê cor, gênero, religião e muito menos o país de origem”, disse. Segundo o universitário, futebol é simplesmente apaixonante. 

O cativante futebol 

Para o publicitário e sociólogo, professor da UNI7, consultor de pesquisa e pesquisador para design de produtos para a Vale na Ernst & Young (consultor sênior da Ernst & Young), sócio do laboratório de pesquisa no Ceará Ernest Manheim e cronista do jornal “Nosso Meio” (tem uma coluna chamada “Nosso UX”),  Fernando Nobre Cavalcante, o futebol, de modo geral, deve ser visto como uma experiência de vida, que se constrói no desenvolvimento da pessoa, no se entender como ser-humano, “desde o momento que nasce e começa a ver manifestações midiáticas,  essas experiências de vida se constroem de forma muito distinta, de geração para geração. A forma como meu avô via o futebol vai ser completamente diferente da forma que meus filhos irão ver o futebol”. 

O professor afirma que o futebol deve ser visto como uma vivência do cotidiano, que ocorre na rua, nas esquinas, em casa e também pela mídia da construção de vínculos. 

Fernando, inclusive, diz que esse esporte cativa as pessoas porque retrata a experiência de vida e, mais do que isso, se constitui na vivência da construção desses vínculos.

Segundo o professor e sociólogo, a Copa une as pessoas mas não pode ser vista apenas como elemento de unificação. “Eu vou assistir ao jogo com meus amigos que torcem pelo Ceará, eu sou Ceará porque não sou Fortaleza. Então é um processo de exclusão, um processo de fortalecimento de vínculos. Eu não faço parte daquele outro grupo, eu não me associo com aquele outro grupo. Fortalece vínculos mas ao mesmo tempo separa e delimita, e exclui, as fachadas, os papéis sociais em si”, exemplificou. 

Ele, inclusive, diz que vê nisso potencial de consumo das marcas, “nessa identificação de ser grupo que eu também passo a competir. Eu não só admiro a competição esportiva”, disse.

Quando questionado sobre o que significa para o povo brasileiro o que o Brasil está fazendo na Copa, o sociólogo diz: “Eu acho que significa, mais do que nunca, a elevação de uma marca Brasil, de uma marca de uma nação. Além das questões nostálgicas, onde eu relembro do passado, onde eu era criança, ou que eu assistia ao jogo no meu bairro, além dessas minhas vivências em si, eu também acabo me tornando um consumidor específico sobre aquela matéria”. Inclusive, ele diz que nesse momento está “construindo heróis e a mídia tem muito esse papel, da construção desses heróis, os meus heróis esportivos”. Sobre esse assunto, Fernando Nobre diz que a pessoa vê seu herói esportivo e acaba por se identificar com ele. “E quando eu vejo esses heróis, os admiro, mas eu também os quero, eu também quero ser eles, quero também estar com eles nesse ato, por isso que eu me identifico com eles, no sentido de eu estou sabendo o que está acontecendo”, concluiu. 

Violência nos estádios de futebol

Apesar de todas as características positivas apontadas, existe também um lado negativo nisso tudo. Segundo o “R7 Esportes”,em reportagem publicada em março de 2022, o futebol brasileiro registrou cerca de 15 casos de violência só no início do ano, com ônibus atacados, invasões de campo e brigas entre torcedores dentro e fora dos estádios. Um episódio a cada quatro dias. Conforme a matéria, as cenas de violência fizeram com que Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, e o atacante Willian, do Corinthians, se posicionassem cobrando medidas das autoridades. 

Fernando Nobre afirma que, particularmente, entende essa violência a partir da quebra de unidade, desse quadro que une. “Se acontecesse algum fato dissonante, aquilo seria o rompimento do quadro. Imagina que tá lá o jogo do Brasil e eu vou torcer para o time adversário, a unidade toda se constrói a partir de uma identificação de uma matéria, todos nós somos brasileiros aí, nossa identidade é ser brasileiro. Se eu torço para o outro time naquele momento, eu vou estar quebrando aquele quadro, eu não vou ser visto como igual”, disse.

Para Lucas Vieira, mestrando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e UX Research no Will Bank, a violência em estádios e comportamentos agressivos em grupos são tendências coletivas muito mais fortes do que tendências individuais.

Vieira, usando as eleições como exemplo, diz: “Quando indivíduos tomados por uma crença, por uma convicção estão em grupo e identificam um ‘corpo invasor’ ou alguém que considerem uma ameaça para aquele grupo, qualificam o outro como eliminável. Isto não significa que toda coletividade faça isso”. Ele afirma que a tendência é que, quando as emoções estão mais afloradas dentro de um contexto de disputa (seja esportiva ou política), as coletividades representadas entrem em um conflito e “aí a violência física se torna uma das expressões de embate. Mas ela me parece muito mais o estopim do que a primeira face que se apresenta”. Luca Vieira afirma que, para chegar à violência física, alguns estímulos são necessários para “alimentar” esta ideia. 

Por fim, segundo o mestrando em Sociologia, tantos em debates políticos como esportivos, “é possível identificar que palavras de ordem (em estádios ou carreatas), publicações em redes sociais e outras expressões de provocações são alimentadas até que chegue no ato de violência física”. 

Quando vai ser o fim da Copa do Mundo

O evento está chegando ao fim. A grande final vai ser disputada no dia 18 de dezembro, um domingo, às 12h (horário de Brasília). O jogo vai acontecer no Estádio Nacional de Lusail, localizada na cidade de mesmo nome. 

De acordo com o site “Lance!”, esta é a primeira vez na história que a Copa do Mundo é disputada em novembro, tradicionalmente ocorre no meio do ano. O site mostra que a medida foi tomada devido às altas temperaturas no verão no Catar nos meses de junho e julho (que chega a atingir os 44° C). 

Além disso, o Estádio Lusail é o maior da Copa do Mundo. Sua capacidade é para 88 mil pessoas.

Texto: Bernardo Barros e Felipe Justa. (Jornalismo / UNI7)

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