COBERTURA DE GUERRA: Jornalista diz que a profissão exige riscos
O jornalista Klester Cavalcanti, autor do livro-reportagem “Dias de Inferno na Síria”, relata experiência em cobertura de guerra e destaca a arriscada rotina de um repórter de rua
Preso, censurado e torturado na Síria ao ser enviado pela revista IstoÉ para cobrir a guerra civil no país, o jornalista pernambucano Klester Cavalcanti conserva histórias surpreendentes que prenderam o fôlego de muitos que estiveram na plateia do Teatro Nila Gomes de Soárez na noite desta quarta-feira, 2 de abril. O bate-papo com o profissional estreou o Jornalismo em Contexto deste ano e fez parte das comemorações dos 10 anos dos cursos de Comunicação Social da Faculdade 7 de Setembro (Fa7).
Apesar de ter provocado variadas interjeições aterrorizadas e vacilantes no público, como no momento em que relatou ter sido pego por militares e sentido o cano de um fuzil na cabeça, Klester Cavalcanti esclareceu que sempre se sentiu motivado a correr riscos e que, caso tivesse morrido durante a cobertura da guerra na Síria, teria partido feliz e em paz consigo mesmo, por estar fazendo algo que sempre quis. “Sabe, tudo se resume a isso: contar grandes histórias”, comentou o jornalista.
Para o profissional, que, antes de cursar jornalismo, formou-se em engenharia mecânica, as pessoas devem fazer aquilo que gostam da melhor maneira possível para que o trabalho tenha qualidade e seja algo prazeroso. De acordo com Klester, no exercício jornalístico, por exemplo, os repórteres devem ser engajados, comprometidos e éticos. Além disso, segundo o jornalista, estar sempre preparado para correr riscos é fundamental para a profissão. “O nosso trabalho é esse. Temos que correr riscos para contar grandes histórias”, afirmou.
Sobre o livro “Dias de Inferno na Síria”
Com apenas um contato na cidade de Homs (a oeste da Síria), que o ajudaria a construir sua reportagem especial sobre os conflitos civis no país para a revista IstoÉ, o jornalista Klester Cavalcanti passou por diferentes barreiras antes de conseguir concluir seu trabalho.
Preso por seis dias pelas tropas do governo e encarcerado com outros 20 detentos, Klester conheceu de perto a realidade da guerra e pôde registrar, em 296 páginas, um pouco dos efeitos do conflito no país.
Fã de carteirinha
Guilherme Paiva, estudante de jornalismo da Fa7, leu o livro “Dias de Inferno na Síria” há cerca de um ano. “Por gostar bastante de livro-reportagem e acompanhar o burburinho que essa obra gerou, comprei [o livro]. Não demorou muito para que eu estivesse completamente imerso naquela atmosfera agonizante de guerra”, conta o universitário.
Para Guilherme, o que fisgou sua atenção foi o estilo da narrativa de Klester: “A forma humanizada como descreve com minúcia a realidade da guerra. O modo como ele descreve os dias em que esteve, de fato, preso, e os laços genuínos que construiu nessa condição são inspiradores”.
O estudante comenta, ainda, que o jornalista é muito acessível e fez-se presente em todas as vezes que ele entrou em contato para falar sobre o livro.
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